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domingo, 2 de dezembro de 2012
Superada crise em Gaza, Irã deve ser novo foco da diplomacia
Agora que a crise em torno do bombardeio israelense da faixa de Gaza foi desativada com o cessar-fogo mediado por Egito e Estados Unidos, em breve será hora de o mundo voltar-se a outro problema espinhoso do Oriente Médio: o programa nuclear do Irã.
Barack Obama resistiu corretamente à pressão de Israel por ação militar contra o Irã e deu sinais de que existe a possibilidade de conversações bilaterais com Teerã, pela primeira vez desde 1979.
Sua reeleição e o chamado que fez para que o país avance "para além deste tempo de guerra" abriram espaço para uma solução diplomática que restrinja o programa de enriquecimento de urânio no Irã a níveis não suficientes para uso em armas nucleares.
Dois anos atrás, a Turquia e o Brasil mediaram um acordo como esse. Hoje, isso poderia ser feito pela Índia, que tem histórico de relações cordiais com o Irã e de lá importa muito de seu petróleo.
O momento atual é o certo para uma iniciativa diplomática, por três razões.
Primeiro, o cessar-fogo em Gaza e a reeleição de Obama, que tornam improvável um ataque militar, produziram alívio considerável no Irã.
Em segundo lugar, até mesmo os falcões de linha mais dura nos EUA e em Israel já se conscientizaram da utilidade limitada e dos riscos extremamente altos que teria um ataque ao Irã.
Eles argumentam que "a destruição completa do programa nuclear iraniano seria improvável, e o Irã ainda conservaria a capacidade e experiência científica necessárias para reiniciá-lo".
Além disso, um ataque ao Irã, que tem mísseis capazes de atingir Israel, produziria uma conflagração no Oriente Médio. Representaria ainda um presente político enorme à linha dura iraniana e reforçaria o apoio à plataforma ultranacionalista.
De acordo com fontes militares e de inteligência dos EUA e de Israel, o Irã ainda não tomou a decisão de dotar-se ou não de bombas nucleares. Essa indecisão em pouco tempo daria lugar a um consenso pró-nuclear.
Em terceiro lugar, a campanha para as eleições nacionais no Irã, previstas para 2013, em pouco tempo fechará a janela de oportunidade para conversações.
A diplomacia pode ser realizada num "canal reservado" bilateral EUA-Irã e nas negociações agora iminentes entre o Irã e o P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha).
Agora que diminuiu o esforço para maximizar a "ameaça existencial" a Israel representada pelo Irã (ao mesmo tempo ignorando o fato de Israel, que já atacou outros países, ser o único Estado do Oriente Médio dotado de armas nucleares), o P5+1 pode adotar uma posição razoável nas negociações.
PRAFUL BIDWAI
Post Original: The Guardian
Fonte: Naval Brasil
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