De acordo com o documento, ainda que tenha passado quase 60 anos desde a assinatura do Acordo de Armistício da Coreia, a guerra não terminou no sentido legal.
Devido à falta de um aparato institucional que garanta a paz, persiste na Península Coreana o estado instável de trégua, ou seja, nem paz, nem guerra.
Segue abaixo o texto resumido do memorando:
Por trás do estado de armistício que os EUA mantêm, há o “comando das forças da ONU”, fantasma da Guerra Fria, desprezando os constantes esforços do governo da RPDC para substituir o acordo referido por um convênio de paz.
De acordo com sua nova estratégia de defesa nacional, os EUA tentam tornar o “comando das forças da ONU” (será usado somente “comando” de agora em diante) como marco da Otan da versão asiática ao convertê-la em um “aparato de forças aliadas multinacionais”.
O objetivo implícito da estratégia mencionada, que veio a público em janeiro de 2012, reside em formar um cerco e, pela via militar, impedir que outra potência asiática cresça tanto a ponto de rivalizar com os EUA.
Para evitar a reação dos países interessados, os EUA tentam consolidar suas alianças com o método astuto de organizar não um novo aparato, mas restabelecer as funções do “comando” que existia nominalmente.
Por trás disso, há outro propósito estratégico de controlar de maneira mais intensa o Sul da Coreia como base avançada para o domínio da Ásia-Pacífico e do seu satélite com a missão de fazer a guerra de agressão. Impulsionam pouco a pouco os preparativos para ampliar o teatro operacional do “comando” a toda a extensão geográfica da Ásia-Pacífico.
Se os movimentos para fundar na região um bloco militar são tolerados, os outros países, que serão seus alvos, inevitavelmente os enfrentarão unidos.
Neste caso, começará naturalmente na região da Ásia-Pacífico a formação de grupos de países como aconteceu no passado na Europa e, por conseguinte, retornará a Guerra Fria e crescerá mais que do nunca o perigo de uma guerra nuclear. Se isso acontecer, o mais prejudicado será a Coreia do Sul.
Desde o princípio, o “comando” é uma organização ilegítima que veio abusando do nome da ONU, independentemente da vontade geral dos países membros. Se for levada em conta a composição da ONU transformada com o passar do tempo, ela está desvinculada desta organização internacional e não passa de um aparato subordinado aos EUA.
A ONU atual não é aquela da década de 1950, quando os EUA puderam fabricar “o comando” de acordo com seus caprichos. Passaram-se mais de 20 anos desde que a RPDC ingressou na ONU como digno membro pleno e mais de 40 anos desde que a China, outra signatária que assinou junto com a RPDC o Acordo de Armistício da Coreia diante da contraparte das “forças da ONU”, exerce a representação como membro permanente do Conselho de Segurança.
No entanto, está içada ainda em Phanmunjom [fronteira da RPDC com a Coreia do Sul] a bandeira da ONU, o que é o clímax do ato anacrônico e uma vergonha para o mesmo organismo internacional.
O “comando” deve ser desmantelado sem demora também para a recuperação da autoridade e imparcialidade da ONU. Este resquício de uma época passada já foi condenado à desintegração pela Assembleia Geral da ONU.
No 30º período de sessões da Assembleia Geral, realizado em novembro de 1975, foram aprovadas duas resoluções sobre o problema de dissolver “o comando”.
Então, o “comando” não era ainda uma força multinacional, mas era integrada somente pelas tropas norte-americanas que ocupavam a Coreia do Sul.
Enquanto era firmado o Acordo de Armistício, todos os 15 países membros da ONU, participantes na última guerra da Coreia, retiraram suas forças armadas de lá, exceto os Estados Unidos.
Se bem que os EUA insistiram que podem desintegrar o “comando” quando for instaurado outro aparato capaz de manejar a trégua, de fato, o atual estado de armistício não é administrado pelo “comando”.
Em março de 1991, os EUA nomearam bruscamente um general sul-coreano como delegado-chefe da parte das “forças da ONU” da Comissão Militar de Armistício, cargo que desde então um general norte-americano ocupava.
Desde que a parte das “forças da ONU” perdeu a representatividade, a Comissão Militar de Armistício ficou praticamente paralisada.
Por isso, a delegação do Corpo de Voluntários do Povo Chinês, que formava a parte Coreia-China da Comissão Militar de Armistício, se retirou em dezembro de 1994. Na substituição à anterior parte Coreia-China, nasceu a Representação do Exército Popular da Coreia (EPC) em Phanmunjom com a missão de manejar o armistício por parte da RPDC.
No decorrer do tempo, os membros da Comissão Supervisora das Nações Neutras perderam a neutralidade que tinham no momento da assinatura do Acordo de Armistício e, portanto, ela também ficou inabilitada.
Devido ao colapso do aparato anterior de controle do armistício, o “comando” se tornou um órgão testa-de-ferro que não tem contraparte com quem discute o mesmo trabalho. Desde então todos os problemas sobre a gestão do estado de armistício são consultados e tratados pelo EPC e as forças norte-americanas, em vez da parte Coreia-China diante das “forças da ONU”.
O fato de a RPDC e os EUA virem manejando eficientemente o estado de armistício por vários decênios, demonstra que não existe razão que impeça a dissolução do “comando”. Quanto a substituir o Acordo de Armistício por um outro de paz, o “comando” é um resquício da Guerra Fria que não serve para nada.
O Acordo de Armistício estipula que o problema da paz duradoura deve ser tratado na reunião política de um nível mais alto que o de comandantes militares. O superior político real do “comando”, signatário do acordo, não é a ONU, mas o governo norte-americano.
Houve muitos debates e acordos entre as partes interessadas para a transição do armistício para a paz duradoura, em nenhum momento se mencionou a solução que toma por premissa a existência do “comando”.
No entanto, o “comando” é reabilitado agora como instrumento de guerra das forças multinacionais. Trata-se de um problema incontornável para a segurança regional da Ásia-Pacífico.
Em seu truque barato para dissimular o caráter agressivo de sua estratégia sobre a Ásia-Pacífico, os EUA afirmam que o aumento das forças de defesa nacional da RPDC fosse um fator de agravamento da situação regional.
O desmantelamento imediato ou não do “comando” será o critério para pesar se os EUA vão manter ou não sua política hostil à RPDC e deseja a paz e estabilidade da região da Ásia-Pacífico ou a repetição da Guerra Fria.
A RPDC redobrará constantemente seus esforços para dissuadir a guerra de qualquer tipo até que os EUA tomem uma boa decisão e contribuam ativamente para a preservação da paz na Península Coreana e no restante da Ásia.
Fonte: Embaixada da RPDC no Brasil
Tradução: da Redação do Vermelho
Imagem: Google
Retirado do site Vermelho
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