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sábado, 29 de outubro de 2011

"Humanitarista" Obama na rota de UGANDA




E após a Líbia? A "Primavera Árabe" sob as rédeas da OTAN

por Husc em 28/10/2011

A morte de Muammar Kadafi, executado por seus captores após 216 dias de ataques aéreos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e quase um mês de um violento cerco à sua cidade natal, Sirte, que a transformou em um monte de ruínas fumegantes, deixa o futuro da Líbia pendurado em muitas incertezas e o mundo às voltas com uma interrogação: quem será o próximo alvo da “responsabilidade de proteger”, o novo eufemismo para justificar intervenções motivadas pelo controle de recursos naturais?

Não por outro motivo, a Rússia e a China não se melindraram em vetar a mais recente tentativa de imposição de sanções contra a Síria, onde o governo de Bashar al-Assad também está às voltas com uma rebelião interna (para a qual alguns integrantes da OTAN têm proporcionado um considerável apoio externo). “A resolução ocidental está carregada com a repetição de um cenário líbio, embora seus coautores estejam tentando convencer-nos do contrário”, disse sem rodeios o chanceler russo Sergei Lavrov, em 22 de outubro (Novosti, 22/10/2011).

Entretanto, o governo dos EUA não esperou o desfecho da batalha em Sirte para anunciar o próximo objetivo de sua agenda “humanitária”. Em 14 de outubro, o presidente Barack Obama anunciou o envio de 100 militares das forças especiais a Uganda, para atuar como “assessores” do governo do presidente Yoweri Museveni, na luta contra o grupo armado Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês). Embora o LRA se assemelhe mais a um bando de salteadores e estupradores do que a uma força guerrilheira e esteja em ação desde o final da década de 1980, poucos acreditam que Obama teria se incomodado em ajudar seu colega ugandense, no poder desde 1986, se a África não estivesse no centro da agenda estratégica de uma renovada disputa por recursos naturais. Além do fato de uma importante jazida petrolífera ter sido descoberta em território ugandense, no início deste ano, outra motivação da Casa Branca é a crescente presença chinesa no continente. Como afirma o veterano jornalista estadunidense Eric Margolis, especialista na estratégia geopolítica de seu país: “Os EUA também estão preocupados com a penetração chinesa na região, com o fato de que eles vão engolir todos os recursos econômicos e ganhar influência nos governos regionais. Então, talvez, os EUA queiram deter esse avanço chinês na África Central (Russia Today, 19/10/2011).”

Com o assassinato de Kadafi, após a sua rendição e, portanto, um prisioneiro de guerra que fazia jus às normas da Convenção de Genebra, os EUA e seus aliados da OTAN transmitem ao mundo um claro “recado”, quanto ao que poderão esperar quaisquer líderes que se oponham aos seus planos hegemônicos. A todas as luzes, tal agenda transcende qualquer consideração por um arremedo de ordem jurídica civilizada, como, aliás, os EUA já haviam demonstrado, no final de setembro, com o assassinato extrajudicial de Anwar al-Awlaki, clérigo islâmico de cidadania estadunidense ligado à rede Al-Qaida no Iêmen, alvo de um ataque com um veículo aéreo não tripulado (drone) – modalidade que vem se tornando a mais nova especialidade estadunidense.

Por outro lado, sendo a Líbia uma sociedade essencialmente tribal e sem instituições intermediárias entre o Estado – antes encarnado na liderança de Kadafi – e a sociedade como um todo, a presença física da OTAN poderá acabar representando a única força institucional capaz de impedir que o país mergulhe em uma guerra civil ainda mais virulenta e destrutiva do que a campanha contra Kadafi. Com isso, a Aliança Atlântica também asseguraria uma base de operações no Norte da África, fundamental para o “novo Grande Jogo” no continente, como já o apelidam alguns observadores.

Da mesma forma, com a intervenção na Líbia, os estrategistas da OTAN asseguram um “enquadramento” dos movimentos sociais da Primavera Árabe nos moldes convenientes à sua agenda hegemônica. A propósito, vale observar o cândido e revelador comentário do sítio israelense Debka File (24/10/2011), tido como um porta-voz informal do serviço de inteligência Mossad: “É crescentemente óbvio que sem a intervenção ativa dos EUA, Grã-Bretanha, França e Alemanha, por si mesmos, os rebeldes anti-Kadafi nunca teriam derrotado Kadafi ou sido capazes de acabar com a sua vida. A maneira em como o episódio líbio se desdobrou ao seu final tem duas importantes mensagens para o Oriente Médio e o Norte da África:

1) os EUA e seus aliados da OTAN não têm quaisquer escrúpulos quanto a erradicar ditaduras, de um jeito ou de outro. A oposição na Síria apanhou rapidamente a mensagem…;

2) um objetivo da Primavera Árabe, tal como promovida pelos EUA e a Aliança Ocidental é a substituição dessas ditaduras por regimes muçulmanos fundamentalistas, cujos líderes introduzam francamente a lei islâmica sharia nos países "libertados.”



Movimento de Solidariedade Íbero-americana



Fonte: Blog do Ambientalismo
Imagem: retiradas do google e colocadas por este blog

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