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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Angela Merkel vence na Alemanha, mas não leva




A chanceler alemã, Angela Merkel, venceu, mas não levou. Seus partidos não conseguiram a esperada maioria absoluta nas eleições legislativas de ontem. A União Democrata/União Social Cristã (CDU/CSU), partidos de Merkel, teve 41,5% dos votos, ou 311 parlamentares.

Embora tenha sido o resultado mais expressivo dos conservadores desde 1990, a vitória não foi suficiente para garantir 316 das 630 cadeiras.

O aliado liberal Partido Democrata Livre (FDP) ficou pela primeira vez desde a Segunda Guerra fora do Parlamento ao não atingir o mínimo de 5% de votos. Chegou a 4,8%. Foi uma senhora derrota.

O Partido Social-Democrata (PSD) teve 25,7% dos votos, um desempenho sofrível. A Esquerda chegou a 8,6%; e os Verdes, a 8,4%. Juntos, SPD, Esquerda e Verdes têm mais cadeiras que a aliança de Merkel. O PSD descartou a possibilidade de formar um governo de aliança com os Verdes e a Esquerda.

Os eurocépticos também não alcançaram os 5%, ficaram nos 4,7%.

O fato é que Angela Merkel conquistou um terceiro mandato e vai liderar a Europa, mas terá que se compor com a oposição.

Portanto é preciso analisar bem antes de embarcar no movimento de manada que a mídia faz em relação à vitória de Merkel.








Fonte: ZéDirceu 

Imagem: Google

Os "ambientalistas" e sua agenda anti-humana nos fazem de idiotas





Do blog da amiga Fada, Maré Cinza



Instituto Ludwig Von Mises Brasil




Os ambientalistas, com a ajuda de políticos e de outras burocracias globalmente poderosas, foram bem-sucedidos em impor sobre todo o globo um conjunto de ideias que já custou dezenas de milhões de vidas humanas. 
Observemos o exemplo mais famoso deste totalitarismo homicida.



Em 1962, a famosa bióloga americana Rachel Carson publicou o livro Silent Spring, uma fábula sobre os supostos perigos dos pesticidas. O livro transformou-se num clássico do movimento ambientalista, não obstante se tratasse de uma obra de ficção. O livro exerceu uma influência poderosa sobre vários governos, o que levou à proibição mundial do uso do DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano, o primeiro pesticida moderno) ainda no início da década de 1970.


Em 1970, pouco antes da proibição do DDT, a Academia Nacional de Ciências dos EUA declarou que o DDT tinha salvo mais de 500 milhões de vidas humanas ao longo das últimas três décadas, ao erradicar os mosquitos transmissores da malária. Naquele ano, a Academia lançou um relatório no qual dizia: "Se tivéssemos de eleger alguns produtos químicos aos quais a humanidade deve muito, o DDT certamente seria um deles. ... Em pouco mais de duas décadas, o DDT evitou que 500 milhões de seres humanos morressem de malária, algo que sem o DDT seria inevitável".
Antes da proibição do DDT, a malária estava prestes a ser extinta em alguns países.


O DDT foi banido pelos governos no início da década de 1970 não obstante o fato de não ter sido apresentada nenhuma evidência científica, comprovando que gerasse os efeitos que Carson e o movimento ambientalista alegavam que gerava.






No seu livro Eco-Freaks: Environmentalism is Hazardous to Your Health, John Berlau, pesquisador e director do Center for Investors and Entrepreneurs do Competitive Enterprise Institute, escreveu que "Nem um único estudo mostrou o elo entre exposição ao DDT e contaminação humana". Não foi apenas isso: num estudo de longo prazo, alguns voluntários comeram 900g de DDT durante um ano e meio e até hoje, mais de vinte anos depois, nenhum deles apresentou efeitos colaterais na sua saúde.



O Dr. Henry Miller, membro sénior da Hoover Institution e Gregory Konko, membro sénior da Competitive Enterprise Institute, escreveram no seu artigo na revista Forbes, "Rachel Carson's Deadly Fantasies", que a proibição do DDT foi responsável pela perda de "dezenas de milhões de vidas humanas, maioritariamente crianças em países pobres e tropicais. Tudo isso em troca da possibilidade de uma pequena melhoria na fertilidade das aves de rapina. Esta continua a ser uma das mais monumentais tragédias humanas do século passado."


Além das mortes de literalmente milhões de pessoas no Terceiro Mundo em decorrência da malária, a proibição do DDT também gerou inúmeras colheitas desastrosas, uma vez que insectos os vorazes que eram combatidos com o DDT, puderam proliferar novamente — e praticamente não há substitutos para o DDT a preços acessíveis nos países pobres.
Mesmo se as estimativas da Academia Nacional de Ciências em relação às vidas salvas pelo DDT estivessem exageradas por um factor de dois, Rachel Carson e a sua cruzada contra o pesticida ainda seriam responsáveis por mais mortes humanas do que a maioria dos piores tiranos da história do mundo.



Apesar de todas as evidências de que o DDT, quando utilizado correctamente, não apresenta nenhuma ameaça para o ambiente, para os animais e para os seres humanos, os ambientalistas extremistas continuam a defender a sua proibição. Só na África, milhões continuama morrer de malária e de outras doenças. Após a Segunda Guerra Mundial, o DDT salvou milhões de vidas na Índia, no Sudeste Asiático e na América do Sul. Em alguns casos, as mortes por malária caíram para quase zero. Após o desaparecimento do DDT, as mortes por malária e por outras doenças voltaram a disparar. Então porque é que a proibição não é revogada?



Porque este é justamente o objectivo destes extremistas: controle populacional. Alexander King, co-fundador do Clube de Roma, disse: "Na Guiana, em menos de dois anos, o DDT já tinha praticamente aniquilado a malária; porém, isso levou a uma duplicação das taxas de fecundidade. Portanto, meu maior problema com o DDT, olhando em retrospectiva, é que ele ajudou a intensificar o problema da explosão demográfica".


Jeff Hoffman, representante ambientalista, escreveu no site grist.org que "A Malária era, na realidade, uma medida natural de controle populacional, e o DDT gerou uma volumosa explosão populacional, em alguns locais onde ele havia erradicado a malária. Basicamente, porque seres humanos devem ter prioridade sobre as outras formas de vida? . . . Não vejo ninguém respeitando os mosquitos aqui nesta secção de comentários."


O livro de John Berlau cita vários outros exemplos de desprezo dos ambientalistas pela vida humana e de como eles transformaram os políticos em seus idiotas úteis.

A Organização Mundial de Saúde estima que a malária infecta pelo menos 200 milhões de pessoas, das quais mais de meio milhão morrem anualmente. A maior parte das vítimas da malária são crianças africanas. Pessoas que defendem a proibição do DDT são cúmplices nas mortes de dezenas de milhões de africanos e asiáticos.
O filantropo Bill Gates arrecada dinheiro para milhões de redes contra mosquitos; porém, para manter as suas credenciais académicas intactas, a última coisa que ele advogaria seria o uso do DDT. Notavelmente, todos os políticos — principalmente os negros, que deveriam sensibilizar-se com seus irmãos africanos e unir-se — compartilham esta visão.





Paul Ehrlich
A morte de Rachel Carson não colocou um fim na insensatez ambientalista. O dr. Paul Ehrlich, biólogo da Universidade de Stanford, no seu best-seller de 1968, The Population Bomb, previu que haveria uma enorme escassez de comida nos EUA e que "já na década de 1970 ... centenas de milhões de pessoas irão morrer de fome neste país". Ehrlich via a Inglaterra numa situação ainda mais desesperante, e disse "Se eu fosse um apostador, apostaria uma quantia substancial de dinheiro, em que a Inglaterra deixará de existir até ao ano 2000".


No primeiro Dia da Terra, celebrado em 1970, Ehrlich alertou: "Dentro de dez anos, todas as mais importantes vidas animais nos oceanos estarão extintas. Grandes áreas costeiras terão de ser evacuadas por causa do fedor de peixe morto". Apesar de todo este notável currículo, Ehrlich continua até hoje a ser um dos favoritos dos media e do mundo académico.

E há ainda a insensatez nas previsões dos governos. Em 1914, o U.S. Bureau of Mines [uma espécie de Ministério das Minas e Energia americano] previu que as reservas de petróleo do país durariam apenas mais 10 anos. Em 1939, o Ministério do Interior americano revisou as estimativas, dizendo agora que o petróleo americano duraria mais 13 anos. Em 1972, um relatório publicado pelo Clube de Roma, Limits to Growth, disse que as reservas de petróleo em todo o mundo totalizavam apenas 550 biliões de barris. Com este relatório em mãos, o então presidente Jimmy Carter disse que "Até ao final da próxima década, poderemos exaurir todas as reservas de petróleo existentes em todo o mundo". E acrescentou: "Todo o petróleo e todo o gás natural de que dependemos em 75% da nossa energia, estão a acabar."


Quanto a esta última previsão de Carter, um recente relatório do U.S. Government Accountability Office [braço auditor do Congresso americano] em conjunto com especialistas do sector privado estimam que, mesmo que apenas metade do petróleo existente na formação geológica do Green River nos estados de Utah, Wyoming e Colorado seja recuperado, isso já "seria igual a todas as reservas de petróleo que comprovadamente existem no mundo". Trata-se de uma estimativa de 3 triliões de barris, mais do que a OPEP possui em todas as suas reservas. Mas não se preocupe. Tanto Carter quanto Ehrlich ainda são frequentemente convidados pelos media para emitir as suas opiniões.
A nossa contínua aceitação das manipulações, das mentiras e do terrorismo ambientalista, fez com que governos ao redor do mundo, além de banirem o DDT, implantassem políticas públicas assassinas em nome da "economia de energia" — como, por exemplo, as regulamentações estatais que exigem automóveis com menor consumo de combustível, o que levou a uma redução do tamanho dos carros e a um aumento no número de acidentes que, em outras circunstâncias, não seriam fatais.


Da próxima vez que você vir um ambientalista alertando sobre algum desastre iminente, ou a dizer que estamos prestes a vivenciar a escassez de alguma coisa, pergunte-lhe qual foi a última vez que uma previsão ambientalista se mostrou correta. Algumas pessoas estão inclinadas a rotular os ambientalistas de idiotas. Isto é um erro de juízo . Os ambientalistas foram extremamente bem-sucedidos em impor a sua agenda. Somos nós que somos os idiotas por termos ouvido e aceitado tudo passivamente, e por termos permitido que os governos acatassem as suas ordens.



Tradução



Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

Tradução de Leandro Roque
Fonte: Instituto Ludwig Von Mises Brasil


Nota do Blog Maré Cinza: Para aquilo que é urgente divulgar e ao mesmo tempo atuar o mais urgentemente possível, os ambientalistas não estão nem aí!! E assim sendo e por nada terem feito no que diz respeito, por exemplo ao BP Oil Spiil no Golfo do México, ou ainda à extensão e perigosidade das emanações de radiação de Fukushima, os ecologistas dão a sensação que algo é feito para atingir os fins que previram nas suas "profecias". Assim, teremos mesmo cheiro a morte por todo o Planeta. Custa ser visionário provocando o próprio fato?




Fonte: Maré Cinza
Imagens: Maré Cinza, Google

domingo, 22 de setembro de 2013

Putin exige o desarme nuclear de Israel





Do Blog Caminho Alternativo


As declarações do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a perentoriedade do desarme nuclear do regime israelense, realizadas na quinta-feira na reunião do Clube Internacional de Discussão Valdai, em Novgorod (noroeste da Rússia), que concluiu com o consenso entre os políticos de diferentes países e as autoridades russas em contra de qualquer intervenção militar contra a Síria, surpreenderam ao Ocidente, informa o legislador iraniano Mahdi Sanai, membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior da Assembléia Consultiva Islâmica do Irã (Mayles) e também representante do Irã no mencionado Clube.



“O presidente russo, assinalou este sábado Mahdi Sanai, não só reforçou a importância do desarme químico da Síria, senão que, pela primeira vez, insistiu no desarme atômico do regime de Israel. Argumentou que se a Síria aceitou destruir seu arsenal químico não existe desculpa alguma para que Israel conserve seu arsenal atômico”, explicou.

A demanda de Putin surpreendeu tanto aos países ocidentais que, uma vez finalizada a reunião de Valdai, lhe perguntaram perssoalmente se de verdade havia formulado tal demanda ao regime israelense. Putin reiterou novamente sua exigência anterior.

“As autoridades russas e especialistas políticos internacionais participantes na reunião também mostraram uma vez mais sua recusa a qualquer intervenção militar contra Damasco que, com toda certeza, afetaria a toda a região do Oriente Médio”, agrega Sanai, também diretor do grupo de amizade parlamentar Irã-Rússia.

Comenta também que o chanceler russo, Serguei Lavrov, lembrou que durante a época da guerra fria os desafios eram previsíveis mas, nas atuais circunstâncias, as decisões unilaterais provocaram problemas a nível internacional e contribuiu ao caos mundial.

As autoridades russas, assinala a autoridade iraniana, estão profundamente preocupadas pela sabotagem que praticam alguns países ocidentais, o qual viola os acordos alcançados entre os ministros de Exteriores da Rússia e seu homólogo estadunidense.


“O chanceler russo não ocultou sua inquietação perante o incumprimento dos acordos de Genebra sobre a Síria e a hipocrisia que o Governo estadunidense aplica à respeito”, acrescenta.

Em relação com as eleições presidenciais de 2014 na Síria, as autoridades políticas internacionais e russas presentes na reunião do Clube Internacional de Discussão Valdai fizeram eco uma vez mais de que somente o povo sírio pode determinar o futuro político do país árabe, parafraseia Sanai. Para depois insistir na posição do Irã.

A República Islâmica do Irã aposta pela paz e estabilidade da região e do mundo, ao mesmo tempo em nos lembra Sanai que este país serviu de intermediário entre as forças extrangeiras e os governos e povos do Iraque e Afeganistão com o objetivo de ajudá-los a resolver seus problemas.


O Clube Internacional de Valdai foi criado em 2004 na região de Novgorod, ao noroeste da Rússia, e celebra reuniões anuais e exclusivas nas que participam especialistas russos e internacionais: seu objetivo é intercambiar pontos de vista em história política, economia e relações internacionais. Embora uma das principais missões do Clube é fomentar o diálogo mundial com a Rússia e proporcionar uma análise imparcial, independente e acadêmica dos processos políticos, econômicos e sociais nesse país e no mundo.


Fonte: Caminho Alternativo, Hispan TV

Tradução: Caminho alternativo


Para socióloga americana, médico brasileiro teme concorrência com cubano



Estudiosa da diplomacia médica cubana, a socióloga norte-americana Julie Feinsilver, formada pela Universidade de Yale, é uma exceção em seu país. Admiradora da medicina praticada no país governado pelos irmãos Raúl e Fidel Castro, ela lançou em 1993 o livro "Healing the Masses" ("Curando as massas", em tradução livre), no qual abordava o modelo implantado na ilha.


"Healing the Masses", livro
no qual a socióloga explica
o modelo de medicina
cubano; a obra é inédita
no Brasil
Hoje, tanto o livro como artigos da socióloga se transformaram em referências para quem quer se aprofundar em medicina cubana. Feinsilver, que vive em Washington, já contou em entrevistas que teria sido vigiada pela CIA e FBI, com direito a telefone grampeado.

"Acho condenável os médicos brasileiros assediarem os cubanos, que foram para o seu país ajudar os mais pobres entre os pobres", disse Feinsilver em entrevista, por e-mail, ao UOL. "Houve protestos por parte de algumas sociedades médicas por causa de um medo infundado: a concorrência."

No Brasil, o salário de um médico cubano que participa do programa Mais Médicos será de R$ 10.000, ou cerca de US$ 4.000. No entanto, 85% desse valor vai para o governo cubano. Cuba sempre faz esse tipo de acordo?

Julie Feinsilver - Sim, o governo oferece educação gratuita e muito mais para os médicos, e atua como um headhunter encontrando os postos de trabalho e gerenciando a contratação. Em um país capitalista, os profissionais pagariam impostos por todos os serviços e necessidades sociais básicas fornecidas, além de uma taxa para o headhunter. Não é razoável que o governo cubano negocie um acordo que seja bom para ele e para os médicos?

Em relação à porcentagem real de dinheiro no contrato com os médicos cubanos, não sei se 85% é a parte do governo. Falo baseada no caso típico em que o governo recebe a parte do leão. Um amigo me informou que o Brasil tem uma lei de transparência que torna pública a informação dos salários (Lei Complementar 131, também conhecida como Lei da Transparência, sancionada em 2009 e que obriga a União, os Estados e municípios com menos de 50 mil habitantes a divulgarem seus gastos na web), o que eu acho uma excelente ideia. Infelizmente, isso não é comum na maioria dos lugares e, em alguns casos, pela própria lei, essa informação fica "escondida", ou seja, não é fácil de ser encontrada.

Sabe qual é o salário médio que os médicos recebem em Cuba e em outros países?

Feinsilver - Não há uma média. Salários dependem do acordo feito entre governo e o país interessado. No entanto, os salários em Cuba são muito baixos porque toda a educação e cuidados de saúde são gratuitos e o restante é altamente subsidiado. Isso não quer dizer que tudo seja maravilhoso em Cuba. Não é, mas os custos beiram o insignificante para necessidades muito básicas. Você não pode comparar preços, salários e custos em Cuba aos de qualquer outro lugar. Toda economia de lá é diferente da dos países capitalistas.

Como o governo cubano repassa o dinheiro para os médicos? É possível monitorar se eles estão repassando os valores corretamente?

Feinsilver - Seus salários são pagos para suas famílias em Cuba com bônus por estarem no exterior, e o adicional é pago a eles no país onde estão, mas eu tenho sérias dúvidas de que isso possa ser monitorado. O governo brasileiro ou empresas brasileiras permitem que estranhos monitorem como pagam seu próprio pessoal? Eu duvido. Então, por que esperar que os cubanos façam isso?

Aqui no Brasil, os médicos cubanos vão trabalhar nas regiões mais pobres e remotas, onde os profissionais brasileiros não querem ir por falta de estrutura no local. Essa diferença foi vista no Brasil, por opositores ao programa federal Mais Médicos, como uma forma de exploração de médicos cubanos. Você concorda com essa afirmação?

Feinsilver – Não. Cubanos têm uma ideologia muito diferente da dos brasileiros. Eles se voluntariam para ir a áreas remotas e carentes em outros países e consideram um dever servir no exterior e ajudar os necessitados. Ganham muito mais dinheiro e obtêm vantagens fazendo isso, apesar de parecer um ganho muito baixo para os brasileiros. Claro que também estão altamente motivados pelo dinheiro extra e benefícios que receberão prestando serviço internacional.

Queria salientar que sua formação ideológica, desde a infância, é muito diferente da de pessoas de países capitalistas. No entanto, isso não significa que eles não estão interessados em ganhar muito mais dinheiro, principalmente porque nas recentes reformas econômicas (os cubanos gostam de chamar de "atualização de sua economia"), os médicos ficaram em desvantagem se comparados às pessoas que trabalham no turismo, área na qual gorjetas e ganhos em moedas fortes são comuns.

Missões no exterior ajudam a nivelar as condições de igualdade para eles, mas com grande sacrifício pessoal, pois deixam o seu país e os seus entes queridos para viver em condições ainda mais modestas e, por vezes, muito pior em outros países onde servem os pobres. Motivação ideológica dos médicos (saúde é um direito humano básico para todos) fornece uma justificativa importante para esse sacrifício, assim como o dinheiro que ganham.


As principais entidades médicas brasileiras são contra a vinda de médicos estrangeiros, especialmente os cubanos, por serem a maioria, pois não vão fazer a mesma avaliação exigida aos que estudam fora para exercer a medicina no Brasil. Concorda com esse argumento?

Feinsilver – Não, médicos cubanos vão trabalhar em áreas carentes, onde a população tem necessidades básicas de saúde e pode ser mais do que adequadamente tratada por eles. A formação e o treinamento dos cubanos são diferentes das dos brasileiros (e de profissionais de outros países) porque junto com a medicina curativa, estudam e enfatizam a atenção primária, a prevenção de doenças e epidemias e a promoção da saúde. Eles avaliam o paciente como um ser vivo bio-psico-social e trabalham em um ambiente específico que também deve ser avaliado para melhorar a saúde da população.

Médicos cubanos foram perseguidos em outros países?

Feinsilver – Não! Eu acho condenável os médicos brasileiros assediarem os cubanos, que foram para o seu país ajudar os mais pobres entre os pobres. Eles [brasileiros] podem protestar para o seu governo, mas o tratamento que deram aos médicos cubanos foi antiprofissional e desumano. Houve protestos por parte de algumas sociedades médicas por causa de um medo infundado: a concorrência. Porém, os médicos locais se recusam a trabalhar onde os cubanos estão dispostos a ir: as áreas remotas e os bairros pobres.

O que motivou a senhora a estudar a medicina cubana?

Feinsilver – Vi as desigualdades dentro e entre os países enquanto pegava carona ao redor da América do Sul e Europa, muitos anos atrás. Isso me levou a estudar o que, na época, era um experimento social fascinante. E a saúde universal grátis era uma parte importante dessa experiência. O fato de um país pobre e em desenvolvimento decidir ajudar outros países prestando serviços de saúde gratuitos aos pacientes foi muito impressionante e esse é o tipo de ajuda externa que muitas nações mais desenvolvidas poderiam proporcionar.

O que atrai sua atenção na medicina cubana?

Feinsilver - A vontade e a capacidade de compartilhar seus conhecimentos e habilidades, da atenção primária à evolução do desenvolvimento da biotecnologia (de vacinas e tratamentos) e transplantes de órgãos sofisticados, entre outros, a populações carentes de outros países. Além de fornecer gratuitamente educação médica para dezenas de milhares de estudantes pobres do mundo em desenvolvimento desde 1961, apesar de ter perdido metade de seus próprios médicos à emigração logo após a revolução (1959).

Como foi sua experiência como consultora na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz)? (A socióloga morou um período no Brasil em 1996.)

Feinsilver – Foi maravilhosa, porém, eu só fiz uma breve consultoria, muitos anos atrás. Os executivos e cientistas que conheci eram altamente qualificados, muito bem educados, trabalhadores, pessoas dedicadas, além de serem interessantes e agradáveis para se trabalhar em grupo. Eu ficaria feliz em fazer outra consultoria se surgisse uma oportunidade.

Lembra-se do que viu aqui e de como era a saúde quando nos visitou?

Feinsilver - Lembro-me muito do Brasil, pois quando fui consultora da Fiocruz não foi a única vez que eu estive aí. Na verdade, eu peguei carona por todo o país, inclusive para Manaus, muitos anos antes e até assisti a algumas conferências. Também já passei férias aí.

No que diz respeito à saúde, lembro-me de muitas áreas com necessidades de melhoria e de médicos de classe mundial no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eu não posso falar sobre todas as cidades, mas tenho certeza de que muitas tenham igualmente bons médicos... se você puder pagar por eles.



Fonte: Blog do Saraiva


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Meninas Tristes




Minhas redes sociais se encheram nos últimos dias com o relato da morte da menina de 8 anos que morreu em sua noite de núpcias com o marido, 32 anos mais velho que ela. Abstive-me de compartilhar. O que eu diria? Que é um absurdo, como corretamente enfatizaram os meus amigos? É claro que é. Repetir isso, infelizmente, não torna o caso mais assimilável ou o explica ou o impede. Não temos de denunciar? Claro que temos. Estou sempre fazendo isso. Mas dessa vez, como de outras, a dor calou fundo. Tão fundo que minha única atitude possível foi esperar que a dor assentasse para poder pensar sobre ela.

Quando um fato como esse vem à público nossa indignação o define, porém, o define nos nossos termos, dando pouco espaço às idiossincrasias do outro. Não, não apelarei à relatividade cultural como instrumento de compreensão e acomodação de nossa genuína raiva por um episódio assim. Sim, claro, é outra cultura, mas isso não nos isenta de forma alguma. Não nos livra da ocorrência de inúmeros casos semelhantes. Não nos faz mais santos, não nos coloca numa redoma ética de proteção à infância. Não faz da nossa sociedade um espaço de pleno respeito às mulheres, aos seus corpos, às suas vontades. Nosso quintal é tão sujo quanto o do vizinho.

Gostaria de pensar a notícia em mais de um nível.

Primeiro, relativizando o horror que ela causa com casos acontecidos aqui no Brasil. Nesta mesma semana, várias redes sociais compartilharam o pedido de se ajudar numa vaquinha para reconstituir o corpo de uma menina que foi estuprada aos 10 anos. Ficou famoso o caso da menina de 9 anos, que engravidou violentada pelo padastro e cujo aborto foi amplamente noticiado porque a equipe médica e a mãe foram excomungados. Eu poderia citar as meninas vendidas em todos os cantos desse país, as que se prostituem nos sinais, as que são entregues em casas de tolerância do norte ao sul, as que fazem qualquer coisa em troca de comida. Eu poderia juntar mil notícias do Brasil e mais um milhão do mundo inteiro com casos semelhantes. Essas meninas são menos vítimas porque não morreram? São menos vítimas porque não tiveram seus corpos dilacerados? São menos vítimas porque, como aparece numa decisão do STJ, meninas de 12 anos que se prostituem não podem ser estupradas, pois já não têm pureza. A não ser claro, que morram ou tenham terríveis sequelas físicas.

Meu argumento é que o caso da menina do Iêmen não é isolado. Pelo contrário. E mais, o Brasil assiste e fecha os olhos para casos desse tipo todos os dias. Ah, mas nós não permitimos casamentos com crianças? Não, mas permitimos que sejam prostituídas. Temos inúmeros graus de poder que acobertam, usam, estimulam e, sim, permitem que isso ocorra. Nossa indignação é válida, violenta e correta. Mas, há mais, desgraçadamente, há muito mais. E está ali, na esquina, não só no Iêmen.

O segundo ponto que gostaria de chamar atenção é a forma como a notícia foi construída no Ocidente e assim traduzida e vendida. Porque se observarmos com atenção é possível ver que o texto – vindo de uma agência de notícias alemã – não só nos encobre (encobre as desgraças do Ocidente e os homens ocidentais que viajam para países do terceiro mundo para usufruírem de sexo com crianças, meninas e meninos) como trabalha na construção dos “terríveis povos muçulmanos” que casam crianças com adultos. O texto jornalístico faz ênfases. Enfatiza que foi o padastro, porque afinal (isso é uma ironia) um pai nunca faria isso, não é mesmo? E lá retornamos nós aos contos de fadas em que todos os padastros e madrastas são intrinsecamente maus. Enfatiza a venda e o preço. Um pouquinho de história e sociologia e falar-se-ia em dote e não em venda. Só que dote nos parece aceitável e venda não. VENDA, com o perdão do trocadilho horroroso, vende muito mais notícias. É claro, podemos argumentar, mas dote não é uma espécie de venda também? Sim, dependendo do seu formato, é sim. E isso não é terrível? É, claro que é. Não é um absurdo que ainda exista? Com todo a certeza. No entanto, usar conscientemente, um termo que aumenta a monstruosidade do caso e o ódio contra os países árabes e suas inúmeras culturas e aspectos religiosos não pode nos passar desapercebido. Não, no momento político internacional que vivemos.

Meus comentários não pretendem esvaziar a notícia ou a justa indignação que causou. Apenas acredito que o caso e seu noticiamento comportam outras leituras. A mais grave de todas é o terceiro aspecto que eu gostaria de enfatizar: trata-se da permanência dessa cultura que objetifica as mulheres, que as esvazia de vontade, que faz da virgindade um tipo de troféu ou segurança da masculinidade. No mundo todo, assistimos regularmente as mulheres sendo tratadas como cidadãos de segunda classe, como apêndices do masculino. Isso está entranhado em nós, em nossos sistemas de pensamento, em nossa linguagem, em nossas condutas, na forma como lemos o mundo. Mais do que pensar nos inúmeros casos que assistimos ou somo informado, é preciso pensar em impedir que eles continuem a ocorrer. E para isso é preciso alterar a forma como encaramos o que é ser homem, o que é ser mulher. A revolução mundial é, antes de tudo, a superação deste mundo em que ser menina ainda é um vaticínio de azar em grande parte do planeta e ali, na nossa esquina.




Fonte: Sapatinhos Vermelhos . Sul21

Internautas alemães elogiam Dilma por cancelar viagem aos EUA e criticam Merkel




Deutsche Welle

Atitude da brasileira é considerada correta pela maioria dos leitores em sites de notícias alemães. Vários dizem esperar postura semelhante da chanceler federal Angela Merkel em relação a programa de espionagem dos EUA.

Anunciado às vésperas da eleição na Alemanha, o cancelamento da viagem da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, prevista para outubro, gerou manifestações de apoio dos internautas alemães nesta terça-feira (17/09) e acabou sendo comparado por eles à reação de líderes alemães às denúncias de espionagem da agência americana NSA.

A notícia foi muito comentada nos sites Tagesschau.de (de um dos principais telejornais do país) e Zeit.de (maior jornal semanal alemão). A maioria dos internautas elogiou a posição de Dilma e disse esperar postura semelhante da chanceler federal Angela Merkel.

No site do Tagesschau, um usuário escreveu: "Esta é a melhor reação". Outro escreveu, em português, "muito obrigado". "Merkel, Pofalla [chefe de gabinete da chanceler] e Friedrich [ministro do Interior] poderiam/deveriam aprender com a senhora Rousseff", afirmou outro.

Um usuário especulou que Merkel também pode ter sido espionada. "Ela iria exigir uma desculpa de Obama e adiar por tempo indeterminado uma viagem a Washington, até que tudo estivesse perfeitamente investigado e esclarecido? Inimaginável", lamentou.

No site do Die Zeit, um usuário disse esperar em vão reação semelhante da Alemanha. Outro criticou o comportamente "vergonhoso" dos políticos europeus, que tentam "minimizar o escândalo".

Alguns usuários também criticaram o fato de a imprensa alemã, de um modo geral, ter dado pouco destaque à notícia sobre a presidente brasileira.

As denúncias feitas pelo ex-colaborador da NSA Edward Snowden também envolveram a Alemanha, que teria sido alvo da espionagem dos EUA. As denúncias geraram indignação entre a opinião pública alemã e motivaram uma viagem do ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, aos Estados Unidos. Mais tarde, ele declarou num debate na televisão que os Estados Unidos não espionam a Alemanha.



Autoria: Alexandre Schossler – Edição: Renate Krieger

Fonte: Página Global


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Obama resta a alternativa de sair da pocilga ou continuar chafurdando na lama.




Por Georges Bourdoukan


Dilma não vai se encontrar com Obama.

E não podia ser diferente.

O Brasil é uma nação soberana e exige respeito.

Acabou a época em que Estados Unidos podiam fazer o que bem entendessem, com o apoio incondicional dos governos da Casa Grande e sua mídia servil.

Entre as muitas atitudes arrogantes adotadas recentemente pelo governo estadunidense, duas se destacam:

1-   A ordem, em solo brasileiro, de desrespeitar a autodeterminação  dos povos e ordenar o ataque contra a Líbia e;

2-   Espionar o Brasil a seu bel prazer sem um pedido de desculpas.

É o velho problema de se achar o dono do mundo. E o mais grave, ser assessorado por idiotas que se deixam enganar pelas manchetes da mídia nativa.

Talvez a senhora Dilma não faça idéia do alcance de sua atitude. Mas pode ter certeza que lavou a alma de todos aqueles que prezam seus países, mas temem o armamento do império.

Dona Dilma arrebentou os cadeados das senzalas.

O sr.Obama precisa entender  que a humanidade mudou - e continua mudando.

Ninguém, por mais poderoso que seja, conseguirá travar a roda da História.

A ele resta a alternativa de sair da pocilga ou continuar chafurdando na lama.


Fonte: Blog do Bourdoukan

Fidel Castro: Lembranças inesquecíveis






Por Fidel Castro, no diário Granma*

Lembrar os antecedentes e os monstruosos crimes cometidos contra os países com menos desenvolvimento econômico e científico, ajudará a todos os povos a lutar por sua própria sobrevivência

Há apenas três dias nos visitou um alto dirigente do Partido Comunista do Vietnã. Antes de partir me transmitiu a vontade de que eu elaborasse algumas lembranças de minha visita ao território libertado do Vietnã em sua heroica luta contra as tropas ianques no sul desse país.

Na verdade não é muito o tempo de que disponho quando grande parte do mundo se empenha em procurar uma resposta às notícias de que uma guerra, com o emprego de mortíferas armas, está a ponto de estourar em um canto crítico do nosso globalizado planeta.

Contudo, lembrar os antecedentes e os monstruosos crimes cometidos contra os países com menos desenvolvimento econômico e científico, ajudará a todos os povos a lutar por sua própria sobrevivência.

No dia 12 de setembro se completam 40 anos da visita de uma delegação oficial de Cuba ao Vietnã.

Numa reflexão que escrevi em 14 de fevereiro de 2008, publiquei dados sobre o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos da América, John McCain, humilhantemente derrotado em sua candidatura por Barack Obama. Este último, pelo menos, podia falar em termos parecidos aos de Martin Luther King, assassinado vilmente pelos racistas brancos.

Obama, inclusive, se propôs a imitar a viagem de trem do austero Abraham Lincoln, embora não tivesse sido nunca capaz de pronunciar o discurso de Gettysburg. Michael Moore lhe espetou: “Parabéns, presidente Obama, pelo Prêmio Nobel da Paz; agora, por favor, ganhe-o.”

McCain perdeu a presidência dos Estados Unidos, mas diligenciou para voltar ao Senado, de onde exerce enormes pressões sobre o governo desse país.

Agora é feliz, movimentando suas forças para que Obama descarregue o maior número de certeiros mísseis com capacidade de bater com precisão as forças vivas das tropas sírias.

Tão mortal é o gás Sarin como as radiações atômicas. Nove países já dispõem de armas nucleares que são muito mais mortíferas do que o gás Sarin. Dados publicados desde 2012 informam que Rússia possui aproximadamente 16.000 ogivas nucleares ativas e os Estados Unidos por volta de 8.000.

A necessidade de fazê-las explodir em questão de minutos sobre os alvos adversários, impõe os procedimentos para o uso das mesmas.

Uma terceira potência, a China, a mais sólida economicamente, já dispõe da capacidade para a destruição mútua assegurada com os Estados Unidos.

Israel, por sua vez, supera França e Grã-Bretanha em tecnologia nuclear, mas não admite que seja pronunciada uma palavra sobre os fabulosos fundos que recebe dos Estados Unidos e sua colaboração com este país nesse âmbito. Há poucos dias enviou dois mísseis para testar a capacidade de resposta dos destróieres estadunidenses no Mediterrâneo que apontam contra Síria.

Qual é então o poder de tão pequeno, mas avançado, grupo de países?

Para tirar a enorme energia derivada de um núcleo de hidrogênio é preciso criar um plasma de gás de mais de 200 milhões de graus centígrados, o calor necessário para forçar os átomos de deutério e trítio a se fusionarem e liberar energia, segundo explica uma notícia da BBC, que geralmente é bem informada sobre o assunto. Isso já é uma descoberta da ciência, mas quanto será preciso investir para tornar realidade tais objetivos.

Nossa sofrida humanidade espera. Não somos “quatro gatos-pingados”; somamos já mais de sete bilhões de seres humanos, a maioria esmagadora crianças, adolescentes e jovens.

Voltando às lembranças de minha visita ao Vietnã, que motivaram estas linhas, não tive o privilégio de conhecer Ho Chi Minh, o lendário criador da República Socialista do Vietnã, o país dos anamitas, o povo do qual tão elogiosamente falou nosso Herói Nacional José Martí no ano 1889 em sua revista infantil “A Idade de Ouro”.

No primeiro dia fiquei alojado na antiga residência do governador francês no território da Indochina, quando visitei esse país irmão em 1973, ao qual cheguei no dia 12 de setembro após o acordo entre os Estados Unidos e o Vietnã. Lá fui alojado por Pham Van Dong, na altura Primeiro Ministro. Aquele poderoso combatente, ao ficar sozinho comigo no velho casarão construído pela metrópole francesa, começou a chorar. Desculpe, me disse, mas penso nos milhões de jovens que morreram nesta luta. Nesse instante percebi em sua plena dimensão quão dura tinha sido aquela contenda. Também se queixava dos enganos que os Estados Unidos da América tinham utilizado contra eles.

Em uma síntese apertada utilizarei as palavras exatas do que escrevi na referida reflexão de 14 de fevereiro de 2008, logo que tive a possibilidade de fazê-lo:

“As pontes, sem exceção, ao longo do trajeto, visíveis desde o ar entre Hanói e o Sul, estavam, com efeito, destruídas; as aldeias, arrasadas, e todos os dias as granadas das bombas de racemo lançadas com esse fim, explodiam nos campos de arroz onde crianças, mulheres e inclusive idosos, trabalhavam na produção de alimentos”.

“Um grande número de crateras se observavam em cada uma das entradas das pontes. Não existiam então as bombas guiadas por laser, muito mais precisas. Tive que insistir para fazer aquele percurso. Os vietnamitas temiam que eu fosse vítima de alguma aventura ianque se soubesse de minha presença naquela zona. Pham Van Dong me acompanhou o tempo todo”.

“Sobrevoamos a província de Nghe-An, onde nasceu Ho Chi Minh. Nessa província e na de Ha Tinh morreram de fome em 1945, o último ano da Segunda Guerra Mundial, dois milhões de vietnamitas. Ficamos em Dong Hoi. Sobre a província onde radica essa cidade destruída lançaram um milhão de bombas. Cruzamos de balsa o Nhat Le. Visitamos um posto de assistência aos feridos de Quang Tri. Vimos numerosos tanques M-48 capturados. Percorremos caminhos de madeira na que um dia foi a Rota Nacional destroçada pelas bombas. Reunimo-nos com jovens soldados vietnamitas que se encheram de glória na batalha de Quang Tri. Serenos, resolutos, curtidos pelo sol e pela guerra, um ligeiro tique reflexo na pálpebra do capitão do batalhão. Não se sabe como conseguiram resistir a tantas bombas. Eram dignos de admiração. Nessa mesma tarde de 15 de setembro, regressando por uma rota diferente, pegamos três crianças feridas, duas delas muito graves; uma menina de 14 anos estava em estado de choque com um fragmento de metal no abdômen. As crianças trabalhavam a terra quando uma enxada fez contato casual com a granada. Os médicos cubanos que acompanhavam a delegação deram-lhes uma atenção direta durante horas e salvaram suas vidas. Fui testemunha, senhor McCain, das proezas dos bombardeamentos ao Vietnã do Norte, dos quais você se orgulha”.

“Por aqueles dias de setembro, Allende tinha sido derrubado; o Palácio de Governo foi atacado e muitos chilenos torturados e assassinados. O golpe foi promovido e organizado desde Washington.”

Lino Luben Pérez, jornalista da AIN, consignou em um artigo que publicou em 1 de dezembro de 2010, uma frase que pronunciei no dia dois de janeiro de 1966 no comício pelo sétimo aniversário da Revolução: ao Vietnã “estamos dispostos a dar-lhe não só o nosso açúcar, mas nosso sangue, que vale mais do que o açúcar!”.

Noutra parte do referido artigo, o jornalista da AIN escreveu: “Durante anos, milhares de jovens vietnamitas estudaram em Cuba várias especialidades, incluídos os idiomas espanhol e inglês, ao passo que outro número considerável de cubanos aprendeu lá sua língua”.

“Ao porto de Haiphong, no norte bombardeado pelos ianques, aportaram navios cubanos carregados de açúcar, e centenas de técnicos trabalharam durante a guerra nesse território como construtores”.

“Outros compatriotas fomentaram aviários para a produção de carne e ovos.”

“Constituiu um acontecimento transcendental o primeiro navio mercante dessa nação que entrou em porto cubano. Hoje, a colaboração econômica estatal ou empresarial e o entendimento político entre os dois partidos e suas relações de amizade se mantêm e multiplicam.”

Peço que me desculpem o modesto esforço de escrever estes parágrafos em nome de nossa tradicional amizade com o Vietnã.

Na manhã de hoje (10/09), o risco de que o conflito estoure com suas funestas consequências parece ter diminuído graças à inteligente iniciativa russa, que se manteve firme diante da insólita pretensão do governo dos Estados Unidos, ameaçando lançar um ataque demolidor contra as defesas sírias que podia custar milhares de vidas ao povo desse país e desatar um conflito de consequências imprevisíveis. O chanceler russo, Serguéi Lavrov, falou em nome do governo desse valente país e talvez contribua para evitar, no imediato, uma catástrofe mundial. O povo estadunidense, por sua vez, se opõe fortemente a uma aventura política que afetaria não só seu próprio país, mas toda a humanidade.

Fidel Castro Ruz

10 de setembro de 2013




*Tradução publicada no jornal Brasil de Fato



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