Minha lista de blogs
sábado, 29 de dezembro de 2012
UMA SOCIEDADE DE MATADORES
Por Mauro Santayana
Em 17/12/2012
Uma sociedade que envia seus jovens ao mundo inteiro para matar, em nome dos negócios, não pode espantar-se com os massacres de seus adolescentes e suas crianças, como o de Columbine, e o de anteontem, em Newtown, em Connecticut. Muito da cultura norte-americana tem sido, desde a guerra deliberada contra os índios e o avanço para o Oeste, uma cultura da morte. Para formar exércitos de assassinos, é necessário adestrar seus possíveis integrantes para matar sem vacilações. Para isso é preciso criar os mitos, como os do heroísmo, da coragem, da ousadia, da força física, da astúcia dos predadores, contra os povos indefesos do mundo inteiro. É preciso reduzir o homem ao réptil que foi na origem dos tempos.
Ao mesmo tempo, essa sociedade tem dado ao mundo excepcionais pensadores, escritores e cineastas que, de certa forma, procuram compensar a brutalidade construída para a defesa dos poderosos titãs das finanças e das corporações industriais que, há mais de cem anos, vem conduzindo a economia e a política internacional, em seu proveito.
A idéia de matar é estimulada nos americanos desde a infância. Na adolescência, a arma de fogo, para muitos, é símbolo da masculinidade. E esse apego à violência e ao sangue tem sido exportado ao mundo inteiro pela sua fantástica indústria do entretenimento, na literatura, no cinema e, mais recentemente, nos jogos eletrônicos e nos enlatados da televisão.
A intimidade com o sentimento da morte gera também o medo, o pânico, e a vontade paranóica do suicídio. Todos os massacres nos Estados Unidos, e os que se repetem, por emulação, quase sempre terminam com a morte ou o suicídio dos assassinos.
O massacre de sexta-feira foi o mais pavoroso dos últimos anos. Como lembrou o presidente Obama, as crianças jamais conhecerão a adolescência, a alegria do amor da paternidade e da maternidade. Morreram por nada e, por nada, morreu o assassino.
Não há mais, no mundo, espaço para a segurança e a paz. A pequena cidade onde houve a tragédia era um oásis de sossego em Connecticut, um pequeno estado da Nova Inglaterra preferido por intelectuais e artistas americanos. Nos últimos dez anos, de acordo com as notícias, nela só houve um homicídio.
Preocupam-se muitos em salvar os animais em extinção, como os primatas, as serpentes, os tigres. É bom que sejam salvos: habitam o nosso mesmo mundo. Mas o homem já se encontra em extinção há muito tempo, esvaziado que se encontra do humanismo que o distinguia da vida selvagem. Estamos voltando à pré-história, mas dotados de fuzis, metralhadoras, mísseis e armas nucleares.
Ainda estamos chorando as crianças mortas, mas se o mundo continuar assim, de nossos olhos não descerão mais as lágrimas do sofrimento.
Fonte: Mauro Santayana, Terrorismo Climático
Imagem: Google
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
Como é difícil e perigoso ser criança...
Tudo caminha conforme a agenda da casa grande do não combinado com a estupidificada massa senzalada que parece adorar a sua escravidão sem poder (ou sem querer?) perceber que seu mundo já se acabou faz tempo.
Neros imperadores continuam jogando Espártaco(s) nas arenas e ninguém parece se preocupar com isso. Burrice, pão e circo religiosamente reciclados desde que o império se tornou "romano" e espalhou devastadoramente cristão seus tentáculos sobre o mundo dito incivilizado.
O Papa quer uma nova ordem mundial para mais mil anos da velha casa grande e senzala...
Sinto muito, sou grato.
Burgos, creio que a guerra é uma forma de eliminação em ambos os lados, pois os soldados que servem aos ditames da dominação para assegurar poder e mostrar "quem é que manda no pedaço", mesmo que estejam metendo o bedelho no quintal que fica do outro lado do mundo, são números também. A impessoalidade da guerra exige que assim seja. Números de um lado. Números de outro. Eliminação de um lado, eliminação do outro. Aos montes. E quando se fala em montes de pessoas eliminadas no Oriente Médio é normal, mas quando se matam meia dúzia de ocidentais dentro de casa (compatriotas controlados mentalmente fazendo o serviço) é notícia para meses...
Burgos, meu amigo,
Obrigado pelo teu trabalho.
Desejo-te tudo de bom.
Um abraço sincero
Aldo
Faço minha as tuas palavras. É exatamente isso que acontece em nosso mundo.
Um grande abraço meu amigo
Fernando
"Todos são números"
Assim determinou essa sociedade podre norte-americanizada-sionista, que julga que uma cultura é melhor do que a outra, que determina quais crianças são mais importantes, que se utiliza de armamentos bélicos como se fossem sementes, espalhando-as sobre a terra, fazendo crescer plantas de sofrimento regadas com lágrimas.
Na verdade todos somos inúmeros, inúmeros de indignados, inúmeros de amargurados, inúmeros de desesperançosos.
Um grande abraço meu amigo
Octopus
Eu é que tenho que agradecer a você pelo privilégio de ter a tua amizade.
Um grande abraço meu amigo
Postar um comentário