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terça-feira, 22 de julho de 2014

Rússia e Turquia renunciam ao dólar



Moscou e Ancara decidiram passar para rublos e liras turcas nos pagamentos recíprocos, comunicaram os chefes dos departamentos econômicos da Rússia e Turquia, Alexei Ulyukaev e Nihat Zeybekci, após o “encontro empresarial” dos G20 na Austrália.

Na opinião de peritos, uma das razões do afastamento do dólar é a posição da administração dos EUA, ou seja suas decisões imprevisíveis de introduzir sanções unilaterais contra participantes do mercado internacional.

O chefe da cátedra de relações internacionais da Universidade de Ufuk em Ancara, doutor em ciências políticas e professor Oya Akgonenc Mugisuddin compartilhou com a Voz da Rússia sua opinião sobre a influência de tais sanções unilaterais na situação no mundo:

Mugisuddin: As sanções são um instrumento jurídico internacional teoricamente admissível nas relações entre os Estados. Mas sua aplicação é admitida por uma série de condições. É necessário argumentá-las nitidamente. Por quem, contra quem e que sanções serão declaradas? À base de que e com que objetivo?

Em outras palavras, devemos falar em cada caso concreto não apenas das próprias sanções, mas também da competência do árbitro que autorizou sua aplicação. A tensão em todo o sistema das relações internacionais está crescendo imediatamente no caso da declaração arbitrária unilateral das sanções. A ordem mundial torna-se mais vulnerável, estruturas econômicas são sujeitas à pressão. O ambiente negativo universal não pode deixar de atingir em resultado os interesses do autor das sanções.

Voz da Rússia: Pelo visto, muitos países europeus recusaram-se por esta causa de aplicar sanções contra a Rússia?

Mugisuddin: Sem dúvida! No processo de tomada de resoluções na área da política externa, cada país considera em primeiro lugar seus próprios interesses. Inicialmente, Bruxelas havia apoiado as sanções americanas contra a Rússia, mas, posteriormente, renunciou a elas, porque essas sanções contrariaram abertamente os interesses dos países da UE.

Os europeus são ligados à Rússia por relações econômicas, políticas e históricas profundas. Destaque-se que não teve o último papel nisso a crescente desconfiança em relação aos americanos que estão vigiando constantemente seus parceiros europeus. Além disso, a América exige que os europeus lhe sejam subordinados incondicionalmente, inclusive em relação às sanções. Tal atitude irrita os países da União Europeia.

Voz da Rússia: No contexto da política de sanções imprevisível dos EUA, cada vez mais países preferem utilizar moedas nacionais em seus pagamentos recíprocos. A Turquia não é uma exceção. Isso foi declarado pelo ministro da Economia, Nihat Zeybekci, que propôs usar rublos e liras turcas em pagamentos russo-turcos. Como o Sr. avalia tal perspetiva?

Mugisuddin: Ultimamente, o mundo sobreviveu a uma série de crises financeiro-econômicas que atingiram tanto os EUA, como os países europeus. Esses acontecimentos tornaram-se possíveis inclusive em resultado da ineficiência das existentes instituições financeiras internacionais e da utilização da divisa única no comércio externo. Não todos os países têm uma economia igualmente potente e dispõem de sua própria moeda forte. A ligação à única divisa encerra consequências nefastas. Bastaria mencionar os problemas com que periodicamente deparavam vários países europeus só porque eles se juntaram da zona do euro.

A crise, contudo, contornou a Turquia em primeiro lugar porque o nosso país não faz parte da UE e não utiliza o euro no comércio externo. A Turquia ganhou em resultado da utilização da moeda nacional nas suas transações econômico-comerciais com vizinhos, inclusive com a Rússia, e agora tenta fixar esse mecanismo de pagamentos recíprocos. Não pode haver nada de mais natural. Hoje, para nós é vantajoso utilizar as divisas nacionais e não depender do dólar ou do euro.



Fonte: Voz da Rússia





2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Julgo que esta medida cria um precedente importante... Será que os BRICS avançarão com a criação de moeda própria?

BURGOS disse...

Rogerio

Não sei, mas acredito que os EUA junto com a banca sionista farão de tudo para que isso não ocorra.


Um grande abraço meu amigo

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