Angola
As manchas de petróleo que poluem, há três semanas, uma grande extensão da orla marítima do país, no município do Ambriz, na província do Bengo, passando pelo Nzeto, comuna de Kinzau (Tomboco) até ao Soyo, Zaire, continuam a sua progressão de Sul para Norte, tendo em conta o clima e as correntes marítimas.
O Jornal de Angola apurou na região que não se sabe ao certo se o derrame já foi estancando à partir da fonte, por ausência de uma informação oficial. O disperse teve origem no Bloco 3, em Offshore (mar), no poço petrolífero (Submerso), denominado por Wombo, que tem como operadores a Total e a Sonangol.
O derrame, que está por esclarecer por quem de directo, continua a estender-se de Sul para Norte da região, tendo em conta as correntes marítimas, afectando grande extensão da costa do país, cujas consequências no âmbito da fauna e flora estão por se determinar.
As manchas, que se movimentam a grande velocidade, além de já terem afectado a orla marítima do município do Ambriz, também já causam problemas em toda costa do Zaire e está a atingir a foz do rio com o mesmo nome, no município do Soyo. A acontecer, coloca em risco a biodiversidade, uma vez que o rio Zaire é tido como habitat e local de desova de muitas espécies marinhas, como tartarugas e cágados, entre outros.
Manuel Salvador, do departamento provincial do Ambiente no município do Soyo, que acompanha de perto o sucedido, referiu ser prematuro fazer-se um esclarecimento sobre a situação, uma vez que o governo do Zaire se prepara para fazer uma declaração sobre o caso. Enquanto se trabalha na contenção do derrame, está suspensa a actividade pesqueira ao longo da costa da província do Zaire, no sentido de se prevenir eventuais consequências que possam advir do consumo de peixe contaminado pelo petróleo bruto.
Na sequência das manchas que se apoderam da costa e que estão a afectar os meios dos pescadores da região, sobretudo as redes, estes já começam a ressentir-se dos efeitos do referido derrame e antevêem uma situação que pode complicar as suas vidas, já que dependem unicamente da pesca, disse o especialista pelo Ambiente.
O ancião Bernardo Yaba, pescador de profissão que comandava um grupo de homens do mar que se preparava para lançar o arrastão, disse à reportagem do Jornal de Angola ainda não ter recebido qualquer notificação dando conta da proibição da actividade pesqueira na região.
“Enquanto não houver uma proibição oficial por parte de quem de direito, não podemos parar, porque não sabemos como garantir a alimentação das nossas famílias. Nós só dependemos da pesca, não temos outra profissão”, sublinhou.
Questionado sobre os perigos que o derrame pode causar à vida das pessoas, disse não ter outra alternativa de momento, mas garantiu que se a sua actividade for afectada na totalidade vai ter de parar e salvaguardar a vida humana.
Bernardo Yaba considera que as autoridades administrativas da região devem responsabilizar os responsáveis pelo derrame, para se estancar a progressão das referidas manchas que afectam a costa e a actividade pesqueira, e colocam em risco a fauna marinha e os seres humanos que têm o mar como uma das suas principais fontes de alimentação.
“Nós, que fazemos pesca de arrastão, o que por vezes nos obriga a mergulhar e puxar a rede, podemos ser afectados por doenças dermatológicas, pelo que pedimos ao governo da província que faça alguma coisa, para pôr termo aos derrames. Como se pode ver, toda a praia do Quinfuquena está muito afectada pelas manchas do petróleo”, disse Bernardo Yaba.
Igualmente preocupado está o pescador da localidade do Tombe, António Nkutxi, 27 anos, que referiu ser a terceira vez que um derrame do género ocorre naquela localidade, sem que alguém faça alguma coisa para responsabilizar os culpados. Razão pela qual pede às autoridades competentes que chamem à responsabilidade os causadores, no sentido de se evitarem incidentes semelhantes no futuro.
“Estamos muito preocupados com a situação, porque esta é terceira vez que se verifica um derrame que afecta a nossa costa e as nossas vidas, pelo facto de vivermos da pesca. Desde sábado que não vamos ao mar e a consequência é a fome. Estamos a ser prejudicados”, acrescentou. Para ele, se não for estancado o derrame vai haver penúria alimentar na localidade do Tombe. “Eu perdi uma rede. Como vêem, esta rede foi contaminada pelo petróleo bruto que vem do mar e que está a afectar toda a areia da praia”, acrescentou.
Por seu turno, o conselheiro do soba do Tombe, António Malúndama, disse que os habitantes já passam fome, porque não há nenhum pescador que se faça ao mar por o derrame estar a afectar todos os recursos de pesca que utilizam.
“Enquanto dura o derrame, vivemos de alguns produtos do campo, o que não é suficiente, porque estamos na fase de preparação dos campos para posteriormente lançar as sementes”, acrescentou.
Somoil preocupada
A Somoil FSFT, empresa petrolífera de direito angolano que opera em Onshore (terra) no município do Soyo, mostrou-se preocupada com o sucedido e predispôs-se a ajudar no combate das manchas que afectam a costa marítima da região. O superintendente geral da referida empresa no Soyo, José Maria, disse ao Jornal de Angola terem sido surpreendidos por uma informação telefónica, no passado dia 3, que dava conta da presença de manchas de petróleo ao longo da costa do Soyo, mais precisamente na localidade do Tombe.
Ao constatar o sucedido, a empresa accionou o seu sistema contra derrames que se deslocou de imediato ao terreno e constatou o que designou de “triste realidade”.
“Ao fiscalizarmos a costa toda, constatamos que as praias da Sereia e Kinfuquena evidenciavam pequenas manchas de petróleo, mas a do Tombe apresentava uma enorme quantidade.
De seguida, verificámos o nosso sistema para avaliarmos se, por acaso, o derrame tinha proveniência das nossas instalações, mas concluímos que não vinha de lá”, disse. Uma vez que as manchas não tinham origem nas instalações da Somoil, informaram a equipa de combate a derrames da Sonangol Pesquisa e Produção, que se deslocou de seguida ao terreno e garantiu que a qualquer momento começava a combatê-las.
De acordo com José Maria, não é possível precisar a quantidade de óleo derramado no mar e a dimensão das manchas, mas elas continuam a progredir.
“Ao longo desta semana, as manchas atingiram em grande quantidade a orla marítima das praias da Sereia e Quinfuquena, no Soyo, mas não podemos assegurar exactamente qual a sua origem, só sabemos que elas vêm do mar. A informação chegou-nos ontem à noite e logo pela manhã nos deslocámos ao terreno. Constatámos a existência de uma enorme quantidade de manchas ao longo das referidas praias, mas a equipa de combate aos derrames da Sonangol Pesquisa e Produção já está informada”, acrescentou.
A reportagem do Jornal de Angola no Soyo continua a encetar esforços junto da Sonangol Pesquisa e Produção, no sentido de obter mais esclarecimentos relacionados com o derrame, uma vez ser a subsidiária da Sonangol E.P.
Fonte: Jornal de Angola
Questionado sobre os perigos que o derrame pode causar à vida das pessoas, disse não ter outra alternativa de momento, mas garantiu que se a sua actividade for afectada na totalidade vai ter de parar e salvaguardar a vida humana.
Bernardo Yaba considera que as autoridades administrativas da região devem responsabilizar os responsáveis pelo derrame, para se estancar a progressão das referidas manchas que afectam a costa e a actividade pesqueira, e colocam em risco a fauna marinha e os seres humanos que têm o mar como uma das suas principais fontes de alimentação.
“Nós, que fazemos pesca de arrastão, o que por vezes nos obriga a mergulhar e puxar a rede, podemos ser afectados por doenças dermatológicas, pelo que pedimos ao governo da província que faça alguma coisa, para pôr termo aos derrames. Como se pode ver, toda a praia do Quinfuquena está muito afectada pelas manchas do petróleo”, disse Bernardo Yaba.
Igualmente preocupado está o pescador da localidade do Tombe, António Nkutxi, 27 anos, que referiu ser a terceira vez que um derrame do género ocorre naquela localidade, sem que alguém faça alguma coisa para responsabilizar os culpados. Razão pela qual pede às autoridades competentes que chamem à responsabilidade os causadores, no sentido de se evitarem incidentes semelhantes no futuro.
“Estamos muito preocupados com a situação, porque esta é terceira vez que se verifica um derrame que afecta a nossa costa e as nossas vidas, pelo facto de vivermos da pesca. Desde sábado que não vamos ao mar e a consequência é a fome. Estamos a ser prejudicados”, acrescentou. Para ele, se não for estancado o derrame vai haver penúria alimentar na localidade do Tombe. “Eu perdi uma rede. Como vêem, esta rede foi contaminada pelo petróleo bruto que vem do mar e que está a afectar toda a areia da praia”, acrescentou.
Por seu turno, o conselheiro do soba do Tombe, António Malúndama, disse que os habitantes já passam fome, porque não há nenhum pescador que se faça ao mar por o derrame estar a afectar todos os recursos de pesca que utilizam.
“Enquanto dura o derrame, vivemos de alguns produtos do campo, o que não é suficiente, porque estamos na fase de preparação dos campos para posteriormente lançar as sementes”, acrescentou.
Somoil preocupada
A Somoil FSFT, empresa petrolífera de direito angolano que opera em Onshore (terra) no município do Soyo, mostrou-se preocupada com o sucedido e predispôs-se a ajudar no combate das manchas que afectam a costa marítima da região. O superintendente geral da referida empresa no Soyo, José Maria, disse ao Jornal de Angola terem sido surpreendidos por uma informação telefónica, no passado dia 3, que dava conta da presença de manchas de petróleo ao longo da costa do Soyo, mais precisamente na localidade do Tombe.
Ao constatar o sucedido, a empresa accionou o seu sistema contra derrames que se deslocou de imediato ao terreno e constatou o que designou de “triste realidade”.
“Ao fiscalizarmos a costa toda, constatamos que as praias da Sereia e Kinfuquena evidenciavam pequenas manchas de petróleo, mas a do Tombe apresentava uma enorme quantidade.
De seguida, verificámos o nosso sistema para avaliarmos se, por acaso, o derrame tinha proveniência das nossas instalações, mas concluímos que não vinha de lá”, disse. Uma vez que as manchas não tinham origem nas instalações da Somoil, informaram a equipa de combate a derrames da Sonangol Pesquisa e Produção, que se deslocou de seguida ao terreno e garantiu que a qualquer momento começava a combatê-las.
De acordo com José Maria, não é possível precisar a quantidade de óleo derramado no mar e a dimensão das manchas, mas elas continuam a progredir.
“Ao longo desta semana, as manchas atingiram em grande quantidade a orla marítima das praias da Sereia e Quinfuquena, no Soyo, mas não podemos assegurar exactamente qual a sua origem, só sabemos que elas vêm do mar. A informação chegou-nos ontem à noite e logo pela manhã nos deslocámos ao terreno. Constatámos a existência de uma enorme quantidade de manchas ao longo das referidas praias, mas a equipa de combate aos derrames da Sonangol Pesquisa e Produção já está informada”, acrescentou.
A reportagem do Jornal de Angola no Soyo continua a encetar esforços junto da Sonangol Pesquisa e Produção, no sentido de obter mais esclarecimentos relacionados com o derrame, uma vez ser a subsidiária da Sonangol E.P.
Fonte: Jornal de Angola
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