Por Jacob David Blinder
O apartheid foi um dos regimes de discriminação mais cruéis de que se tem notícia no mundo. Ele vigorou na África do Sul de 1948 até 1990 e durante todo esse tempo esteve ligado à política do país. A antiga Constituição sul-africana incluía artigos onde era clara a discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo maioria na população.
O apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos, pois os negros não podiam ser proprietários de terras, não tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver em zonas residenciais separadas das dos brancos.. Mais recentemente surge um apartheid tão discriminatório quanto foi o existente na África do Sul – é o famigerado apartheid realizado pelos sionistas de Israel.
A Construção por parte de Israel do denominado Muro do Apartheid na Palestina ocupada (que está planejado para possuir 700 km de extensão) constitui uma grave violação dos Direitos Humanos e do Direito Internacional . O muro está construído dentro de um contexto de ocupação ilegal que Israel pratica na Cisjordânia e em Gaza desde 1967 e seu trajeto incorpora assentamentos sionistas ilegais e simultaneamente divide aldeias e pequenas cidades palestinas provocando um gigantesco apartheid na região, separando pais de filhos, alunos de escolas e pessoas que necessitam o apoio de médicos e hospitais.
Tudo isso acontece porque Israel não cumpre os acordos internacionais celebrados sob auspicio da ONU já que é protegido abertamente e vergonhosamente por Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental gerando assim a impunidade, a opressão e a colonização dos palestinos.
Quando é que terminará a criminosa limpeza étnica pratica pelos sionistas de Israel? Quando terminará as demolições/expropriações ilegais praticadas na Palestina ocupada? Até quando Israel afrontará a humanidade construindo humilhantes muros de Apartheid?
O vídeo abaixo mostra como está implantado o vergonhoso muro do Apartheid na Palestina ocupada por Israel.
Fonte: IrãNews
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12/03/2012
Por Sandra Guimarães
Meu trabalho no campo de refugiados
... quebrei uma promessa que fiz a mim mesma: manter o Papacapim apolítico e não misturar ocupação militar e comida pra evitar indigestão. Mas quem eu estava tentando enganar? Comer é um ato político. A maneira como me alimento e as receitas desse blog são motivada por razões políticas (e éticas). Faz quatro anos que sou ativista pelos direitos humanos e animais em tempo integral e política ocupa a minha mente na maior parte do meu tempo acordada (dormindo também). O conteúdo desse blog é fortemente influenciado pelas minhas opiniões e princípios, logo o Papacapim é fundamentalmente político. Por isso decidi mostrar hoje uma parte da minha vida que até então ficou de fora do blog.
Escola da ONU dentro do campo de Aida e o muro de separação (construído por Israel) ao fundo. |
Comecei a trabalhar nos campos de refugiados assim que cheguei na Palestina. Pra quem não sabe, esses campos foram criados pela ONU pra acolher os palestinos que tinham sido expulsos de suas terras durante a criação do estado de Israel, entre 1946 e 1948. São refugiados em seu próprio país, ou melhor, no que restou do seu país. Simplificando muito, é como se a população do Norte e Nordeste do Brasil tivesse sido expulsa por colonizadores e fosse obrigada hoje a se refugiar na outra metade do Brasil, pois suas terras viraram outro país e eles já não são mais benvindos por lá.
Campo de refugiados de Aida, em Belém. |
No início os campos eram imensas aglomerações de barracas, sem luz nem água encanada. Todos, inclusive a ONU, achavam que aquela situação era provisória e que os palestinos voltariam pras suas cidades e vilarejos de origem em pouco tempo, afinal não era possível expulsar 700 mil pessoas de suas terras e ficar por isso mesmo. As barracas se transformaram em casas de alvenaria e 64 anos depois eles estão no mesmo lugar, esperando que a resolução 194 da ONU, que garante o direito dos refugiados ao retorno, seja executada. Hoje eles são 5 milhões (fonte relatório da ONU, 2010), o maior grupo de refugiados do mundo, e vivem em campos espalhados pela Cisjordânia e Faixa de Gaza (os territórios palestinos) e pelos países árabes vizinhos. Embora alguns refugiados tenham conseguido se instalar em cidades, a grande maioria ainda vive nos campos. (Mais informações sobre os refugiados palestinos no site da UNRWA – Agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos).
Aqui em Belém tem três campos, Deheisha, Aida e Aza. Embora eu já tenha feito projetos em outros campos, hoje só trabalho em Aida, onde morei durante a maior parte do meu primeiro ano aqui. A população desse campo é de 5 mil habitantes, espremidos em uma área de 710m² (sim, menos de 1km²). 60% da população tem menos de 15 anos e a taxa de desemprego é de quase 70%. A vida nos campos é extremamente difícil e o meu projeto tentar melhorar um pouco a situação econômica de algumas famílias, criando uma fonte de renda alternativa. Noor (que significa “luz” em Árabe) é um projeto independente criado por e para mulheres refugiadas que tem um filho deficiente. Por que somente mulheres que tem filhos deficientes? Porque depois de conversar com o diretor do campo, um bom amigo meu, ele explicou como a vida dessas mulheres era difícil, mais ainda do que as outras. Como o projeto é independente, todos trabalham de maneira voluntária (sem remuneração) e organizo aulas de culinária palestina pra patrocinar nossas atividades. Também organizo hospedagem no campo, na casa das famílias, pra estrangeiros que queiram fazer uma imersão total na cultura palestina e aprender Árabe.
O muro foi construído a poucos metros das casas. A construção começou em 2002 e continua até hoje. Quando terminado, o muro terá 760 km, o dobro da linha verde. |
Criei esse projeto dois anos atrás com a ajuda de uma voluntária belga. Já faz um ano que ela voltou pra Bélgica, mais ainda nos ajuda muito e graças a ela quatro crianças do projeto vão à escola. No campo tem duas escolas da ONU, uma pra meninos e outra pra meninas, mas eles não aceitam crianças deficientes (por não terem capacidade de atender às suas necessidades). Em Belém e Beit Jala (a cidade colada à Belém) tem escolas pra crianças deficientes, mas são particulares e as famílias do projeto não têm condições de pagar a mensalidade (equivalente a 150 reais). Graças à minha amiga, um pequeno grupo de belgas (conhecidos dela) patrocina a educação dessas quatro crianças... (Veja o post completo aqui)
Fonte: Blog Papa Capim
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