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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Brasil aconselha, mas é chamado de hipócrita


Os europeus resistem em admitir a gravidade da situação que vivem hoje e, para piorar, rosnam para quem ousa opinar ou dar conselhos sobre como sair da pior crise econômica que o continente já enfrenta e deverá conviver por muito tempo.

O blog “Beyondbrics” do jornal “Financial Times” acaba de chamar de “hipocrisia” os conselhos
dados por Dilma Rousseff durante a visita da presidente à Bélgica para o Fórum Empresarial
Brasil-União Europeia, em Bruxelas.

O artigo assinado por Samantha Pearson cita uma fala do discurso de Dilma no encerramento do
Fórum: “Rousseff adverte União Europeia sobre os riscos dos impostos restritivos” e completa:
“Sim, você leu certo. O país que ocupa a 152ª posição no ranking do Banco Mundial por causa do
seu sistema tributário desajeitado e pesado, está dando conselhos sobre impostos restritivos”.

“Além de irrealista, o conselho vindo do Brasil também soa como hipócrita”, diz Pearson, atacando a presidente brasileira por receitar medidas que incentivem o consumo e a criação de empregos para tirar a Europa da crise, evitando políticas fiscais muito restritivas que, segundo Dilma “durante a crise dos anos 80 vivida pelo Brasil, só fez aprofundar a estagnação da economia”.

O blog segue criticando os “políticos brasileiros que recentemente vêm se encarregando de resolver a crise financeira global, dando conselhos ao mundo desenvolvido”, num tom quase preconceituoso.

O artigo no “FT”, um dos jornais mais respeitados do mundo, cita ainda a tentativa do ministro
Guido Mantega de coordenar uma ajuda dos Brics (Brasil, Russia, India, China e África do Sul) aos países europeus, “sem ter consultado os parceiros”.

“Guido Mantega, ministro do Brasil, tem sido um dos pioneiros nesse sentido. Depois de uma subida para a fama graças ao seu discurso contra a “guerra cambial”, Mantega propôs um pacote de resgate um pouco maluco para a zona do euro. O problema é que ele não consultou os outros países do Brics”.

Em outro momento, insinuando uma audácia do Brasil, que a autora chama de “recém-descoberto global”, o artigo questiona como o país poderia ajudar países como a Itália, que tem um PIB per capita três vezes maior que o brasileiro.

A reação do blog do “FT” contra o Brasil repete uma atitude frequente e recente dos europeus
contra os “colonizados” que queiram ajudar o continente.
Na última visita que fez para reunião dos ministros das finanças dos principais países da Europa na Polônia, há 25 dias, o secretário doTesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, foi praticamente escorraçado do encontro.

Muitos líderes europeus falaram abertamente que os americanos tinham problemas maiores para resolver antes de dar conselhos aos europeus.

A negação dos líderes europeus e o artigo do “FT” podem reforçar o que muitos analistas temem
como efeito perigoso da crise na Europa. O fortalecimento de um movimento nacionalista, fechando as portas para o diálogo, a coordenação e um consenso sobre os caminhos possíveis.

A crise pode ter começado na Europa, mas já se espalhou pelo mundo e vai se abater sobre sociedades, economias, sem escolher o tamanho do PIB ou quem tem o melhor sistema tributário do mundo.


Fonte: defesabr.com, Financial Times

2 comentários:

P. P. P. disse...

Um amigo me escreveu dizendo que eu deveria ler o artigo publicado no FT sobre o Brasil. Assim, veria que é uma bobagem essa história de ficarmos dando conselhos aos europeus.
Li o artigo. Encontrei nele uma série de chavões colonialistas, um tom absolutamente ressentido, e nenhum argumento que pudesse concluir que o Brasil não tem nada a ensinar à turma lá de cima.
De onde partiu, não se poderia esperar outra coisa. Os ingleses, responsáveis pelo FT, em particular, têm bons motivos para se sentir ultrajados pelas opiniões da presidente Dilma Rousseff.
Afinal, nos últimos tempos, foram relegados a um segundo plano incômodo, quase vexatório, no cenário mundial, patinando economicamente e se tornando, politicamente, uma mera linha auxiliar dos interesses americanos.
O Brasil, em contrapartida, se elevou notavelmente no conceito dos povos, e hoje faz parte da direção das mais importantes entidades e é protagonista de praticamente todos os fóruns internacionais relevantes.
Dá para entender o artigo do FT. É simplesmente fruto da inveja de quem, por genética ou por herança cultural, não concebe a ascensão de quem não seja "nobre", um seu "igual".
Interessante é ver que todas as manifestações dessa tal "nobreza" nada mais são agora que um símbolo de um poder perdido faz muitos anos, por excesso de arrogância e a mais completa ignorância sobre o curso da história.
Diz um ditado popular que o hábito do cachimbo faz a boca torta: ele cai como uma luva para a autora do tal artigo.
Quanto ao meu amigo, sinto muito por ele não ter ainda se livrado do maldito complexo de vira-latas que ainda, e apesar de tudo, domina muitos dos bons brasileiros.

Cara Pálida disse...

Se os europeus acham hipócrita os conselhos da Presisdente do Brasil, pois então que morram com a razão. Só quero lembrar para este blog cujo nome é impronunciável de que:

Os europeus estão em crise porque são perdulários e burros, senão vejamos:

Colonizaram a América (expolirama as riquezas, praticaram genocídio).
Colonizaram a Ásia, a India a África...

E nos os colonizados, roubados de todas as maneiras seja através de contratos "legais" seja através da força como ocorreu no passado, certamente temos muita experiência em passar por dificuldades e possivelmente aprendemos alguma cosisa com as crises que nos foram impostas.

E me vem um blog cara-de-pau a achincalhar um conselho dado por um país da periferia das decisões.

Onde foi que os europeus perdulários e burros enfiaram todo o ouro, toda a prata que roubaram das colônias, onde foi que enfiaram toda a riquesa construida pelos países periféricos, suas ex-colônias.

Então que sigam os conselhos do FMI ou vão se queixar para o Papa, afinal ele mora bem petinho.

Abraços

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