Sob um pretexto, tropas da Otan permaneceram durante vários dias em
território do norte da Noruega e Suécia, para efetuar seus jogos de
guerra, denominados Exercise Cold Response 2012 (Exercício Resposta
Fria). Nessas manobras, levadas a cabo em meados de março, intervieram
mais de 16 mil militares, navios de guerra e a aviação dos Estados
Unidos, Reino Unido, Canadá, França e dos Países Baixos, entre outras
nações, até chegar a 14 integrantes da Aliança Atlântica.
Por Pablo Osoria Ramírez*
Segundo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o
objetivo dos ensaios militares era o treinamento das ações em condições
de conflito e de possíveis atos terroristas.
Terroristas no ártico?
Analistas duvidam sobre as verdadeiras motivações, já que no Ártico não
existe nenhuma das duas preconcepções justificadas pela entidade
militares.
Para o especialista russo em temas de segurança Igor Korotchenko, esta
atividade militar deve ser considerada, exclusivamente, através do
prisma do reforço da presença militar da Otan no Ártico.
Por sua vez, sustenta que está condicionada à futura repartição das riquezas naturais da região.
O especialista afirmou que a Organização busca "exibir seus músculos",
junto ao afã de consolidar seus esforços geopolíticos e diplomáticos com
o apoio no poderio bélico.
Por sua vez, Vladimir Evseiev, especialista de relações internacionais
da Academia de Ciências da Rússia, adverte que "as operações se levam a
cabo no território da Noruega e da Suécia, ou seja, a dois passos das
fronteiras daquele estado euroasiático", agregou.
Esses exercícios, comenta o observador, poderiam fazer-se em território
do Canadá, mas, pelo lugar eleito, para muitos poderiam ser
considerados como uma provocação, refletiu.
Postura da Rússia
Em tal sentido, Korotchenko afirma que Moscou segue atenciosamente as
sequências da atividade militar da aliança atlântica no Círculo Polar.
Recordou que, na atualidade, estão sendo criadas duas novas brigadas
árticas na Rússia, as quais estarão dispostas a atuar com mobilidade na
região, principalmente onde o requeiram os interesses do país,
acrescentou.
A proposta do estado euroasiático radica em resolver por meios pacíficos
os possíveis litígios territoriais, mediante um diálogo apoiado na
diplomacia e não na força bélica.
O Kremlin opõe-se à militarização do Ártico e propõe converter a área em
uma das plataformas chaves da cooperação econômica e científica dos
países pré-árticos: Rússia, Canadá, Estados Unidos, Noruega e Dinamarca.
No entanto, as autoridades russas não renunciam à renovação planificada
de seu potencial defensivo em diversas regiões, incluídos os mares
nórdicos.
O tesouro do Ártico
De acordo com meios de imprensa europeus, no Ártico não há terroristas, mas enormes reservas de gás, petróleo, ouro e diamantes.
Também possui um grande potencial para desenvolver rotas marítimas e aéreas.
Os cientistas prognosticam que o aquecimento global e o
conseguinte derretimento dos gelos colocariam a descoberto o tesouro do
Oceano Glacial do Norte.
Segundo uma análise do canal radiofônico
A voz da Rússia, essa
perspectiva suscita já disputas entre os Estados que aspiram à
plataforma continental do Ártico, inclusive entre nações membros da
Otan.
O mais recente jogo de guerra da Aliança esteve encabeçado pelo
porta-aviões britânico HMS Illustrious, base de oito helicópteros de
combate e de uma tripulação de quase mil pessoas, incluídos os soldados
das Forças Navais.
As manobras decorreram no meio de fortes ventos que baixavam a
temperatura a menos 40 graus centígrados, condições que, segundo a
própria Otan, chegaram a situar as operações em ponto morto em algumas
oportunidades.
*Pablo Osoria Ramírez é Chefe da Redação Europa da Prensa Latina
Fonte: IraNews
Imagem: Google
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