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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Michel Chossudovsky: A opção salvadorenha para a Síria



Modelado nas operações secretas dos EUA na América Central, a "opção salvadorenha para o Iraque", iniciada pelo Pentágono em 2004 foi executada sob o comando do embaixador dos EUA no Iraque John Negroponte (2004-2005) em conjunto com Robert Stephen Ford, que em janeiro de 2011 foi nomeado embaixador dos EUA na Síria, menos de dois meses antes de começar a insurgência armada contra o governo de Bashar al-Assad.


Por Michel Chossudovsky, no GlobalResearch 
 
"A opção salvadorenha" é um "modelo terrorista" de assassinatos em massa por esquadrões da morte patrocinados pelos EUA. Ela foi aplicada primeiramente em El Salvador, no auge da resistência contra a ditadura militar, resultando em cerca de 75 mil mortes.

John Negroponte foi embaixador dos EUA em Honduras de 1981 a 1985. Como embaixador em Tegucigalpa ele desempenhou um papel chave no apoio e supervisão dos mercenários Contra nicaraguenses que estavam baseados em Honduras. Os ataques além fronteiras dos Contra, na Nicarágua, ceifaram cerca de 50 mil vidas civis.

Em 2004, John Negroponte foi nomeado embaixador dos EUA no Iraque, com um mandato muito específico.

Negroponte, o arquiteto dos esquadrões da morte. O embaixador estadunidense na Síria (nomeado em janeiro de 2011), Robert Stephen Ford, fez parte da equipe de Negroponte na Embaixada dos EUA em Bagdá (2004-2005). A "Opção salvadorenha" para o Iraque estabeleceu as bases para o lançamento da insurgência na Síria, em março de 2011, a qual começou na fronteira Sul, na cidade de Daraa.

Em relação a acontecimentos recentes, as matanças e atrocidades cometidas que resultaram em mais de 100 mortes incluindo 35 crianças na cidade fronteiriça de Hula, em 27 de maio, eles foram, com toda a probabilidade, executados sob o que pode ser descrito como uma "Opção salvadorenha para a Síria".

O governo russo exigiu uma investigação

"À medida que a informação goteja de Hula, Síria, próxima à cidade de Homs e da fronteira sírio-libanesa, torna-se claro que o governo sírio não foi responsável por bombardear até à morte cerca de 32 crianças e seus pais, como é periodicamente afirmado e negado pelas mídias ocidentais e mesmo a própria ONU. Parece, ao invés, que havia esquadrões da morte em quarteirões próximos – acusados por "ativistas" anti-governo como sendo "bandidos pró-regime" ou "milícias" e pelo governo sírio como trabalho de terroristas da Al-Qaida ligados a intrusos estrangeiros". (Ver Tony Cartalucci, Syrian Government Blamed for Atrocities Committed by US Sponsored Deaths Squads , Global Research, May 28, 2012)

O embaixador Robert S. Ford foi despachado para Damasco no fim de janeiro de 2011 no momento do movimento de protesto no Egipto. (O autor estava em Damasco em 27 de janeiro de 2011 quando o enviado de Washington apresentou as suas credenciais ao governo Al-Assad).

No princípio da minha visita à Síria, em janeiro de 2011, refleti sobre o significado desta nomeação diplomática e o papel que poderia desempenhar num processo encoberto de desestabilização política. Não previ, contudo, que esta agenda de desestabilização seria implementada dentro de menos de dois meses a seguir à posse de Robert S. Ford como embaixador dos EUA na Síria.

O restabelecimento de um embaixador dos EUA em Damasco, mas mais especificamente a escolha de Robert S. Ford como embaixador dos EUA, dá azo a um relacionamento direto com o início da insurgência integrada por esquadrões da morte em meados de março de 2011, contra o governo de Bashar al-Assad.

Robert S. Ford era o homem para este trabalho. Como "Número Dois" na embaixada do EUA em Bagdá (2004-2005) sob o comando do embaixador John D. Negroponte, ele desempenhou um papel chave na implementação da "Opção salvadorenha no Iraque" do Pentágono. Esta consistiu em apoiar esquadrões da morte e forças paramilitares iraquianas modeladas na experiência da América Central.

Desde a sua chegada a Damasco no fim de janeiro de 2011 até ser chamado de volta a Washington em outubro de 2011, o embaixador Robert S. Ford desempenhou um papel central em preparar o terreno dentro da Síria bem como em estabelecer contatos com grupos da oposição. A embaixada do EUA foi a seguir encerrada em fevereiro. Ford também desempenhou um papel no recrutamento de mercenários mujaedines junto a países árabes vizinhos e na sua integração dentro das "forças de oposição" sírias. Desde a sua partida de Damasco, Ford continua a supervisionar o projeto Síria fora do Departamento de Estado dos EUA.

"Como embaixador dos Estados Unidos junto à Síria – uma posição que o secretário de Estado e o presidente mantêm – trabalharei com colegas em Washington para apoiar uma transição pacífica para o povo sírio. Nós e nossos parceiros internacionais esperamos ver uma transição que estenda a mão e inclua todas as comunidades da Síria e que dê a todos os sírios esperança de um futuro melhor. O meu ano na Síria diz-me que uma tal transição é possível, mas não quando um lado inicia constantemente ataques contra pessoas que se abrigam nos seus lares". ( US Embassy in Syria Facebook page )

"Transição pacífica para o povo sírio"? O embaixador Robert S. Ford não é um diplomata vulgar. Ele foi o representante dos EUA em Janeiro de 2004 na cidade xiita de Najaf, no Iraque. Najaf era a fortaleza do exército Mahdi. Poucos meses depois ele foi nomeado o "Homem Número Dois" (Ministro Conselheiro para Assuntos Políticos) na embaixada dos EUA em Bagdá no princípio do mandato de John Negroponte como embaixador no Iraque (junho 2004 – abril 2005). Ford a seguir serviu sob o sucessor de Negroponte, Zalmay Khalilzad, antes da sua nomeação como embaixador na Argélia em 2006.

O mandato de Robert S. Ford como "Número Dois" sob o comando do embaixador Negroponte era coordenar fora da embaixada o apoio encoberto a esquadrões da morte e grupos paramilitares no Iraque tendo em vista fomentar a violência sectária e enfraquecer o movimento de resistência.

John Negroponte e Robert S. Ford, na embaixada dos EUA, trabalhavam em estreita colaboração no projeto do Pentágono. Dois outros responsáveis da embaixada, principalmente Henry Ensher (vice de Ford) e um responsável mais jovem na seção política, Jeffrey Beals, desempenharam um papel importante na equipe "conversando com um conjunto de iraquianos, incluindo extremistas". (Ver The New Yorker, March 26, 2007). Outro ator individual chave na equipe de Negroponte era James Franklin Jeffrey, embaixador dos EUA na Albânia (2002-2004).

Vale a pena notar que o recém nomeado chefe da CIA nomeado por Obama, general David Petraeus, desempenhou um papel chave na organização do apoio encoberto a forças rebeldes da Síria, na infiltração da inteligência síria e nas forças armadas.

Petraeus desempenhou um papel chave na "Opção salvadorenha do Iraque". Ele dirigiu o programa "Contra-insurgência" do Comando Multinacional de Segurança de Transição em Bagdá em 2004 em coordenação com John Negroponte e Robert S. Ford na Embaixada dos EUA.

A CIA supervisiona operações secretas na Síria. Em meados de março, o general David Petraeus encontrou-se com seu confrades da inteligência em Ancara, para discutir apoio turco ao Free Syrian Army (FSA) (CIA Chief Discusses Syria, Iraq With Turkish PM , RTT News, March 14, 2012)

David Petraeus, o chefe da CIA, efetuou reuniões com altos oficiais turcos ontem e em 12 de março, soube o Hürriyet Daily News. Petraeus encontrou-se ontem com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e seu colega turco, Hakan Fidan, chefe da Organização de Inteligência Nacional (MIT), no dia anterior.

Um responsável da Embaixada dos EUA disse que responsáveis turcos e americanos discutiram "muito frutuosamente as mais prementes questões da cooperação na região para o próximos meses". Responsáveis turcos disseram que Erdogan e Petraeus trocaram pontos de vista sobre a crise síria e o combate anti-terror. (CIA chief visits Turkey to discuss Syria and counter-terrorism | Atlantic Council , March 14, 2012)

Ver também:
 

Dr Bashar Al-Ja’afari’s Press Conference at the UN (resposta do embaixador da Síria à declaração da ONU acerca do massacre de Hula)
Phony ‘Hula Massacre’: How Media Manipulates Public Opinion For Regime Change in Syria
Syria: Guardian's Hula Massacre Propaganda Stunt Uses "Little Kid". Another case of reckless journalism aimed at selling war






Fonte: Resistir.Info,  Original no GlobalResearch
Imagem: Google (colocadas por este blog)

3 comentários:

maria disse...

Olá BURGOS: parabéns pela seleção de posts que vens divulgando, pois estás tentando ensinar história, que tanta falta faz para nos tornarmos criticamente competentes. Abraços

BURGOS disse...

Maria

Não tenho talento para escrever artigos, então reporto no Blog o que acho importante para que as pessoas tenham conhecimento e adquiram um senso crítico em relação as notícias.
É uma forma de tentar alertar e acordar as pessoas dessa letargia que a mídia mentirosa e manipuladora sempre nos impoem.


Um grande abraço minha amiga

Unknown disse...

Oi Burgos ,boa noite!

Assim como você também não sou boa para escrever e uma vez fui indagada a respeito de ter um blog em que não falo nada a meu respeito.
Apenas respondi que a muitas outras coisas muito mais interessante e extremamente necessário que seja dito do que meus contos enfadonho.

Então faço minha as palavras da querida Maria.
Lembranças da Pri:)

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