Em matéria sobre o polêmico relatório da ONG Global Witness, que acusa o Fundo Mundial para a Natureza (WWF)) de se associar a empresas desmatadoras, assunto que foi tratado na última edição deste Alerta (4/08/2011), o jornal O Estado de São Paulo de 7 de agosto revelou uma série de informações interessantes sobre a ocorrência de casos similares no Brasil. Segundo a reportagem, ONGs ambientalistas que atuam no País têm se associado com empresas do setor petrolífero e de outras áreas tradicionalmente vistas como “inimigas” pelo ambientalistas, em um sinal de “flexibilização” dos seus critérios de atuação, devido à redução dos repasses de verbas de suas matrizes. Nada disso é novidade para os nossos leitores, mas é sempre interessante que a chamada grande mídia destaque o assunto.
A cara-de-pau da Fundação Amazonas Sustentável
Um dos casos citados pelo “Estadão” é a recém-firmada parceria entre a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e a HTR, empresa do setor de petróleo e gás que atua na Amazônia, que prevê um total de R$ 4 milhões em aportes para programas de preservação e educação ambiental, no biênio 2011-2012. Além disto, quando começar a explorar o petróleo na Bacia do Solimões, a HRT vai doar R$ 1 de cada barril de petróleo vendido para projetos da FAS. O superintendente-geral da FAS, Virgílio Sampaio, declarou que é necessário adotar uma postura mais “pragmática”, e qualificou qualquer recusa de financiamento de empresas do ramo do petróleo como “hipócrita”, em vista do fato de que “dependemos de carros e usamos plásticos”.
O Instituto BioAtlântica e Eike Batista
Outro exemplo citado é a parceria firmada entre o grupo EBX, do empresário Eike Batista, com o Instituto BioAtlântica (Ibio) e a empresa Brasil Florestas. O acordo prevê investimentos de R$ 2,3 milhões no Corredor Ecológico do Muriqui, com 400 mil hectares. O corredor fica próximo ao complexo industrial do Porto do Açu, situado no Norte Fluminense, que está sendo desenvolvido pelo grupo de Batista.
Cara-de-pau também do WWF
Nesse quadro, não poderia faltar o indefectível WWF-Brasil, cujo superintendente de Conservação, Carlos Scaramuzza, proporcionou aos leitores do jornal uma manifestação didática do “pragmatismo” dos defensores da natureza. Segundo ele, um comitê da ONG avalia os riscos das parcerias com as empresas e, nos casos que envolvem “muito dinheiro”, estas são solicitadas a apresentar uma análise sobre os seus passivos ambientais. O objetivo, diz ele, é tornar mais sustentável a maneira como se produz no País: «Atuar com as corporações é uma forma de atingir também fornecedores e consumidores. Mas há a necessidade dae avaliação cuidadosa. Posso iniciar uma conversa no marketing, mas se não passar de lá não me interessa. Quero conversar com a área de produção, com a diretoria.»
Ademais, Scaramuzza afirma que o WWF-Brasil não faz parcerias com empresas do setor de mineração e com grandes empreiteiras. Em vez delas, prefere instituições como o HSBC Seguros, Fundação Banco do Brasil e Ambev. Uma visita ao sítio da ONG mostra que, além destas, outros parceiros corporativos são o Itaú/BBA, Unilever, Walmart Brasil, Intercontinentals Hotels Group (IHG) e Boehringer Ingelheim.
Como se percebe, é bastante lucrativa para ambas as partes, a parceria entre ambientalistas em busca de recursos e empresas interessadas em apresentar uma imagem “verde”. Vantagens para todos – menos para o País, que fica à mercê de campanhas orientadas contra o seu pleno desenvolvimento.
Fonte: retirado do Blog do Ambientalismo
Créditos ➞ este post é matéria apresentada no boletim «Alerta Científico e Ambiental»,
Imagem ➞ http://mercadoetico.terra.com.br
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