31/08/11
Por Altamiro Borges
A mídia golpista do Equador está desesperada. Em setembro de 2010, o jornal El Universo publicou matéria mentirosa afirmando que Rafael Correa havia ordenado abrir “fogo” contra os policiais que intentaram um golpe contra seu governo. O presidente não vacilou e entrou com processo na Justiça exigindo a retratação do jornal e do editor responsável pela calúnia, Emílio Palácio. Como não houve a retratação, em julho deste ano a Justiça condenou os diretores do jornal e Palácio a três anos de prisão e fixou multa de US$ 40 milhões. Os donos do El Universo, apavorados, afirmam que o pagamento levará o jornal à falência. Mas Rafael Correa já disse que não recuará um centímetro e que doará todo o dinheiro da indenização. “Não ficarei com 20 centavos”. Os “capangas da tinta”em carta publicada ontem no jornal El Ciudadano, o presidente se dirigiu aos funcionários da empresa. “Lamento pelos momentos difíceis que vocês e suas famílias estão passando, mas sou eu o responsável por esta situação ou são aqueles que utilizam o disfarce da ‘imprensa livre e independente’ para transbordar todo seu ódio contra nossa revolução de forma ilegal e ilegítima?”.Correa também tentou acalmar os funcionários, preocupados com a falência da empresa. Ele garantiu que tomará todas as medidas para “garantir” os empregos dos atingidos pela irresponsabilidade criminosa do jornal. Em várias oportunidades, o presidente do Equador já afirmou que não será refém dos “capangas da tinta”, que fazem uma oposição sistemática e golpista ao seu governo.Se houvesse a mesma firmeza de postura no Brasil, a Veja e outros “capangas” da mídia seriam mais cautelosos com as suas ações criminosas que maculam o jornalismo e a ética.
fonte: www.minutonoticias.com.br
Hoje 02 /09/2011
Matéria do Jornal Zero Hora (Rio Grande do Sul) na primeira página
“O totalitarismo se baseia no medo”, diz Emílio Palaccio, jornalista equatoriano exilado em Miami
Ex-editorialista do jornal El Universo diz que ainda está se adaptando à nova vida
Léo Gerchmann
Faz pouco menos de uma semana, e ele ainda está “se adaptando à nova vida”, uma vida de exilado que sonda as possibilidades de futuro com os filhos em algum lugar seguro.
Essa é a situação de Emilio Palacio, ex-editorialista do jornal El Universo, de Guayaquil, o maior do Equador. Palacio foi condenado, com os três diretores do jornal, a passar três anos na prisão e a pagar US$ 40 milhões de multa – US$ 10 milhões cada um.
Motivo: teria atacado a honra do presidente Rafael Correa em artigo no qual o chama de ditador e o responsabiliza pelas cinco mortes e 193 feridos resultantes do motim policial em 30 de setembro de 2010. Nesta entrevista a ZH, de Miami, ele volta a definir Correa como ditador.
ZH – O sr. foi condenado com os proprietários do jornal El Universo e saiu do Equador se dizendo perseguido pelo governo de Correa. O que houve além dessa condenação?
Palacio – Não saí do país somente por causa daquela decisão judicial. Há duas semanas, entraram com outra ação contra mim. O autor é a emissora de TV do governo, a Ecuador TV. É uma outra ação, porque eu disse que o canal do governo é um canal fascista. Mas não é só isso: eu vinha me sentindo sob grave perigo. Na semana passada, o procurador-geral do país me chamou para falar com ele. Queria que eu lhe fornecesse o nome de uma fonte anônima que me deu informações. É uma fonte que nada tem a ver com a ação judicial. Eu tenho o direito constitucional de não revelar o nome. É uma investigação jornalística. Se eu fosse ao encontro com ele e não revelasse o nome da minha fonte, ele iria me prender, sem esperar qualquer condenação.
ZH – Por isso, o sr. deixou o Equador, então?
Palacio – Foi porque me dei conta de que querem me prender antes que o processo se encerre. Vejo nisso uma perseguição muito preocupante. Por que querem me prender antes que termine o processo? Então, saí do Equador.
ZH – Desde quando o sr. se sente perseguido por Correa?
Palacio – Desde 2005, quando ele era ministro da Economia, e eu escrevi um artigo criticando-o. Desde então, ele não se esquece desse artigo. Volta e meia, volta a mencioná-lo, com ressentimento, seis anos depois.
ZH – Como o sr. define a personalidade do presidente?
Palacio – É um tipo de personalidade que têm os ditadores. Mas, além disso, há um projeto político. Ele tem de demonstrar que ninguém no Equador pode falar no 30 de setembro. É um tema tabu. Todos os documentos oficiais desse episódio foram declarados segredo de Estado. O presidente, para não ser responsabilizado pelas mortes, quer fazer do episódio um não fato. Para isso, a única maneira é impor o medo, destruir os meios de comunicação. Assim funciona o totalitarismo.
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