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sábado, 16 de dezembro de 2017

NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA




NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA
Texto do um professor da UNB - Perci Coelho de Sousa

Não há cadeia suficiente para Lula, não há construção erigida que suporte tamanha pena, que dê conta de tanto pecado. Haja grades de ferro e de aço que sejam capazes de segurar, de reter e de trancafiar tanta coisa numa só, tanta gente num só homem. Não há cadeia no mundo que seja capaz de prender a esperança, que seja capaz de calar a voz.

Porque, na cadeia de Lula, não cabe a diversidade cultural
Não cabe, na cadeia de Lula, a fome dos 40 milhões
Que antes não tinham o que comer
Não cabe a transposição do São Francisco
Que vai desaguar no sertão, encharcar a caatinga
Levar água, com quinhentos anos de atraso,
Para o povo do nordeste, o mais sofrido da nação.
Pela primeira vez na história desse país.
Pra colocar Lula na cadeia, terão que colocar também
O sorriso do menino pobre
A dignidade do povo pobre e trabalhador
E a esperança da vida que melhorou.
Ainda vai faltar lugar
Para colocar tanta Universidade
E para as centenas de Escolas Federais
Que o ‘analfabeto’ Lula inventou de inventar
Não cabem na cadeia de Lula
Os estudantes pobres das periferias
Que passaram no Enem
Nem o filho de pedreiro que virou doutor.
Não tem lugar, na cadeia de Lula,
Para os milhões de empregos criados,
(e agora sabotados)
Nem para os programas de inclusão social
Atacados por aqueles que falam em Deus
E jogam pedras na cruz.
Não cabe na cadeia de Lula
O preconceito de quem não gosta de pobre
O racismo de quem não gosta de negro
A estupidez de quem odeia gays
Índios, minorias e os movimentos sociais.
Não pode caber numa cela qualquer
A justiça social, a duras penas, conquistada.
E se mesmo assim quiserem prender
– querer é Poder (judiciário?),
Coloquem junto na cadeia:
A falta d’água de São Paulo,
E a lama de Mariana (da Vale privatizada)
O patrimônio dilapidado.
E o estado desmontado de outrora
Os 300 picaretas do Congresso
E os criadores de boatos
Pela falta de decência
E a desfaçatez de caluniar.
Pra prender o Lula tem que voltar a trancafiar o Brasil.

O complexo de vira-latas também não cabe.
Nem as panelas das sacadas de luxo
O descaso com a vida dos outros
A indiferença e falta de compaixão
A mortalidade infantil
Ou ainda (que ficou lá atrás)
Os cadáveres da fome do Brasil.
Haja delação premiada
Pra prender tanta gente de bem.
Que fura fila e transpassa pela direita
(sim, pela direita)
Do patrão da empregada, que não assina a carteira
Do que reclama do imposto que sonega
Ou que bate o ponto e vai embora.
Como poderá caber Lula na cadeia,
Se pobre não cabe em avião?
Quem só devia comer feijão
Em vez de carne, arroz, requeijão
Muito menos comprar carro,
Geladeira, fogão – Quem diz?
Que não pode andar de cabeça erguida
Depois de séculos de vida sofrida?
O prestígio mundial e o reconhecimento
Teriam que ir junto pra prisão
Afinal, (Ele é o cara!)

Os avanços conquistados não cabem também.
Querem por Lula na cadeia infecta, escura
A mesma que prendeu escravos,
‘Mulheres negras, magras crianças’
E miseráveis homens – fortes e bravos
O povo d’África arrastado
E que hoje faz a riqueza do Brasil.
Lula já foi preso, ele sabe o que é prisão.
Trancafiado nos porões da ditadura
Aquela que matou tanta gente,
Que tirou nossa liberdade
A mesma ditadura que prendeu, torturou.
Quem hoje grita nas ruas
Não gritaria nos anos de chumbo
Na democracia são valentes
Mas cordatos, calados, covardes
Quando o estado mata, bate e deforma.
Luis Inácio já foi preso,
Também Pepe Mujica e Nelson Mandela.
Quem hoje bate palmas, chora e homenageia,
Já foi omisso, saiu de lado e fez que não viu.
Não vão prender Lula de novo
Porque na cadeia não cabe
Podem odiar o operário
O pobre coitado iletrado
Que saiu de Pernambuco
Fugiu da seca e da fome
Pra conquistar o Brasil
E melhorar a vida da gente
Mas não há
Nesse mundão de meu Deus
Uma viva alma que diga
Que alguém tenha feito mais pelo povo
Do que Lula fez no Brasil.
“Não dá pra parar um rio
quando ele corre pro mar.
Não dá pra calar um Brasil,
quando ele quer cantar.”
Lula lá!



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

E SE A DIREITA VENCER?


Por Carlos D'Incao

E se a direita vencer todos os pleitos eleitorais de 2018? E se ela conseguisse colocar Lula na cadeia e criminalizasse o PT e todos os partidos de esquerda? Não é esse o sonho do mercado e da elite tupiniquim?

Pois então, façamos um pequeno passeio pelo sonho do mercado e das elites que comandam hoje o país e vejamos o que ele teria para oferecer ao povo brasileiro…

Em primeiro lugar, teríamos uma radical reforma previdenciária para “modernizar” o país. Afinal, o que são - para a direita - aqueles que não conseguem os benefícios da aposentadoria privada? São vagabundos que não tiveram o mérito de poupar dinheiro ou ex-parasitas oriundos do funcionalismo público e que mamavam nas tetas do Estado...

Os direitos trabalhistas virariam uma miragem e apenas a livre negociação reinaria. “Nada mais justo”, pensariam os liberais seguidores de Dória e companhia. Sindicatos, considerados um insulto ao espírito empreendedor, morreriam de inanição.

E assim iniciaríamos o país onde os justos patrões dão o justo salário aos bons trabalhadores.

Serviço público? Para que e para quem? Para que ter saúde pública se a privada é melhor? Teríamos o fim da “injustiça” de se cobrar impostos daqueles que cuidam de sua saúde em benefício dos ignóbeis que se estropiam devido aos vícios e maus hábitos...

E a mesma lógica seria aplicada para a educação, para o transporte e para qualquer outra coisa que hoje é pública e que a direita deseja colocar nas mãos do mercado privado…

Aqueles que querem estudar, que paguem. Aqueles que querem mais conforto, que poupe dinheiro para comprar um carro. E aqueles que não tem dinheiro, que trabalhem mais!

Afinal, para a elite o pobre só é pobre porque é pobre de espírito. É porco, é vagabundo, é sujo, é irresponsável, é ignorante, é devasso, é bebum… Sua família é um bando... uma verdadeira “ninhada” fruto da irresponsabilidade sexual de pais e mães que se reproduzem como os bichos…

Se a direita ganhasse, teríamos finalmente um país sem aquilo que a elite mais detesta nesse mundo - o povo brasileiro.

Que se encerrem as cotas que beneficiam apenas a escória! Que se acabe com a bolsa família que estimula a vagabundagem! E o que é esse programa “Minha Casa, Minha Vida”  senão um grande cortiço, dado praticamente de graça, para essa gente feia e pequena?

O Brasil seria finalmente uma “casa limpa e arrumada”. A ordem e a moral acabariam com a “devassidão esquerdista”. “Cura gay para homossexuais!” “Censura para tudo o que é indecente!” “Paulada nos insatisfeitos!” “Fogueira para os criminosos!”

Pois é… a direita é sobretudo o ódio que se alimenta de seu próprio ódio…

E de onde vem tanto ódio?

Vem de longe... Vejamos...

Caso singular na História, a elite brasileira é a única que se envergonha de seu país e tem ódio do seu próprio povo.

Sempre foi assim…

Até o século XVIII, as elites se envergonhavam de sua origem negra e indígena. Seu sonho era voltar para Portugal… Mas em Portugal eram consideradas mestiças e desterradas… em Lisboa eram vistas como "dejetos endinheirados"…

E por isso eram cuspidas de volta para o Brasil…

Aqui possuíam suas terras e tiravam sua renda. Para além disso, aqui podiam expurgar sua frustração de serem rejeitadas na metrópole… Tinham a mão pesada com os negros e os índios. E dessa violência uma multidão de mulheres negras e indígenas pariu uma nação de filhos bastardos, indesejados e desvalidos.

Por isso, a negação da brasilidade das elites é mais que um gesto de anti-patriotismo, é uma negação de paternidade… Uma tentativa de se eximir das responsabilidades dos filhos que elas mesmos geraram, fora do casamento, “na cozinha”, “no mato”, “no cabaré”, quase sempre pelo uso da força…

No século XIX, a elite brasileira quis se tornar francesa… E isso durou até o início da República… Trazia pesados casacos do rigoroso inverno europeu para exibí-los no verão carioca…

E ainda naquele século, promoveram a primeira grande tentativa de exterminar com a nossa brasilidade, dando generosos incentivos para os europeus trabalharem e conseguirem terras no país.

A nossa grande onda imigratória foi o reverso daquela ocorrida nos EUA. Ali os imigrantes receberam cidadania com a contrapartida de lutarem contra a escravidão e pela unificação de um país dividido pela guerra civil.

Aqui os imigrantes receberam a cidadania para consolidar a exclusão social da maioria dos trabalhadores brasileiros (ex- escravos negros) e dividir o país entre os “civilizados” europeus e os “incorrigíveis” brasileiros…

E por fim chegamos nos dias atuais quando a nossa elite brasileira sonha em virar norte-americana… Continua se rebaixando a um país estrangeiro em detrimento do seu próprio país, como sempre fez...

Não se importa em ficar - feito gado - horas a fio numa imensa fila para tirar um “visto” de turista para visitar a Disneylândia… E já no aeroporto descobre que não é bem vinda… pois é latina americana…

Novamente ela é cuspida de volta para o Brasil… E aos prantos se despede do Mickey e do Pateta… Entra raivosa na nossa pátria, lamentando ser brasileira...

Ela sempre quis ser de outro país, mas nunca se esforçou em criar um país melhor…

Pois a rigor, nossa elite nunca teve um plano de governo, um plano de país...  apenas se limitou a ter um plano para a sua família. E o plano sempre foi deixar o país...

Na impossibilidade de deixá-lo, quer vendê-lo barato para os estrangeiros (preferencialmente os norte-americanos). Talvez tenha a ilusão burlesca de que possa vir a ganhar a cidadania americana, se leiloar todas as nossas riquezas…

E essa elite se representa por uma direita que quer exterminar - com todas as forças - um povo que, de secular tradição, ela sempre detestou.

Por isso a vitória da direita é a derrota do povo brasileiro. Por isso o nosso judiciário precisa tratar as lideranças da esquerda como bandidos... Como gente imprestável… Uma gente que ousou um dia tentar vangloriar o Brasil com o slogan, “Sou brasileiro, não desisto nunca!”.

Sim. O Brasil viveu uma época singular em que o povo tentou se olhar com um pouco mais de dignidade e amor próprio. E essa felicidade tinha que ser violentada por uma elite que quer provar que somos os piores em tudo. Que precisa mostrar a todos nós que não há no mundo um povo tão corrupto e imprestável.

Obviamente que o ódio é semeado também para que a miséria imposta ao povo seja considerada justa. O sistema político e o poder judiciário estão nas mãos da direita para criar um verdadeiro estado de terra arrasada. Querem matar qualquer esperança de cada brasileiro de um dia viver em um país melhor, pois isso é inconcebível para a elite brasileira.

E qual seria o fim disso? Simples: o fim do próprio Brasil. A vitória da direita é, em síntese, a decretação de nossa fragmentação territorial, a total perda de nossa soberania e a instauração da barbárie a níveis estratosféricos.

Ela vence, o país acaba.

Por isso é importante alertar que uma batalha decisiva está por vir em 2018. Com Lula ou sem Lula, é preciso defender - nas urnas e nas ruas - o Brasil do perigo de seu próprio extermínio.

A direita tem apenas o ódio. Mas o ódio ganha votos até certo ponto. Pois o povo não consegue compartilhar um ódio tão grande, com raízes tão profundas e contra ele próprio...

Por isso, com medo de que o povo a rejeite novamente nas urnas, a direita quer liquidar com a democracia e com o presidencialismo no Brasil antes de 2018…

Saber o que está em jogo é a condição fundamental para vencê-lo. E cabe a cada um de nós, que estamos do lado do Brasil, lutarmos contra as hordas da direita, financiada por uma elite que odeia o nosso país, mais do que qualquer estrangeiro.

Não podemos duvidar, enfim, que a solução para o Brasil está e surgirá das mãos do seu próprio povo. Por mais que o concreto de ódio das elites tente sufocar toda uma nação, sempre teremos a força para vencê-lo.

Como já disse um dia nosso maior poeta, “Mas eis que o labirinto - razão e mistério - presto se desata: Em verde, sozinha, anti-euclidiana, uma orquídea forma-se.” E ela nasce... vencendo o ódio, o medo e o concreto...



terça-feira, 7 de novembro de 2017

Trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção?



Discurso  histórico  do Senador  Roberto Requião.

Lava Jato, trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção?

 O juiz Sérgio Moro sabe; o procurador Deltan Dallagnol tem plena ciência. Fui, neste plenário, o primeiro senador a apoiar e a conclamar o apoio à Operação Lava Jato. Assim como fui o primeiro a fazer reparos aos seus equívocos e excessos.

           Mas, sobretudo, desde o início, apontei a falta de compromisso da Operação, de seus principais operadores, com o país.  Dizia que o combate à corrupção descolado da realidade dos fatos da política e da economia do país era inútil e enganoso.

             E por que a Lava Jato se apartou, distanciou-se dos fatos da política e da economia do Brasil?

            Porque a Lava Jato acabou presa, imobilizada por sua própria obsessão; obsessão que toldou, empanou os olhos e a compreensão dos heróis da operação ao ponto de eles não despertarem e nem reagirem à pilhagem criminosa, desavergonhada do país.

            Querem um exemplo assombroso, sinistro dessa fuga da realidade?

             Nunca aconteceu na história do Brasil de um presidente ser denunciado por corrupção durante o exercício do mandato. Não apenas ele. Todo o entorno foi indigitado e denunciado. Mas nunca um presidente da República desbaratou o patrimônio nacional de forma tão açodada, irresponsável e suspeita, como essa Presidência denunciada por corrupção.

             Vejam. Só no último o leilão do petróleo, esse governo de denunciado como corrupto, abriu mão de um trilhão de reais de receitas.

           Um trilhão, Moro!
           Um trilhão, Dallagnoll!
           Um trilhão, Polícia Federal!
           Um trilhão, PGR!
           Um trilhão, Supremo, STJ, Tribunais Federais, Conselhos do Ministério Público e da Justiça.
            Um trilhão, brava gente da OAB!

            Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos.  Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis.

          Nada! Absolutamente nada!

          Foi um a doação escandalosa. Uma negociata impudica.
         
          Abrimos mão de dinheiro suficiente para cobrir todos os alegados déficits orçamentários, todos os rombos nas tais contas públicas.

          Abrimos mão do dinheiro essencial, vital para a previdência, a saúde, a educação, a segurança, a habitação e o saneamento, as estradas, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, para os próximos anos.

            Mas suas excelentíssimas excelências acima citadas não estão nem aí. Por que, entendem, não vem ao caso…

            Na década de 80, quando as montadoras de automóveis, depois de saturados os mercados do Ocidente desenvolvido, voltaram os olhos para o Sul do mundo, os governantes da América Latina, da África, da Ásia entraram em guerra para ver quem fazia mais concessões, quem dava mais vantagens para “atrair” as fábricas de automóveis.

            Lester Turow, um dos papas da globalização, vendo aquele espetáculo deprimente de presidentes, governadores, prefeitos a oferecer até suas progenitoras para atrair uma montadora de automóvel, censurou-os, chamando-os de ignorantes por desperdiçarem o suado dinheiro dos impostos de seus concidadãos para premiarem empresas biliardárias.

           Turow dizia o seguinte: qualquer primeiroanista de economia, minimamente dotado, que examinasse um mapa do mundo, veria que a alternativa para as montadoras se expandirem e sobreviverem estava no Sul do Planeta Terra. Logo, elas não precisavam de qualquer incentivo para se instalarem na América Latina, Ásia ou África. Forçosamente viriam para cá.

           No entanto, governantes estúpidos, bocós, provincianos, além de corruptos e gananciosos deram às montadoras mundos e fundos.

            Conto aqui uma experiência pessoal: eu era governador do Paraná e a fábrica de colheitadeiras New Holland, do Grupo Fiat, pretendia instalar-se no Brasil, que vivia à época o boom da produção de grãos.

             A Fiat balançava entre se instalar no Paraná ou Minas Gerais. Recebo no palácio um dirigente da fábrica italiana, que vai logo fazendo numerosas exigências para montar a fábrica em meu estado. Queria tudo: isenções de impostos, terreno, infraestrutura, berço especial no porto de Paranaguá, e mais algumas benesses.

              Como resposta, pedi ao meu chefe de gabinete uma ligação para o então governador de Minas Gerais, o Hélio Garcia. Feito o contanto, cumprimento o governador: “Parabéns, Hélio, você acaba de ganhar a fábrica da New Holland”. Ele fica intrigado e me pergunta o que havia acontecido.

                    Explico a ele que o Paraná não aceitava nenhuma das exigências da Fiat para atrair a fábrica, e já que Minas aceitava, a fábrica iria para lá.

              O diretor da Fiat ficou pasmo e se retirou. Dias depois, ele reaparece e comunica que a New Holland iria se instalar no Paraná.

               Por que?

               Pela obviedade dos fatos: o Paraná à época, era o maior produtor de grãos do Brasil e, logo, o maior consumidor de colheitadeiras do país; a fábrica ficaria a apenas cem quilômetros do porto de Paranaguá; tínhamos mão-de-obra altamente especializada e assim por diante.

               Enfim, o grande incentivo que o Paraná oferecia era o mercado.

               O que me inspirou trucar a Fiat? O conselho de Lester Turow e o exemplo de meu antecessor no governo, que atraiu a Renault, a Wolks e a Chrysler a peso de ouro e às custas dos salários dos metalúrgicos paranaenses, pois o governador de então chegou até mesmo negociar os vencimentos dos operários, fixando-os a uma fração do que recebiam os trabalhadores paulistas.

      Mundos e fundos, e um retorno pífio.

               Pois bem, voltemos aos dias de hoje, retornemos à história, que agora se reproduz como um pastelão.

                O pré-sal, pelos custos de sua extração, coisa de sete dólares o barril, é moranguinho com nata,, uma mamata só!

                A extração do óleo xisto, nos Estados Unidos, o shale oil , chegou a custar até 50 dólares o barril;
o petróleo extraído pelos canadenses das areias betuminosas sai por 20 a 30 dólares o barril; as petrolíferas, as mesmas que vieram aqui tomar o nosso pré-sal, fecharam vários projetos de extração de petróleo no Alasca porque os  custos ultrapassavam os 40 dólares o barril.

                Quer dizer: como no caso das montadoras, era natural, favas contadas que as petrolíferas enxameassem, como abelhas no mel, o pré-sal. Com esse custo, quem não seria atraído?

                 Por que então, imbecis, por que então, entreguistas de uma figa, oferecer mais vantagens ainda que a já enorme, incomparável e indisputável vantagem do custo da extração?

                 Mais um dado, senhoras e senhores da Lava Jato, atrizes e atores daquele malfadado filme: vocês sabem quanto o governo arrecadou com o último leilão?  Arrecadou o correspondente a um centavo de real por litro leiloado.

           Um centavo, Moro!
           Um centavo, Dallagnoll!
           Um centavo, Carmem Lúcia!
           Um centavo, Raquel Dodge!
           Um centavo, ínclitos delegados da Policia Federal!

            Esse governo de meliantes faz isso e vocês fazem cara de paisagem, viram o rosto para o outro lado.

            Já sei, uma das razões para essa omissão indecente certamente é, foi e haverá de ser a opinião da mídia.

            Com toda a mídia comercial, monopolizada por seis famílias, todas a favor desse leilão rapinante, como os senhores e as senhoras iriam falar qualquer coisa, não é?

              Não pegava bem contrariar a imprensa amiga, não é, lavajatinos?
                             
              Renovo a pergunta: desbaratar o suado dinheiro que é esfolado dos brasileiros via impostos e dar isenção às empresas mais ricas do planeta é um ou não é corrupção?

              Entregar o preciosíssimo pré-sal, o nosso passaporte para romper com o subdesenvolvimento, é ou não é suprema, absoluta, imperdoável corrupção?

              É ou não uma corrupção inominável reduzir o salário mínimo e isentar as petroleiras?

               Será, juízes, procuradores, policiais federais, defensores públicos, será que as senhoras e os senhores são tão limitados, tão fronteiriços, tão pouco dotados de perspicácia e patriotismo ao ponto de engolirem essa roubalheira toda sem piscar?

                Bom, eu não acredito, como alguns chegam a acusar, que os senhores e as senhoras são quintas-colunas, agentes estrangeiros, calabares, joaquins silvérios ou, então, cabos anselmos.

                 Não, não acredito.

                 Não acredito, mas a passividade das senhoras e dos senhores diante da destruição da soberania nacional, diante da submissão do Brasil às transnacionais, diante da liquidação dos direitos trabalhistas e sociais, diante da reintrodução da escravatura no país….  essa passividade incomoda e desperta desconfianças, levanta suspeitas.

                Pergunto, renovo a pergunta: como pode um país ser comandado por uma quadrilha, clara e explicitamente uma quadrilha, e tudo continuar como se nada estivesse acontecendo?

                Responda, Moro.
                Responda, Dallagnoll.
                Responda, Carmem Lúcia.
                Responda, Raquel Dodge.

                Respondam, oh, ínclitos e severos ministros do Tribunal de Contas da União que ajudaram a derrubar uma presidente honesta.

                 Respondam, oh guardiões da moral, da ética, da honestidade, dos bons costumes, da família, da propriedade e da civilização cristã ocidental.

                         Respondam porque denunciaram, mandaram prender, processaram e condenaram tantos lobistas, corruptores de parlamentares e de dirigentes de estatais, mas pouco se dão se, por exemplo, lobistas da Shell, da Exxon e de outras petroleiras estrangeiras circulem pelo Congresso obscenamente, a pressionar, a constranger parlamentares em defesa da entrega do pré-sal, e do desmantelamento indústria nacional do óleo e do gás?

                   Eu vi, senhoras e senhores. Eu vi com que liberdade e desfaçatez o lobista da Shell, semanas atrás, buscava angarias votos para aprovar a maldita, indecorosa MP franqueando todo o setor industrial nacional do petróleo à predação das multinacionais.

                   Já sei, já sei…. isso não vem, ao caso.

                   Fico cá pensando o que esses rapazes e essas moças, brilhantíssimos campeões de concursos públicos, fico pensando…..o que eles e elas conhecem de economia, da história e dos impasses históricos do desenvolvimento brasileiro?

                   Será que eles são tão tapados ao ponto de não saberem que sem energia, sem indústria, sem mercado consumidor, sem sistema financeiro público, para alavancar a economia,  sem infraestrutura não há futuro para qualquer país que seja? Esses são os ativos imprescindíveis para o desenvolvimento, para a remissão do atraso, para o bem-estar social e para a paz social.

Sem esses ativos, vamos nos escorar no quê? Na produção e exportação de commodities? Ora…

                 Mas, os nossos bravos e bravas lavajatinos não consideram o desbaratamento dos ativos nacionais uma forma de corrupção.

                  Senhoras, senhores, estamos falando da venda subfaturada –ou melhor, da doação- do país todo! Todo!

                  E quem o vende?

                  Um governo atolado, completamente submerso na corrupção.

                   E para que vende?

                   Para comprar parlamentares e assim escapar de ser julgado por corrupção.

                   Depois de jogar o petróleo pela janela, preparando assim o terreno para a nossa perpetuação no subdesenvolvimento, o governo aproveita a distração de um feriado prolongado e coloca em hasta pública o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, a Petrobrás e que mais seja de estatal.

                    Ladrões de dinheiro público vendendo o patrimônio público.

                     Pode isso, Moro?
                     Pode isso, Dallagnoll?
                     Pode isso, Carmem Lúcia?
                     Pode isso, Raquel Dodge?
                     Ou devo perguntar para o Arnaldo?

                     À véspera do leilão do pré-sal, semana passada, tive a esperança de que algum juiz intrépido ou algum procurador audacioso, iluminados pelos feéricos, espetaculosos exemplos da Lava Jato, impedissem esse supremo ato de corrupção praticado por um governo corrupto.

                    Mas, como isso não vinha ao caso, nada tinha com os pedalinhos, o tríplex, as palestras, o aluguel do apartamento, nenhum juiz, nenhum procurador, nenhum delegado da polícia federal, e nem aquele rapaz do TCU, tão rigoroso com a presidente Dilma, ninguém enfim, se lixou para o esbulho.

                  Ah, sim, não estava também no power point….
                  É com desencanto e o mais profundo desânimo que pergunto:  por que Deus está sendo tão duro assim com o nosso Brasil?


Link para o vídeo:

https://youtu.be/fW9f9TxbNgE


*Roberto Requião é senador da República no segundo mandato. Foi governador de estado por 3 mandatos, 12 anos, prefeito de Curitiba, secretário de estado, deputado, industrial, agricultor, oficial do exército brasileiro e advogado de movimento sociais. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação.



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