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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Argentina decide reestatizar empresa de petróleo


A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta segunda-feira que seu governo pretende aumentar para 51% o capital público da petrolífera argentina, tornando a YPF uma empresa de capital predominantemente público e assumindo o controle gestionário da empresa.

Um projeto de lei, já enviado ao Congresso Nacional, estabelece que o Estado passa a controlar a empresa - que havia sido privatizada nos anos 1990, com o controle passado para a empresa espanhola Repsol.

Ao comentar o projeto enviado ao Legislativo, a presidente destacou que tem mais de 50 páginas de "argumentos claros e precisos" que avaliam a decisão de voltar a tomar o controle do estado sobre a entidade, para recuperar o domínio dos recursos que não são apenas estratégicos, mas também vitais.

Cristina pormenorizou além disso detalhes sobre a situação da empresa, 17 anos depois da Repsol ter adquirido a YPF por US$ 13,158 bilhões, a maioria das ações.

A presidente sublinhou que, entre 2001 e 2011 as reservas se reduziram em 50%, enquanto a baixa produção obrigou a Argentina, pela primeira vez em pouco menos de duas décadas, a se converter em país importador de petróleo e gás.

"Depois de dezessete anos, pela primeira vez em 2010, tivemos que importar gás e petróleo. Também tivemos redução no saldo comercial (devido à queda nas exportações do setor), que entre 2006 e 2011 foi de 150%", afirmou.
Cristina anunciou a assinatura de um decreto intervindo na companhia, que passará a ser administrada por autoridades locais, antes mesmo da aprovação do texto pelos parlamentares argentinos.

Com a aprovação do projeto pelo parlamento, o Tribunal de Transações do país determinará o valor da compensação pela transferência das ações de mãos privadas ao controle estatal. Paralelamente ao projeto de lei, Cristina assinou uma medida provisória – chamada de Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) na Argentina –, na qual anuncia a intervenção provisória da YPF S.A. por um prazo de 30 dias.

Petrobras

Cristina afirmou que a decisão argentina não é um "fato inédito", já que outros governos, como México e Bolívia, possuem 100% das empresas petrolíferas estatais. Ela citou o Brasil como um modelo.

"No Brasil, o estado tem 51% (das ações) por meio da Petrobras. Nós escolhemos o mesmo caminho. Queremos ter uma relação igualitária com nosso sócio (Brasil), para ajudar a América Latina a se transformar também em região de auto-abastecimento. E, por isso, queremos incluir Venezuela no Mercosul para fechar o anel energético", disse.

O restante das ações da empresa que hoje tem a participação majoritária da Repsol – mais de 40% – corresponderá às províncias e um percentual reduzido aos espanhóis (especula-se que em torno de 6%). A presidente disse que a medida não afeta "outros sócios ou acionistas" da YPF.

A presidente afirmou também que seu governo quer trabalhar junto com o empresariado e que não vai tolerar a falta de cooperação com seu país.

Reação nervosa

A decisão argentina deixou o governo espanhol irado. Dirigido pelo Partido Popular, de direita, o governo emitiu pareceres e considerações ameaçando a Argentina, chamando a decisão de "gesto de hostilidade" e que o país tomaria medidas "claras e contundentes".

O ministro da Indústria do país europeu, José Manuel Soria, foi o incumbido de comunicar as ameças contra a nação portenha. Em coletiva de imprensa, disse que o executivo trabalha para a adoção de medidas "claras e contundentes", que serão reveladas nos próximos dias, sem especificar no entanto nenhuma delas.

Soria disse que a medida do governo argentino é um "gesto de hostilidade contra a Espanha e contra o governo do país". Tanto Soria como o ministro de Relações Externas, José Manuel García-Margallo, dedicaram um rosário de desqualificações à expropriação. O chanceler espanhol chegou até a convocar o embaixador argentino, Carlos Bettini, para declarar a ele que a medida era "arbitrária" e "daninha", que suporia a ruptura das relações "de amizade e cordialidade" entre as duas nações.

No entanto, Soria disse acreditar que o tal "gesto hostil" não seja o princípio de uma "situação grave", já que na Argentina operam outras importantes empresas de capital espanhol, do setor financeiro – BBVA e Santander – de telecomunicações – Telefónica – e outros setores.



Fonte: Vermelho

Imagem: Google

4 comentários:

voz a 0 db disse...

Isto apenas revela as velhas tácticas da Máfia das 8 Famílias e seus Lacaios, neste caso o FMI e BM, como foram corridos da Argentina, iniciaram através das Corporações por elas (8F) controladas o devido contra-ataque que se traduziu numa paulatina dependência dos hereges (Argentinos) do exterior... Chegamos a 2012 e os Argentinos, e muito bem, estão a mandar os espanhóis ir comer merda e espero que façam o mesmo aos bois dos ingleses!

Abraço

Octopus disse...

Burgos vou transcrever o que escrevi no blogue da Fada do Bosque e que acredito sinceramente:

Deposito muita esperança nas reformas em curso na América do Sul e na mudança de paradigma que que se está a efectuar.

Este continente tem uma longa história de domínio e subserviência ao Estados Unidos, mas agora está a caminhar para uma nova forma de democracia participativa.

São exemplo disso o Uruguai. O facto de contribuir modestamente como redactor num dos seus semanários alternativos tem-me despertado para uma forma de verdadeira democracia popular que está em curso e que funciona.

O nosso modelo "ocidental" de "democracia" em que os carneirinhos julgam participar colocando o seu boletim de voto de 4 em 4 anos, julgando mudar alguma coisa, quando os media já se encarregaram de fazer por nós a escolha, está ultrapassado, mais do mesmo. A nossa escolha ocidental é sempre entre 2 grandes partidos que se alternam no poder e que têm carta branca para fazer o que querem após as eleições.

Acredito que um dia os problemas sociais e políticos irão ser resolvidos a nível local e que a pirâmide do poder irá se inverter.

Estamos no fase fundamental de possível mudança de opiniões, muito à custa da internet que, por enquanto, ainda é livre e permite uma abertura de espírito nunca antes alcançada. No fundo acredito profundamente no ser humano livre de escolher o seu destino.

Um abraço amigo

BURGOS disse...

Voz

Eu também estou a torcer pela Argentina, mas acho que a Espanha não vai deixar por menos, a Inglaterra já anda furiosa.
A Cristina está se arriscando pelo País, espero que ela continue com essa coragem.

Um abraço meu amigo

BURGOS disse...

Octopus

Concordo totalmente contigo, acho que aos poucos as pessoas vão acordando dessa letargia de séculos, estamos vendo os EUA desesperados mas continuam usando a máscara da arrogância, a Inglaterra surpreendida com a volta do assunto das Malvinas, o Rei da Espanha matando elefantes o que fez o mundo todo se revoltar contra isso, a Espanha com sua matança de touros também ficará em baixa aos olhos do mundo.
Os tempos estão mudando sem dúvida nenhuma, mas infelizmente acho que muita maldade ainda vão fazer, muita mentira ainda vão contar até que todos acordem.

Um grande abraço meu amigo

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