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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Lula em liberdade é a maior liderança política do Brasil


Sociólogo Marcos Coimbra aborda a discussão a respeito da libertação de Lula, que para ele “tem duas premissas: a primeira é o tamanho e a qualidade da imagem do ex-presidente. E a segunda é relativa ao Partido dos Trabalhadores”



Lula fora da prisão é ter no jogo o maior líder popular e o principal dirigente do maior partido. Quem acha isso pouco espere para verescreve Coimbra. Leia:

A discussão a respeito da libertação de Lula tem de considerar duas premissas. Muita gente parece se esquecer de ambas, mas é preciso sempre lembrá-las. A primeira é o tamanho e a qualidade da imagem do ex-presidente. Sem nenhum exagero, é o político brasileiro mais admirado e querido de todos os tempos. 
Não há quem se compare a ele, nem no passado antigo, no Império ou na República até 1964, nem no Brasil pós-ditadura. Getulio Vargas foi em parte absolvido dos pecados do Estado Novo pelo segundo governo, mas eles permaneceram. Juscelino Kubitschek foi estimado, mas não recebeu o mesmo carinho da gente humilde. 
Depois de Tancredo Neves, só decepções. De um fracasso a outro, a população viu a todos com otimismo no início e frustração no fim. Foi assim com José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Michel Temer, cada um por seus motivos, cada um com suas culpas.
Quem apostar que será assim com o ex-capitão Bolsonaro vai ganhar dinheiro. Menos com Lula. Hoje, quase dois em cada três entrevistados nas pesquisas o consideram o melhor presidente da história, com cinco vezes a aprovação do segundo colocado. Também é de dois terços a proporção daqueles que dizem que “gostam” de Lula como indivíduo, muito à frente dos demais presidentes, incluindo o atual, que se esperaria ainda estivesse bem com a opinião pública. 
O extraordinário na imagem de Lula é a persistência, tendo sofrido o que sofreu nas mãos de adversários e da mídia antipetista, essa que hoje se proclama profissional. O coro que contra Lula fazem banqueiros, militares de farda e de pijama, juízes e promotores com mania de salvadores da pátria, barões da mídia e seus funcionários, revelou-se inútil.
Apesar de tudo, a maioria do povo continua a admirar e a gostar dele. A segunda premissa é relativa ao Partido dos Trabalhadores. Se nunca houve uma liderança como Lula, tampouco há, em nossa história, um partido igual ao PT. Nenhum foi tão grande e duradouro. As pesquisas mostram que entre 15% e 20% da população adulta se define como simpatizante do partido. 
Em termos absolutos, isso quer dizer que há mais de 22,5 milhões e perto de 30 milhões de simpatizantes do PT atualmente, mais que o dobro da soma daqueles que se identificam com os demais. Nenhum partido, velho ou novo, das dezenas existentes, se destaca. Aquele em que até outro dia estava o capitão, por exemplo, é nada, apesar de ser tratado pela imprensa como se fosse relevante. 
A nova legenda que Bolsonaro diz estar criando será nada também. Nessa massa de simpatizantes há um núcleo de cerca de 12 milhões de eleitores que afirmam ser petistas, sem meias palavras. De novo, nada de semelhante existe hoje ou existiu em nossa história. Uns e outros formam o maior patrimônio do partido e, por isso, respeitar suas preferências e levá-los em conta na tomada de decisões são obrigações de qualquer dirigente. 
No ano passado, na mais enviesada eleição que tivemos em tempos modernos, Fernando Haddad foi ao segundo turno. Para evitar uma vitória do partido, não bastou a intervenção judicial dirigida contra a candidatura de Lula, em um caso descarado de lawfare, cujo ator principal foi ninguém menos que um comparsa do adversário. 
Não bastou a mordaça imposta ao ex-presidente. Apesar de Lula estar na cadeia e proibido de falar, Haddad só perdeu quando sofreu, nas barbas dos tribunais superiores, um ciberataque devastador, movido a dinheiro ilegal. Até hoje, o TSE não se apercebeu do que ocorreu. Lula fora da prisão é ter no jogo o maior líder popular e o principal dirigente do maior partido. 
É haver alguém que o contingente de petistas e simpatizantes respeita e segue, e que o amplo grupo não alinhado ideologicamente com a legenda preza por sua obra e personalidade. É estar em ação o competente estrategista que conhecemos, que ganhou quatro eleições presidenciais e só não emplacou a quinta porque muita gente meteu a mão. 
É ter de volta à liderança do PT seu mais legítimo expoente. Quem acha isso pouco espere para ver. A rigor, não precisa esperar, pois está vendo, com as dezenas ou centenas de milhares que foram a São Bernardo e ao Recife acolhê-lo e festejar nas ruas a sua liberdade.

domingo, 3 de novembro de 2019

SOBRE OS SURTOS NEOFASCISTAS E A COVARDIA!


Dilma Rousseff. Que resposta!

A presidenta Dilma Rousseff recebeu do jornal Estado de S. Paulo uma pergunta sobre o que ela pensa da defesa que Eduardo Bolsonaro fez do AI-5, ao dizer que eventuais protestos contra o governo poderiam tornar necessário um ato de força semelhante.

Eis a sua resposta, em nota enviada ontem ao jornal:

SOBRE OS SURTOS NEOFASCISTAS E A COVARDIA!


Dilma Rousseff

"Ninguém, dos órgãos de imprensa, pode se declarar surpreendido pela manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro a favor do AI-5. Na verdade, ninguém pode se surpreender porque já houve seguidas manifestações contra a democracia por parte da família Bolsonaro. Defenderam a ditadura militar e, portanto, o AI-5; reverenciaram regimes totalitários e ditadores; homenagearam o torturador e a tortura; confraternizaram com milicianos. Desde sempre pensaram e agiram a favor do retrocesso. Antes das eleições não havia duvidas a respeito. Durante as eleições e depois dela, muito menos, pois têm se expressado contra a democracia e os princípios civilizatórios em todas as oportunidades que tiveram.

O grave é que nunca receberam da imprensa a oposição enérgica que mereciam. Ao contrário, acredito que a imprensa fez vista grossa ao crescimento do neofascismo bolsonarista, porque este adotara a agenda neoliberal. É que, além das pautas neofascistas, a extrema direita defende a retirada de direitos e de garantias ao trabalho e à aposentadoria; as privatizações desnacionalizantes das empresas públicas e da educação universitária e a suspensão da fiscalização e da proteção ambiental à Amazônia e às populações indígenas. Não é possível alegar surpresa ou se estarrecer diante da defesa do AI-5. Na verdade, em prol da realização da agenda neoliberal, na melhor hipótese se auto iludiram, acreditando que poderiam cooptar ou moderar Bolsonaro.

Mas a defesa do AI-5 e da ditadura sempre esteve lá.

Vamos novamente lembrar, o chamado filho 03, que agora diz que considera o AI-5 necessário, é o mesmo que, há algum tempo, disse que “um soldado e um cabo” bastavam para fechar o STF. Óbvio que sem o poder coercitivo de um AI-5, isto nunca seria possível.

O presidente, então ainda deputado, proferiu no plenário da Câmara um voto em que homenageou um dos mais notórios e sanguinários torturadores do regime militar. Aquele coronel só agiu com tal brutalidade contra os opositores do regime militar porque estava protegido pelo AI-5.

Jair Bolsonaro afirmou em entrevista que a ditadura militar cometeu poucos assassinatos de opositores políticos. E que os militares deviam ter matado “pelo menos uns 30 mil”. Também afirmou, na campanha do ano passado, que, se vencesse a eleição, só restariam dois caminhos aos petistas – o exílio ou a prisão – e de que maneira isto seria possível sem a força brutal de um ato institucional como o AI-5?

É estranho que me perguntem o que eu acho da última declaração sobre o AI-5, pois a minha vida toda lutei, e continuo lutando, contra o AI-5, seus assemelhados e seus defensores. O Estadão, que me faz esta pergunta, também deve e precisa responder, pois sua posição editorial tem sido, diga-se com muita gentileza, no mínimo ambígua diante da ascensão da extrema direita no País.

Quem nunca questionou as ameaças da família Bolsonaro com a firmeza necessária e que, em nome de uma oposição cega, covarde e irracional ao PT, se omitiu diante do crescimento do ódio e da extrema-direita, tornou-se cúmplice da defesa canhestra do autoritarismo neofascista". Do Professor Nelson Barbosa

segunda-feira, 29 de julho de 2019

O perigo dos homens medíocres como Jair Bolsonaro





Por Esther Solano, Carta Capital

Nada mais perigoso do que um homem medíocre e triste que odeia a inteligência e a felicidade alheias. Esta é a cara do governo Bolsonaro. Personagens de uma mediocridade tão ostensiva que disfarçá-la é tarefa impossível. Como me disse um dia um aluno, é a burrice ostentação. Juntam-se a essa mediocridade as paixões tristes que o movem.  

Há dois tipos de medíocre: o que é consciente de sua limitação e fica recolhido nela humildemente ou se esforça para crescer e o que, incapaz dessa humildade ou desse crescimento, tenta destruir, exterminar tudo aquilo ou todos aqueles que brilham mais que ele. Não é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas. 

Também há dois tipos de infelizes: os que lutam em construir a própria felicidade e os que detestam a felicidade alheia e se empenham em arruiná-la. Os que lutam por viver seus desejos livremente e os que odeiam quem os vive. Os que amam em toda a plenitude do amor e os que odeiam quem ama. Tampouco desta vez é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas. 

Acrescente-se uma masculinidade complexada, frágil, mas tão autocentrada que não consegue enxergar para além dela mesma. Homens que odeiam outros homens, que odeiam mulheres, talvez porque, no fundo, esses homens odeiem a si mesmos. 

Durante minhas entrevistas com eleitores de Bolsonaro, várias mulheres me confessaram que tinham medo de seus maridos, porque a agressividade deles tinha aumentado muito depois de começarem a seguir o “mito”. São os cidadãos de bem. Eu, quando vejo um cidadão de bem na rua, mudo de lado ou saio correndo. São aqueles que não enxergam contradição em ir à igreja aos domingos e apedrejar um homossexual ou agredir a própria companheira em casa. Não veem incoerência em citar a Bíblia e aplaudir Bolsonaro, quando ele faz o gesto de arma na Marcha para Jesus. Suspeito que os homens que sentem tanto tesão por armas não são capazes de sentir tesão por mais nada. De qualquer forma, Jesus não estava nessa marcha, estava na Parada LGBT+.

O curioso nesses cidadãos de bem é que eles pensam ter um canal direto com Deus, como num grupo de WhatsApp ou Telegram, que agora está na moda. Queridos, se Deus existe, deve estar desesperado, se perguntando onde errou para que de um barro supostamente inócuo surgissem seres como vocês. “Deu merda”, Ele deve pensar. São sujeitos feridos, mas na alma, que é muito pior do que estar ferido no corpo. São uma fraquejada.

Não por acaso, querem acabar com as universidades públicas. Para quem é tão medíocre, a inteligência alheia deve ser estarrecedora. Não por acaso, quiseram acabar com Lula em um processo arbitrário. Não por acaso, Bolsonaro recusou-se a ir aos debates eleitorais e a enfrentar um professor. Não por acaso, queiram dominar os corpos das mulheres, pois mulheres livres e fortes devem ser assustadoras para eles. Não por acaso, querem proibir as diversas formas de amor e de família. A vida que eles representam é tão cinza que as cores da bandeira LGBT+ devem ser insuportáveis.

Sujeitos pequenos, tacanhos, intelectualmente ínfimos, figuras que em tempos de normalidade democrática e institucional seriam irrisórias e desapareceriam, engolidas na própria irrelevância. Mas em tempos “desdemocráticos”, em tempos obscuros e autoritários, esses anões se fizeram gigantes e vomitaram sobre todos nós sua capacidade de destruição. Esses mesquinhos estão no poder. Encarnam o mito do homem medíocre. O medíocre que se apresenta como herói. Vejam que drama. Esses heróis iriam salvar o Brasil. Bolsonaro é o “mito”. Moro é o “herói”. 
Na manifestação verde-amarela da Avenida Paulista, em 16 de agosto de 2015, perguntei a vários manifestantes sobre o então juiz Sérgio Moro. A retórica heroica-salvacionista-messiânica era impressionante. Emergia a figura do juiz-Deus, o juiz-Messias, que tinha a tarefa de limpar o Brasil da corrupção, exterminar o câncer. “Moro é o nosso salvador. Moro tem uma missão, limpar o Brasil porque o câncer do Brasil são os políticos corruptos. É dever de todos os brasileiros apoiar a Lava Jato. Ele vai passar o Brasil a limpo. Ele é o homem que estávamos aguardando” (palavras de uma mulher branca de 45 anos). Para essa senhora, sentado à direita de Deus não está Jesus, mas o “conje”.

Estamos nas mãos de homens medíocres que nos odeiam e que se acham heróis. Homens que não têm nenhum problema em destruir as instituições e muito menos a democracia, pois a democracia não os representa. Eles despertaram os monstros e a escuridão. É nosso papel trazer a luz de volta.



domingo, 30 de junho de 2019

Abacates, Bijuterias e o Hospício Diplomático





Por Marcelo Zero

Do alto do seu atilado pensamento estratégico, o capitão descobriu a maneira segura de tirar o Brasil da crise: a exportação de abacates e bijuterias de nióbio. Abacates para o Mercosul e bijuterias para o mundo.
A inspiração genial sobreveio ao capitão após comer numa churrascaria no país do sushi, em longas horas de lazer, quando não tinha agenda nenhuma na reunião do G20. Típico resultado do “ócio criativo”, para usar a expressão utilizada pelo sociólogo Domenico de Masi.
De fato, não se sabe bem o que o capitão foi fazer no G20. Ele mesmo não sabe. Não tem agenda relevante com ninguém, a não ser a agenda negativa da vilania ambiental, do desrespeito aos direitos humanas, do regresso à Idade Média no tocante às lutas das minorias, do evidente neofascismo, etc.
Em nítido contraste com Lula, que era chamado de “O Cara” por Obama, por ser “o político mais popular da Terra”, agora temos um mandatário que é “O Cara a Ser Evitado”.
Com efeito, o nosso capitão disputa com Duterte, das Filipinas, o título de chefe de Estado mais repugnante e impopular do planeta. O páreo é duro, mas reconheço que o capitão vem fazendo grandes esforços para vencer a competição.
Em dobradinha com o grande diplomata General Heleno, que mandou os europeus irem “procurar a sua turma”, o capitão empenha-se no isolamento do Brasil.
Ao descer do pitoresco “Aerococa”, o capitão coçou o saco, cuspiu no chão nipônico e disparou: não vou ser criticado por ninguém. Confundiu grosseria com altivez e falta de respeito com os compromissos internacionais do Brasil com soberania. Logo ele, que fala fininho com Trump e bate continência para a bandeira dos EUA.
Indigência mental e desequilíbrios emocionais à parte, objetivamente o Brasil está cada vez mais isolado por uma política externa que parece mais embasada na Suma Teológica de São Tomás de Aquino do que no tradicional pragmatismo racional do nosso corpo diplomático.
Em Genebra, na última reunião da ONU, estivemos nos afastando do mundo civilizado e procurando a companhia de uma turma barra pesada. Por decisão do chanceler pré-iluminista, o Brasil, contrariando todo os seus compromissos anteriores, opôs-se ao uso do conceito de “gênero” em resoluções da ONU, propôs limitar os direitos reprodutivos para excluir o aborto e criticou a condenação ao uso indevido da religião para impor desigualdades entre homens e mulheres.
Provocou risos de escárnio e expressões de indignação nas delegações do mundo civilizado e o aplauso de grandes democracias, como Paquistão e Arábia Saudita, uma monarquia absolutista e medieval.
No BRICS, grupo geoestratégico criado pela nossa antiga e exitosa política externa ativa e altiva, não somos mais nada. China, Rússia e Índia nos excluíram de suas tratativas trilaterais.
Em vez de defendermos nossos interesses próprios, nos aliamos incondicionalmente a Trump em sua cruzada insana contra a China, nosso principal parceiro comercial.
Compramos briga com países árabes e muçulmanos, grandes parceiros econômicos e comerciais do Brasil, em razão do capricho ideológico de agradar Trump e Netanyahu, em sua política genocida contra o povo palestino.
Estamos nos afastando da África, do Oriente Médio e do Caribe, que deixaram de ter qualquer prioridade.
Na América do Sul, nosso entorno, perdemos muito protagonismo, pois deixamos de investir na integração regional, aos nos aliamos acriticamente a Trump e sua política de reimplantação da Doutrina Monroe na região. O Brasil de Bolsonaro tornou-se capitão-do-mato do Império, na sua guerra contra Venezuela, Cuba e quaisquer outros países que não se enquadrem na atual pax americana.
A negação do aquecimento global, as ameaças de abandonar o Acordo de Paris, a promessa de não demarcar mais terras indígenas e a prometida abertura da Amazônia para a exploração predatória causam indignação no mundo civilizado, particularmente entre europeus.
A continuar nessa marcha célere rumo à Idade Média, sobrará para o Brasil, além da aliança subalterna com Trump, uma aliança estratégica com Duterte, no campo da política fascista de “bandido bom é bandido morto” e uma cooperação com as ditaduras medievais do Golfo Pérsico, no campo da homofobia e da negação dos direitos das mulheres.
Ironia do destino, os “valores cristãos” que hoje regeriam nossa política externa, no entender do chanceler olaviano, nos aproximariam do fundamentalismo sunita dos países mais atrasados do mundo muçulmano. Cristãos e mouros irmanados numa cruzada contra a civilização e a razão.
Completa esse isolamento da vergonha o uso de avião da comitiva presidencial para realizar tráfico internacional de drogas, episódio constrangedor, apropriadamente arrematado pelos comentários do titular do antigo MEC, hoje MEPE (Ministério da Má-Educação e do Português Errado).
Parece que estamos destinados a fazer parte de uma espécie de folclórico e seleto hospício diplomático.
Creio que só não fomos ainda totalmente alienados da convivência com a comunidade internacional porque temos a oferecer excelentes negócios. Como se sabe, o capitão, que diz que não será advertido por ninguém, colocou o Brasil à venda para todos. E a preços módicos.
Agora mesmo, ultima-se um acordo Mercosul-UE, o qual, a julgar pela sôfrega expectativa das elites europeias, deverá ser um desastre para o setor produtivo nacional. Comenta-se que o Brasil do capitão teria feito grandes concessões em propriedade intelectual, serviços e compras governamentais, sem exigir, contudo, significativas concessões europeias, no campo da agricultura, setor altamente protegido por uma montanha de subsídios. Coisa de doido.
Em âmbito interno, persiste a revelação de provas irrefutáveis de que a Lava Jato, instrumental no golpe de 2016 e na prisão sem provas de Lula, foi grosseiramente conduzida pelo juiz de memória seletiva e ética flexível. A divulgação dos últimos diálogos mostra claramente como os procuradores obedeceram às ordens do juiz para escolher as testemunhas.  Uma total esquizofrenia jurídica.
O Brasil enlouqueceu, aqui dentro e lá fora.
Enquanto o capitão estiver no comando dessa nau dos insensatos, não haverá nióbio suficiente no mundo que nos salve. Nem abacate.

domingo, 5 de agosto de 2018

Carta a LULA




LUCIANA HIDALGO, jornalista e escritora premiada com dois Jabutis escreveu a seguinte carta a Lula:

Sr. Ex presidente,

       O que o senhor fez no Brasil foi uma revolução. Não uma Revolução Francesa, que guilhotinou cabeças da realeza para exigir na marra liberdade, igualdade, fraternidade. Não, o senhor não cortou cabeças, nem expulsou ricos de suas propriedades privadas como a Revolução Russa, tampouco roubou a poupança das classes abastadas (como aquele presidente eleito no Brasil em 1989 roubou). O senhor manteve as elites ricas e contentes, mas foi mexendo dia após dia nos mecanismos de poder que excluíam perversamente os pobres da nossa sociedade e negavam o que todo país decente deveria garantir: sua cidadania, isto é, sua dignidade.

       Por isso, de início,  seus microgestos, sutis, pouco saíam nos jornais, mas abalavam gradativamente as estruturas viciosas do poder. Sou leitora de Michel Foucault e atesto que o senhor fez genial e intuitivamente, na prática, num país periférico e violento, muito do que esse célebre filósofo francês teorizou sobre micropoder. O senhor modificou, programa após programa, a microfísica do poder no Brasil.

       Explico como: logo de início o senhor abriu crédito para ajudar pobres a comprar eletrodomésticos básicos; subsidiou a compra de tintas e materiais para que construíssem suas casas; criou o Banco Popular, ligado ao Banco do Brasil, permitindo que pobres tivessem conta em banco; levou iluminação elétrica aos recantos rurais mais atrasados pela escuridão (Luz para Todos); criou o Bolsa Família, tirando 36 milhões de brasileiros da miséria e obrigando seus filhos a voltar à escola; levou água para milhões de brasileiros que sofriam com a seca no interior semiárido (programa Cisternas, premiado pela ONU); inventou Minha Casa Minha Vida, distribuindo moradias Brasil afora; criou Farmácias Populares que vendiam medicamentos com descontos para a população de baixa renda; implementou cotas raciais e sociais em universidades, contribuindo para que jovens negros e/ou vindos de escolas públicas pudessem estudar e no futuro talvez escapar de serem assassinados nas ruas do Brasil; implantou o Prouni (Universidade Para Todos), oferecendo bolsas para alunos de baixa renda estudarem em faculdades particulares; aumentou o salário-mínimo acima da inflação; etc.

       Não me beneficiei pessoalmente de nenhum dos seus programas sociais, querido presidente. Sou brasileira privilegiada, nascida numa classe média da zona sul carioca. Fui jornalista nas maiores redações do Rio (Jornal do Brasil, O Globo, O Dia), depois virei escritora (premiada com dois Jabuti), fiz um doutorado e dois pós-doutorados em Literatura, na Uerj e na Sorbonne. E é justamente por isso, por tudo o que li, vi e aprendi, sobretudo na França onde morei durante anos, que posso dizer: países europeus só se desenvolveram porque aplicaram e aplicam projetos como os seus. Na França, por exemplo, o salário-mínimo é de uns R$ 4 mil (graças a décadas de greves e manifestações de trabalhadores “vândalos” por melhores salários); o seguro-desemprego dura de dois a três anos para que o desempregado não caia na miséria; há “locações sociais” que garantem moradia aos menos privilegiados; todos os remédios receitados nos hospitais públicos são dados ou subsidiados pelo governo etc.

       O problema, é que quando uma parte da elite brasileira visita Paris, só vê a grande beleza. Finge não ver que aquela beleza só se sustenta graças à aplicação justa de impostos. Sim, as classes mais abastadas lá têm consciência política, sabem que o equilíbrio social depende delas. No Brasil não. Tem brasileiro que gasta milhares de euros em turismo na França e na volta reclama dos R$ 300 dados mensalmente aos beneficiados do Bolsa Família.

       Sim, é difícil entender a mentalidade desses que frequentaram os melhores colégios particulares do Brasil. Até entendo, já que eu mesma cursei um dos melhores colégios particulares do Rio e não aprendi grande coisa. Lá não havia disciplinas como Literatura ou Filosofia, por exemplo, que nos ajudariam a ter um pensamento mais crítico. Que pena.

       Só aprendi o que era o mundo quando comecei a encarar a miséria do meu país de frente em vez de virar a cara ao passar por ela na rua. Ainda na adolescência participei de um grupo que dava comida para os sem-teto no Rio e pude ouvir suas comoventes histórias de vida. Depois virei jornalista e passei a ouvir mais pessoas, das mais variadas origens, das favelas, dos interiores, e suas justas reivindicações.

       Portanto, saiba, que não só o povo beneficiado pelos seus programas sociais está ao seu lado. Somos muitos escritores, artistas, professores de escolas e universidades, pessoas premiadas, com títulos, das mais diversas profissões. Justamente por termos lido tanto (livros, não apenas jornais e revistas), viajado, justamente porque conhecemos o Brasil profundo, entendemos a grandeza do que o senhor fez. Nós também somos esse povo.

       Aliás, há inúmeros políticos, historiadores, intelectuais estrangeiros nas maiores universidades da Europa que também o admiram. E se escandalizam, por exemplo, quando ouvem comentaristas brasileiros dizerem de forma tão elitista que o eleitor de Lula é “povão”, “nordestino”, “ignorante”, “petista”, “lulista”, “petralha”, “fanático”. Intelectuais estrangeiros se chocam com a criminalização de pobres, negros, índios e da própria esquerda no Brasil. E também se chocam quando o xingam de “populista”, como se o senhor usasse o povo. Ora, ora, mas o senhor é o povo.

       No mais,  não entrarei no mérito do seu julgamento. Primeiro porque não acredito em condenação sem provas. Segundo porque desde o golpe de 2016, que tirou do poder uma presidenta eleita pelo povo, desde o dia em que ficou provado (e gravado!) o conluio entre os Poderes “com o Supremo, com tudo”, não acredito mais nas nossas instituições.

Claro que a Lava Jato é importantíssima para o país, mas o partidarismo seletivo e o gosto pelo espetáculo a diminuem. Talvez por isso grandes juristas estrangeiros têm apontado falhas absurdas no processo que o condenou.
Como disse o advogado inglês Geoffrey Robertson em entrevista recente à BBC de Londres, “o Brasil tem um sistema de acusação totalmente ultrapassado, em que o juiz que investiga, supervisiona a investigação, é o mesmo que julga o caso – e sem um júri!”. Outro jurista disse o mesmo num artigo no jornal The New York Times. Enfim, como acreditar numa justiça personalista, que num piscar de olhos pode beirar o justiçamento?

       Nessas horas me lembro do que dizia Foucault: “Prender alguém, mantê-lo na prisão, privá-lo de alimentação, de aquecimento, impedi-lo de sair, de fazer amor, etc., é a manifestação de poder mais delirante que se possa imaginar. (...) A prisão é o único lugar onde o poder pode se manifestar em estado puro, em suas dimensões mais excessivas, e se justificar como poder moral.”

       Sabe, quando a perseguição ao senhor começou na mídia, me lembrei do Betinho. Quase ninguém mais se lembra dele, o sociólogo Herbert de Souza, que criou associações de combate à fome e de pesquisa sobre a Aids nos anos 1990, quando os programas sociais do Estado eram insignificantes. Pois bem, esse cara, que devia ser coroado por seu esforço descomunal pelos pobres, um dia acordou sendo linchado da forma mais violenta pela imprensa por ter recebido doações de bicheiros. Os “puros” do país o atacaram de todos os lados, logo ele, “o irmão do Henfil” ex-exilado, hemofílico e soropositivo, tão magrinho, fiapo de gente, um dos poucos a combater a fome no Brasil. Mas não, para os “puros”, nada do que ele fazia pelos pobres compensava esse grande “erro”. Como se no Brasil houvesse dinheiro realmente “limpo”.

       É, são assim os “puros”, os que não entendem a complexidade das lutas, os que fecham os olhos para as falcatruas dos ricos mas lincham o menino de rua da esquina, os que defendem uma ética que eles próprios não têm no dia a dia, enrolados em seus conchavos, compadrios, sonegações de impostos, corrupções de todo tipo. Das minhas andanças pelos bastidores do poder, posso dizer: os “puros”, mal acordam, já loteiam a alma.

       É claro, que o senhor, além dos acertos, também cometeu erros. Quem não erra? Confesso que no início do seu governo estranhei, por exemplo, a sua aliança com a escória da política brasileira (PMDB etc.). Mas logo entendi que sem isso nenhum, nenhum, nenhum dos seus programas que revolucionaram o Brasil seria aprovado. Não sem esse toma-lá-dá-cá, não sem o cafezinho com o inimigo. Sonho sim com uma política pura, mas como, quando, se nunca, nunca, nunca foi assim nesse país?

       Não vou, portanto, enumerar seus erros porque seus acertos os superam imensamente. Só a partir do seu governo entendi que a política pode muito mais do que o assistencialismo. Enquanto meus amigos e eu dávamos 50 quentinhas numa noite aos sem-teto do Rio, o senhor, com nossos votos, tirava milhões da miséria. Milhões de brasileiros.

       O senhor acreditou antes de tudo na política, não em revoluções sangrentas radicais, para mudar o Brasil. E mudou. Não sou “lulista” nem “petista” (nunca me associei a partido algum), muito menos “petralha”. Mas, graças ao senhor, agora eu e milhões de brasileiros passamos a acreditar na política. E só por isso vale lutar.

       Fico por aqui, no aguardo das eleições de outubro de 2018, quando um presidente de esquerda retomará o rumo desse Brasil desgovernado pelo conluio entre Poderes e onde, devido à corrupção, à leviandade e ao partidarismo das instituições, ideias fascistas se proliferam como bactérias.

Um grande abraço da
Luciana Hidalgo

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Fundação Internacional de Direitos Humanos concede a Lula o status de preso político


A Fundação Internacional de Direitos Humanos, com sede na Espanha e presença em 15 países, concedeu a Lula o status de preso político depois que sua libertação, ordenada pelo desembargador Rogério Favreto neste domingo (8) foi ilegalmente descumprida pela Polícia Federal e em manobras à margem dos processos jurídico do Brasil sob comando do juiz Sérgio Moro. A direção da entidade "concordou em conceder o estatuto de prisioneiro de consciência em prisão arbitraria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirma a Fundação em nota.

Leia a íntegra da nota:

"Diante dos acontecimentos que se sucederam hoje, 8 de julho de 2018, nos quais: PRIMEIRO: Tem se avaliado a solicitude de Habeas Corpus, n.º5025614-40.2018.404.0000, por meio da qual o juiz Rogério Favreto ordenou a imediata liberdade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; SEGUNDO: O juiz Sérgio Fernando Moro tentou suspender a ordem de liberação, mesmo se encontrando de férias e não tendo autoridade jurisdicional para tal ato; e TERCEIRO: O juiz João Pedro Gebran Neto, que também se encontrava de férias, tem ordenado suspender a resolução do juiz Rogério Favreto e manter em prisão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Considerando, as circunstâncias do presente caso judicial: a total ausência de genuínas e inequívocas provas, a violação do devido processo, a falta de garantias para a defesa do acusado e a parcialidade manifesta de uma parte dos juízes do processo em contra do acusado, o Patronato da Fundação Internacional dos Direitos Humanos, reunido de urgência em sessão telemática, concordou em conceder o estatuto de prisioneiro de consciência em prisão arbitraria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva."

sexta-feira, 6 de abril de 2018

AOS DESONESTOS



Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer que é imundo o processo acelerado só pra que não dispute eleição que lidera em todas as pesquisas.

Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer que o juiz que o condenou sem provas, demonstrou em várias ocasiões agir com abuso e obsessão em puni-lo e não com intenção em promover justiça.

Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer que o STF corrompeu a prioridade de uma pauta só pra que ele fosse preso.

Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer nele a ameaça ao direito à presunção de inocência de todos, sem o qual qualquer um pode ser considerado culpado antes que se esgotem os recursos de defesa. Segundo Moro, até sem provas.

Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer que a grande imprensa se dedicou a convencer o povo que o ex-presidente de maior prestígio internacional era chefe de uma quadrilha que desviou dinheiro na compra de um triplex.

Não precisa ser petista e sequer simpatizar com Lula, pra reconhecer que o ódio a ele endereçado tem a ver com uma luta de classes, já que dele emergiu um governo do campo democrático.

É só, e tão somente só, uma questão de bom senso e honestidade.

Nem vou falar do silêncio dos hipócritas com os maus que estão abocanhando nossos direitos e entregando as riquezas do país.

Hoje só quero dizer que neste país a lei não vale para todos, porque há cidadãos comuns e juízes que não valem nada.

XLUCIANA OLIVEIRA
Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros


Enviado do meu iPhone

sábado, 16 de dezembro de 2017

NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA




NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA
Texto do um professor da UNB - Perci Coelho de Sousa

Não há cadeia suficiente para Lula, não há construção erigida que suporte tamanha pena, que dê conta de tanto pecado. Haja grades de ferro e de aço que sejam capazes de segurar, de reter e de trancafiar tanta coisa numa só, tanta gente num só homem. Não há cadeia no mundo que seja capaz de prender a esperança, que seja capaz de calar a voz.

Porque, na cadeia de Lula, não cabe a diversidade cultural
Não cabe, na cadeia de Lula, a fome dos 40 milhões
Que antes não tinham o que comer
Não cabe a transposição do São Francisco
Que vai desaguar no sertão, encharcar a caatinga
Levar água, com quinhentos anos de atraso,
Para o povo do nordeste, o mais sofrido da nação.
Pela primeira vez na história desse país.
Pra colocar Lula na cadeia, terão que colocar também
O sorriso do menino pobre
A dignidade do povo pobre e trabalhador
E a esperança da vida que melhorou.
Ainda vai faltar lugar
Para colocar tanta Universidade
E para as centenas de Escolas Federais
Que o ‘analfabeto’ Lula inventou de inventar
Não cabem na cadeia de Lula
Os estudantes pobres das periferias
Que passaram no Enem
Nem o filho de pedreiro que virou doutor.
Não tem lugar, na cadeia de Lula,
Para os milhões de empregos criados,
(e agora sabotados)
Nem para os programas de inclusão social
Atacados por aqueles que falam em Deus
E jogam pedras na cruz.
Não cabe na cadeia de Lula
O preconceito de quem não gosta de pobre
O racismo de quem não gosta de negro
A estupidez de quem odeia gays
Índios, minorias e os movimentos sociais.
Não pode caber numa cela qualquer
A justiça social, a duras penas, conquistada.
E se mesmo assim quiserem prender
– querer é Poder (judiciário?),
Coloquem junto na cadeia:
A falta d’água de São Paulo,
E a lama de Mariana (da Vale privatizada)
O patrimônio dilapidado.
E o estado desmontado de outrora
Os 300 picaretas do Congresso
E os criadores de boatos
Pela falta de decência
E a desfaçatez de caluniar.
Pra prender o Lula tem que voltar a trancafiar o Brasil.

O complexo de vira-latas também não cabe.
Nem as panelas das sacadas de luxo
O descaso com a vida dos outros
A indiferença e falta de compaixão
A mortalidade infantil
Ou ainda (que ficou lá atrás)
Os cadáveres da fome do Brasil.
Haja delação premiada
Pra prender tanta gente de bem.
Que fura fila e transpassa pela direita
(sim, pela direita)
Do patrão da empregada, que não assina a carteira
Do que reclama do imposto que sonega
Ou que bate o ponto e vai embora.
Como poderá caber Lula na cadeia,
Se pobre não cabe em avião?
Quem só devia comer feijão
Em vez de carne, arroz, requeijão
Muito menos comprar carro,
Geladeira, fogão – Quem diz?
Que não pode andar de cabeça erguida
Depois de séculos de vida sofrida?
O prestígio mundial e o reconhecimento
Teriam que ir junto pra prisão
Afinal, (Ele é o cara!)

Os avanços conquistados não cabem também.
Querem por Lula na cadeia infecta, escura
A mesma que prendeu escravos,
‘Mulheres negras, magras crianças’
E miseráveis homens – fortes e bravos
O povo d’África arrastado
E que hoje faz a riqueza do Brasil.
Lula já foi preso, ele sabe o que é prisão.
Trancafiado nos porões da ditadura
Aquela que matou tanta gente,
Que tirou nossa liberdade
A mesma ditadura que prendeu, torturou.
Quem hoje grita nas ruas
Não gritaria nos anos de chumbo
Na democracia são valentes
Mas cordatos, calados, covardes
Quando o estado mata, bate e deforma.
Luis Inácio já foi preso,
Também Pepe Mujica e Nelson Mandela.
Quem hoje bate palmas, chora e homenageia,
Já foi omisso, saiu de lado e fez que não viu.
Não vão prender Lula de novo
Porque na cadeia não cabe
Podem odiar o operário
O pobre coitado iletrado
Que saiu de Pernambuco
Fugiu da seca e da fome
Pra conquistar o Brasil
E melhorar a vida da gente
Mas não há
Nesse mundão de meu Deus
Uma viva alma que diga
Que alguém tenha feito mais pelo povo
Do que Lula fez no Brasil.
“Não dá pra parar um rio
quando ele corre pro mar.
Não dá pra calar um Brasil,
quando ele quer cantar.”
Lula lá!



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

E SE A DIREITA VENCER?


Por Carlos D'Incao

E se a direita vencer todos os pleitos eleitorais de 2018? E se ela conseguisse colocar Lula na cadeia e criminalizasse o PT e todos os partidos de esquerda? Não é esse o sonho do mercado e da elite tupiniquim?

Pois então, façamos um pequeno passeio pelo sonho do mercado e das elites que comandam hoje o país e vejamos o que ele teria para oferecer ao povo brasileiro…

Em primeiro lugar, teríamos uma radical reforma previdenciária para “modernizar” o país. Afinal, o que são - para a direita - aqueles que não conseguem os benefícios da aposentadoria privada? São vagabundos que não tiveram o mérito de poupar dinheiro ou ex-parasitas oriundos do funcionalismo público e que mamavam nas tetas do Estado...

Os direitos trabalhistas virariam uma miragem e apenas a livre negociação reinaria. “Nada mais justo”, pensariam os liberais seguidores de Dória e companhia. Sindicatos, considerados um insulto ao espírito empreendedor, morreriam de inanição.

E assim iniciaríamos o país onde os justos patrões dão o justo salário aos bons trabalhadores.

Serviço público? Para que e para quem? Para que ter saúde pública se a privada é melhor? Teríamos o fim da “injustiça” de se cobrar impostos daqueles que cuidam de sua saúde em benefício dos ignóbeis que se estropiam devido aos vícios e maus hábitos...

E a mesma lógica seria aplicada para a educação, para o transporte e para qualquer outra coisa que hoje é pública e que a direita deseja colocar nas mãos do mercado privado…

Aqueles que querem estudar, que paguem. Aqueles que querem mais conforto, que poupe dinheiro para comprar um carro. E aqueles que não tem dinheiro, que trabalhem mais!

Afinal, para a elite o pobre só é pobre porque é pobre de espírito. É porco, é vagabundo, é sujo, é irresponsável, é ignorante, é devasso, é bebum… Sua família é um bando... uma verdadeira “ninhada” fruto da irresponsabilidade sexual de pais e mães que se reproduzem como os bichos…

Se a direita ganhasse, teríamos finalmente um país sem aquilo que a elite mais detesta nesse mundo - o povo brasileiro.

Que se encerrem as cotas que beneficiam apenas a escória! Que se acabe com a bolsa família que estimula a vagabundagem! E o que é esse programa “Minha Casa, Minha Vida”  senão um grande cortiço, dado praticamente de graça, para essa gente feia e pequena?

O Brasil seria finalmente uma “casa limpa e arrumada”. A ordem e a moral acabariam com a “devassidão esquerdista”. “Cura gay para homossexuais!” “Censura para tudo o que é indecente!” “Paulada nos insatisfeitos!” “Fogueira para os criminosos!”

Pois é… a direita é sobretudo o ódio que se alimenta de seu próprio ódio…

E de onde vem tanto ódio?

Vem de longe... Vejamos...

Caso singular na História, a elite brasileira é a única que se envergonha de seu país e tem ódio do seu próprio povo.

Sempre foi assim…

Até o século XVIII, as elites se envergonhavam de sua origem negra e indígena. Seu sonho era voltar para Portugal… Mas em Portugal eram consideradas mestiças e desterradas… em Lisboa eram vistas como "dejetos endinheirados"…

E por isso eram cuspidas de volta para o Brasil…

Aqui possuíam suas terras e tiravam sua renda. Para além disso, aqui podiam expurgar sua frustração de serem rejeitadas na metrópole… Tinham a mão pesada com os negros e os índios. E dessa violência uma multidão de mulheres negras e indígenas pariu uma nação de filhos bastardos, indesejados e desvalidos.

Por isso, a negação da brasilidade das elites é mais que um gesto de anti-patriotismo, é uma negação de paternidade… Uma tentativa de se eximir das responsabilidades dos filhos que elas mesmos geraram, fora do casamento, “na cozinha”, “no mato”, “no cabaré”, quase sempre pelo uso da força…

No século XIX, a elite brasileira quis se tornar francesa… E isso durou até o início da República… Trazia pesados casacos do rigoroso inverno europeu para exibí-los no verão carioca…

E ainda naquele século, promoveram a primeira grande tentativa de exterminar com a nossa brasilidade, dando generosos incentivos para os europeus trabalharem e conseguirem terras no país.

A nossa grande onda imigratória foi o reverso daquela ocorrida nos EUA. Ali os imigrantes receberam cidadania com a contrapartida de lutarem contra a escravidão e pela unificação de um país dividido pela guerra civil.

Aqui os imigrantes receberam a cidadania para consolidar a exclusão social da maioria dos trabalhadores brasileiros (ex- escravos negros) e dividir o país entre os “civilizados” europeus e os “incorrigíveis” brasileiros…

E por fim chegamos nos dias atuais quando a nossa elite brasileira sonha em virar norte-americana… Continua se rebaixando a um país estrangeiro em detrimento do seu próprio país, como sempre fez...

Não se importa em ficar - feito gado - horas a fio numa imensa fila para tirar um “visto” de turista para visitar a Disneylândia… E já no aeroporto descobre que não é bem vinda… pois é latina americana…

Novamente ela é cuspida de volta para o Brasil… E aos prantos se despede do Mickey e do Pateta… Entra raivosa na nossa pátria, lamentando ser brasileira...

Ela sempre quis ser de outro país, mas nunca se esforçou em criar um país melhor…

Pois a rigor, nossa elite nunca teve um plano de governo, um plano de país...  apenas se limitou a ter um plano para a sua família. E o plano sempre foi deixar o país...

Na impossibilidade de deixá-lo, quer vendê-lo barato para os estrangeiros (preferencialmente os norte-americanos). Talvez tenha a ilusão burlesca de que possa vir a ganhar a cidadania americana, se leiloar todas as nossas riquezas…

E essa elite se representa por uma direita que quer exterminar - com todas as forças - um povo que, de secular tradição, ela sempre detestou.

Por isso a vitória da direita é a derrota do povo brasileiro. Por isso o nosso judiciário precisa tratar as lideranças da esquerda como bandidos... Como gente imprestável… Uma gente que ousou um dia tentar vangloriar o Brasil com o slogan, “Sou brasileiro, não desisto nunca!”.

Sim. O Brasil viveu uma época singular em que o povo tentou se olhar com um pouco mais de dignidade e amor próprio. E essa felicidade tinha que ser violentada por uma elite que quer provar que somos os piores em tudo. Que precisa mostrar a todos nós que não há no mundo um povo tão corrupto e imprestável.

Obviamente que o ódio é semeado também para que a miséria imposta ao povo seja considerada justa. O sistema político e o poder judiciário estão nas mãos da direita para criar um verdadeiro estado de terra arrasada. Querem matar qualquer esperança de cada brasileiro de um dia viver em um país melhor, pois isso é inconcebível para a elite brasileira.

E qual seria o fim disso? Simples: o fim do próprio Brasil. A vitória da direita é, em síntese, a decretação de nossa fragmentação territorial, a total perda de nossa soberania e a instauração da barbárie a níveis estratosféricos.

Ela vence, o país acaba.

Por isso é importante alertar que uma batalha decisiva está por vir em 2018. Com Lula ou sem Lula, é preciso defender - nas urnas e nas ruas - o Brasil do perigo de seu próprio extermínio.

A direita tem apenas o ódio. Mas o ódio ganha votos até certo ponto. Pois o povo não consegue compartilhar um ódio tão grande, com raízes tão profundas e contra ele próprio...

Por isso, com medo de que o povo a rejeite novamente nas urnas, a direita quer liquidar com a democracia e com o presidencialismo no Brasil antes de 2018…

Saber o que está em jogo é a condição fundamental para vencê-lo. E cabe a cada um de nós, que estamos do lado do Brasil, lutarmos contra as hordas da direita, financiada por uma elite que odeia o nosso país, mais do que qualquer estrangeiro.

Não podemos duvidar, enfim, que a solução para o Brasil está e surgirá das mãos do seu próprio povo. Por mais que o concreto de ódio das elites tente sufocar toda uma nação, sempre teremos a força para vencê-lo.

Como já disse um dia nosso maior poeta, “Mas eis que o labirinto - razão e mistério - presto se desata: Em verde, sozinha, anti-euclidiana, uma orquídea forma-se.” E ela nasce... vencendo o ódio, o medo e o concreto...



terça-feira, 7 de novembro de 2017

Trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção?



Discurso  histórico  do Senador  Roberto Requião.

Lava Jato, trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção?

 O juiz Sérgio Moro sabe; o procurador Deltan Dallagnol tem plena ciência. Fui, neste plenário, o primeiro senador a apoiar e a conclamar o apoio à Operação Lava Jato. Assim como fui o primeiro a fazer reparos aos seus equívocos e excessos.

           Mas, sobretudo, desde o início, apontei a falta de compromisso da Operação, de seus principais operadores, com o país.  Dizia que o combate à corrupção descolado da realidade dos fatos da política e da economia do país era inútil e enganoso.

             E por que a Lava Jato se apartou, distanciou-se dos fatos da política e da economia do Brasil?

            Porque a Lava Jato acabou presa, imobilizada por sua própria obsessão; obsessão que toldou, empanou os olhos e a compreensão dos heróis da operação ao ponto de eles não despertarem e nem reagirem à pilhagem criminosa, desavergonhada do país.

            Querem um exemplo assombroso, sinistro dessa fuga da realidade?

             Nunca aconteceu na história do Brasil de um presidente ser denunciado por corrupção durante o exercício do mandato. Não apenas ele. Todo o entorno foi indigitado e denunciado. Mas nunca um presidente da República desbaratou o patrimônio nacional de forma tão açodada, irresponsável e suspeita, como essa Presidência denunciada por corrupção.

             Vejam. Só no último o leilão do petróleo, esse governo de denunciado como corrupto, abriu mão de um trilhão de reais de receitas.

           Um trilhão, Moro!
           Um trilhão, Dallagnoll!
           Um trilhão, Polícia Federal!
           Um trilhão, PGR!
           Um trilhão, Supremo, STJ, Tribunais Federais, Conselhos do Ministério Público e da Justiça.
            Um trilhão, brava gente da OAB!

            Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos.  Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis.

          Nada! Absolutamente nada!

          Foi um a doação escandalosa. Uma negociata impudica.
         
          Abrimos mão de dinheiro suficiente para cobrir todos os alegados déficits orçamentários, todos os rombos nas tais contas públicas.

          Abrimos mão do dinheiro essencial, vital para a previdência, a saúde, a educação, a segurança, a habitação e o saneamento, as estradas, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, para os próximos anos.

            Mas suas excelentíssimas excelências acima citadas não estão nem aí. Por que, entendem, não vem ao caso…

            Na década de 80, quando as montadoras de automóveis, depois de saturados os mercados do Ocidente desenvolvido, voltaram os olhos para o Sul do mundo, os governantes da América Latina, da África, da Ásia entraram em guerra para ver quem fazia mais concessões, quem dava mais vantagens para “atrair” as fábricas de automóveis.

            Lester Turow, um dos papas da globalização, vendo aquele espetáculo deprimente de presidentes, governadores, prefeitos a oferecer até suas progenitoras para atrair uma montadora de automóvel, censurou-os, chamando-os de ignorantes por desperdiçarem o suado dinheiro dos impostos de seus concidadãos para premiarem empresas biliardárias.

           Turow dizia o seguinte: qualquer primeiroanista de economia, minimamente dotado, que examinasse um mapa do mundo, veria que a alternativa para as montadoras se expandirem e sobreviverem estava no Sul do Planeta Terra. Logo, elas não precisavam de qualquer incentivo para se instalarem na América Latina, Ásia ou África. Forçosamente viriam para cá.

           No entanto, governantes estúpidos, bocós, provincianos, além de corruptos e gananciosos deram às montadoras mundos e fundos.

            Conto aqui uma experiência pessoal: eu era governador do Paraná e a fábrica de colheitadeiras New Holland, do Grupo Fiat, pretendia instalar-se no Brasil, que vivia à época o boom da produção de grãos.

             A Fiat balançava entre se instalar no Paraná ou Minas Gerais. Recebo no palácio um dirigente da fábrica italiana, que vai logo fazendo numerosas exigências para montar a fábrica em meu estado. Queria tudo: isenções de impostos, terreno, infraestrutura, berço especial no porto de Paranaguá, e mais algumas benesses.

              Como resposta, pedi ao meu chefe de gabinete uma ligação para o então governador de Minas Gerais, o Hélio Garcia. Feito o contanto, cumprimento o governador: “Parabéns, Hélio, você acaba de ganhar a fábrica da New Holland”. Ele fica intrigado e me pergunta o que havia acontecido.

                    Explico a ele que o Paraná não aceitava nenhuma das exigências da Fiat para atrair a fábrica, e já que Minas aceitava, a fábrica iria para lá.

              O diretor da Fiat ficou pasmo e se retirou. Dias depois, ele reaparece e comunica que a New Holland iria se instalar no Paraná.

               Por que?

               Pela obviedade dos fatos: o Paraná à época, era o maior produtor de grãos do Brasil e, logo, o maior consumidor de colheitadeiras do país; a fábrica ficaria a apenas cem quilômetros do porto de Paranaguá; tínhamos mão-de-obra altamente especializada e assim por diante.

               Enfim, o grande incentivo que o Paraná oferecia era o mercado.

               O que me inspirou trucar a Fiat? O conselho de Lester Turow e o exemplo de meu antecessor no governo, que atraiu a Renault, a Wolks e a Chrysler a peso de ouro e às custas dos salários dos metalúrgicos paranaenses, pois o governador de então chegou até mesmo negociar os vencimentos dos operários, fixando-os a uma fração do que recebiam os trabalhadores paulistas.

      Mundos e fundos, e um retorno pífio.

               Pois bem, voltemos aos dias de hoje, retornemos à história, que agora se reproduz como um pastelão.

                O pré-sal, pelos custos de sua extração, coisa de sete dólares o barril, é moranguinho com nata,, uma mamata só!

                A extração do óleo xisto, nos Estados Unidos, o shale oil , chegou a custar até 50 dólares o barril;
o petróleo extraído pelos canadenses das areias betuminosas sai por 20 a 30 dólares o barril; as petrolíferas, as mesmas que vieram aqui tomar o nosso pré-sal, fecharam vários projetos de extração de petróleo no Alasca porque os  custos ultrapassavam os 40 dólares o barril.

                Quer dizer: como no caso das montadoras, era natural, favas contadas que as petrolíferas enxameassem, como abelhas no mel, o pré-sal. Com esse custo, quem não seria atraído?

                 Por que então, imbecis, por que então, entreguistas de uma figa, oferecer mais vantagens ainda que a já enorme, incomparável e indisputável vantagem do custo da extração?

                 Mais um dado, senhoras e senhores da Lava Jato, atrizes e atores daquele malfadado filme: vocês sabem quanto o governo arrecadou com o último leilão?  Arrecadou o correspondente a um centavo de real por litro leiloado.

           Um centavo, Moro!
           Um centavo, Dallagnoll!
           Um centavo, Carmem Lúcia!
           Um centavo, Raquel Dodge!
           Um centavo, ínclitos delegados da Policia Federal!

            Esse governo de meliantes faz isso e vocês fazem cara de paisagem, viram o rosto para o outro lado.

            Já sei, uma das razões para essa omissão indecente certamente é, foi e haverá de ser a opinião da mídia.

            Com toda a mídia comercial, monopolizada por seis famílias, todas a favor desse leilão rapinante, como os senhores e as senhoras iriam falar qualquer coisa, não é?

              Não pegava bem contrariar a imprensa amiga, não é, lavajatinos?
                             
              Renovo a pergunta: desbaratar o suado dinheiro que é esfolado dos brasileiros via impostos e dar isenção às empresas mais ricas do planeta é um ou não é corrupção?

              Entregar o preciosíssimo pré-sal, o nosso passaporte para romper com o subdesenvolvimento, é ou não é suprema, absoluta, imperdoável corrupção?

              É ou não uma corrupção inominável reduzir o salário mínimo e isentar as petroleiras?

               Será, juízes, procuradores, policiais federais, defensores públicos, será que as senhoras e os senhores são tão limitados, tão fronteiriços, tão pouco dotados de perspicácia e patriotismo ao ponto de engolirem essa roubalheira toda sem piscar?

                Bom, eu não acredito, como alguns chegam a acusar, que os senhores e as senhoras são quintas-colunas, agentes estrangeiros, calabares, joaquins silvérios ou, então, cabos anselmos.

                 Não, não acredito.

                 Não acredito, mas a passividade das senhoras e dos senhores diante da destruição da soberania nacional, diante da submissão do Brasil às transnacionais, diante da liquidação dos direitos trabalhistas e sociais, diante da reintrodução da escravatura no país….  essa passividade incomoda e desperta desconfianças, levanta suspeitas.

                Pergunto, renovo a pergunta: como pode um país ser comandado por uma quadrilha, clara e explicitamente uma quadrilha, e tudo continuar como se nada estivesse acontecendo?

                Responda, Moro.
                Responda, Dallagnoll.
                Responda, Carmem Lúcia.
                Responda, Raquel Dodge.

                Respondam, oh, ínclitos e severos ministros do Tribunal de Contas da União que ajudaram a derrubar uma presidente honesta.

                 Respondam, oh guardiões da moral, da ética, da honestidade, dos bons costumes, da família, da propriedade e da civilização cristã ocidental.

                         Respondam porque denunciaram, mandaram prender, processaram e condenaram tantos lobistas, corruptores de parlamentares e de dirigentes de estatais, mas pouco se dão se, por exemplo, lobistas da Shell, da Exxon e de outras petroleiras estrangeiras circulem pelo Congresso obscenamente, a pressionar, a constranger parlamentares em defesa da entrega do pré-sal, e do desmantelamento indústria nacional do óleo e do gás?

                   Eu vi, senhoras e senhores. Eu vi com que liberdade e desfaçatez o lobista da Shell, semanas atrás, buscava angarias votos para aprovar a maldita, indecorosa MP franqueando todo o setor industrial nacional do petróleo à predação das multinacionais.

                   Já sei, já sei…. isso não vem, ao caso.

                   Fico cá pensando o que esses rapazes e essas moças, brilhantíssimos campeões de concursos públicos, fico pensando…..o que eles e elas conhecem de economia, da história e dos impasses históricos do desenvolvimento brasileiro?

                   Será que eles são tão tapados ao ponto de não saberem que sem energia, sem indústria, sem mercado consumidor, sem sistema financeiro público, para alavancar a economia,  sem infraestrutura não há futuro para qualquer país que seja? Esses são os ativos imprescindíveis para o desenvolvimento, para a remissão do atraso, para o bem-estar social e para a paz social.

Sem esses ativos, vamos nos escorar no quê? Na produção e exportação de commodities? Ora…

                 Mas, os nossos bravos e bravas lavajatinos não consideram o desbaratamento dos ativos nacionais uma forma de corrupção.

                  Senhoras, senhores, estamos falando da venda subfaturada –ou melhor, da doação- do país todo! Todo!

                  E quem o vende?

                  Um governo atolado, completamente submerso na corrupção.

                   E para que vende?

                   Para comprar parlamentares e assim escapar de ser julgado por corrupção.

                   Depois de jogar o petróleo pela janela, preparando assim o terreno para a nossa perpetuação no subdesenvolvimento, o governo aproveita a distração de um feriado prolongado e coloca em hasta pública o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, a Petrobrás e que mais seja de estatal.

                    Ladrões de dinheiro público vendendo o patrimônio público.

                     Pode isso, Moro?
                     Pode isso, Dallagnoll?
                     Pode isso, Carmem Lúcia?
                     Pode isso, Raquel Dodge?
                     Ou devo perguntar para o Arnaldo?

                     À véspera do leilão do pré-sal, semana passada, tive a esperança de que algum juiz intrépido ou algum procurador audacioso, iluminados pelos feéricos, espetaculosos exemplos da Lava Jato, impedissem esse supremo ato de corrupção praticado por um governo corrupto.

                    Mas, como isso não vinha ao caso, nada tinha com os pedalinhos, o tríplex, as palestras, o aluguel do apartamento, nenhum juiz, nenhum procurador, nenhum delegado da polícia federal, e nem aquele rapaz do TCU, tão rigoroso com a presidente Dilma, ninguém enfim, se lixou para o esbulho.

                  Ah, sim, não estava também no power point….
                  É com desencanto e o mais profundo desânimo que pergunto:  por que Deus está sendo tão duro assim com o nosso Brasil?


Link para o vídeo:

https://youtu.be/fW9f9TxbNgE


*Roberto Requião é senador da República no segundo mandato. Foi governador de estado por 3 mandatos, 12 anos, prefeito de Curitiba, secretário de estado, deputado, industrial, agricultor, oficial do exército brasileiro e advogado de movimento sociais. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação.



domingo, 15 de maio de 2016

Cai avião da Air Algérie com 116 pessoas a bordo




 
Adicionar legenda




O avião da Air Algérie com 116 pessoas a bordo, que desapareceu dos radares quando sobrevoava o Norte do Mali, despenhou-se. "Confirmo que caiu", disse uma fonte oficial argelina às agências noticiosas internacionais.

O voo AH 5017 fazia a ligação entre Ouagadougou, a capital do Burkina Faso, e Argel, a capital argelina. "Os serviços de navegação aérea perderam o contacto [com o avião] aos 50 minutos de voo", anunciou, de manhã, a companhia. O aparelho partira à 1h17 (00h17 em Portugal continental) e não chegou a Argel à hora prevista, 5h10 (4h10 da manhã).

Numa conferência de imprensa em Ouagadougou, uma representante da Air Argélie, Kara Terki, avançou que muitos dos passageiros se dirigiam para Argel para apanhar outros aviões que os levariam à Europa, Médio Oriente e Canadá. Deu a lista parcial das nacionalidades: 50 franceses, 24 cidadãos do Burkina Faso, oito libaneses, quatro argelinos, dois luxemburgueses, um belga, um suíço, um camaronês, um ucraniano e um romeno.  Mas no Líbano as autoridades avançaram que estavam dez libaneses no AH 5017.

Uma fonte da empresa argelina explicou à AFP, sob anonimato, que o avião se aproximava já de território da Argélia quando, devido à fraca visibilidade, a torre de controle pediu ao comandante para fazer um desvio de rota para evitar riscos de colisão com outro avião. "O avião não estava longe da fronteira argelina quando foi pedido à tripulação que se desviasse devido à má visibilidade e para evitar o risco de colisão com outro avião que fazia a ligação Argel-Bamako", disse a fonte da AFP. "O sinal perdeu-se na mudança de rota".

Pouco antes da confirmação da queda do avião a França anunciara que dois caças Mirage 2000 que integram o contingente que tem na África Ocidental iriam sobrevoar a zona onde o aparelho perdeu o contato com a torre.
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A França irá prestar assistência financeira aos palestinos na Faixa de Gaza, no valor de 11 milhões de euros, declarou o presidente francês, François Hollande, esta quinta-feira de manhã, em uma reunião no Palácio do Eliseu com representantes de organizações não-governamentais que trabalham na região.



O comunicado do Palácio do Eliseu informa que os representantes de organizações informaram o presidente sobre a situação em Gaza, as necessidades humanitárias da população civil palestina, bem como sobre as dificuldades que as vítimas enfrentam na obtenção de ajuda.





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