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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Comunicado das FARC à CELAC


Em um comunicado emitido pelo Secretário do Estado Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP), a organização guerrilheira reconhece como um fato transcendental e sauda o nascimento da CELAC, expressando o desejo de que encaminhe a unidade dentro da concepção bolivariana. Assinala que o sentido da unidade latino-americana e caribenha, deve ser o de

“empreender o caminho até o novo mundo que sempre nos foi vetado pelo velho continente e o império norte-americano”.

Aproveitam para manifestar “profunda preocupação pela paz na Colômbia, que é a paz do continente”e denunciam “o aterrador número de vítimas de toda ordem, produzidas pelo regime colombiano”. Advertem que “a paz nunca será fruto de rendições humilhantes” nem por mudança de que tudo ficará igual. Pedem por “um diálogo com plenas garantias, de forma clara para o país, ao continente e ao mundo, com participação popular, que modele uma reestruturação institucional e política, e que abram as comportas para profundas reformas democráticas”. A continuação do texto completo segue abaixo:

Señoras y Señores

PRESIDENTES DE LA REPÚBLICA Y PRIMEROS MINISTROS

Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños CELAC

Caracas.

Apreciadas Señoras y Señores:

A transcendental reunião os senhores celebram, com o propósito de formalizar o nascimento da Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos, se constitui num importante acontecimento.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia do Exército do Povo, FARC_EP, os saudamos, expressando nosso desejo de que este empreendimento se converta no ponto de partida de um esforço que encaminhe as nações latino-americanas e caribenhas pelo caminho da unidade levando em conta os aspectos fundamentais da concepção bolivariana.

Graves contingências ameaçam hoje por hoje não somente o futuro de nosso continente ferido senão a todo o planeta, a espécie humana em seu conjunto. A Terra reclama ações urgentes para frear o desastre ambiental, sopram ventos de guerra nuclear, a economia mundial claudicante e velhos interesses, em seu exclusivo benefício, impõem aos povos o encargo de salvar-la. Nunca como agora se requer o protagonismo decisivo de toda essa humanidade silenciada.

Eis aqui, o significativo sentido da unidade latino-americana e caribenha, empreender o caminho até o novo mundo que sempre nos vetaram, o velho continente e o império norte-americano.

Aproveitamos para expressar nossa profunda preocupação pela paz na Colômbia, que é a paz do continente.

O traço característico de sua persistente classe dirigente tem sido a estranha e atávica inclinação a solucionar os conflitos econômicos e sociais, pela vida da imposições violentas. Nenhuma das grandes e cruéis ditaturas que no passado devastaram distintas nações neste continente, conta com o aterrador número de vítimas de toda ordem, produzidas pelo regime colombiano, somente nas últimas décadas.

Isso explica as dimensões do atual conflito armado interno, cuja conclusão parece prorrogar-se indefinidamente no tempo. A paz nunca será fruto de rendições humilhantes que contribuam para manter, por mais tempo, no poder os responsáveis desta tragédia nacional, jamais trocaremos o que alcançamos para que tudo continue igual.

Um diálogo com plenas garantias, de frente para o país, ao continente e ao mundo, com participação popular, que modele uma recomposição institucional e política e que abra as comportas para profundas reformas democráticas, é a fórmula que repetidamente temos requerido às FARC e que aspiramos se torne realidade, muito em breve.

Recentes acontecimentos, contrários as “piscadelas de bastidores”, revelam nula a inclinação do establishment de aceitar nossa postura. Em seu lugar insistem em sua pérfida acusação de narcotraficantes e terroristas, pretexto que lhes assegura o incondicional apoio dos Estados Unidos, revertido além do mais em uma crescente ingerência militar e política, bastante convenientes aos interesses estratégicos de dominação continental e mundial dessa potência.

Nas palavras do presidente Santos se não nos rendermos, nos espera a prisão ou o túmulo. Sua oferta de recompensas em milhões de dólares pela cabeça dos comandantes guerrilheiros, faz renascer os usos das Coroas europeias contra os indígenas e escravos negros rebeldes.

Não acreditamos sermos ousados, pensar que nestes novos tempos que nascem na América Latina e Caribe, que seus povos celebrariam como uma grande vitória a conquista de uma solução política na Colômbia.

Nosso abraço patriótico e bolivariano para este verdadeiro Novo Mundo que grita Basta e começa a andar sem que ninguém possa deter sua marcha de gigante.

SECRETARIADO DEL ESTADO MAYOR CENTRAL DE LAS FARC-EP

Montañas de Colombia, 1 de diciembre de 2011



Fonte: midiacrucis

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