Contrariando mais uma vez a campanha difamatória contra a Síria liderada pelos Estados Unidos e Israel, o governo do presidente Bashar Assad colocou em vigor na quinta-feira (12) o acordo de cessar fogo proposto pelo enviado especial da ONU, Kofi Annan.
Por Mariana Viel, da redação do Vermelho
Ao mesmo tempo em que o governo sírio mostra disposição em encontrar uma saída pacífica para os conflitos — interrompendo suas atividades militares e retirando as tropas do Exército das ruas —, mercenários armados continuam fazendo uso da violência para instalar o pânico no país. Através da fronteira do país com a Turquia, os rebeldes sírios recebem diariamente armas americanas e israelenses.
Em entrevista ao Portal Vermelho, o cônsul-geral da Síria em São Paulo, Ghassan Obeid, afirmou que o governo espera que a oposição — que não é unificada — também obedeça ao acordo de paz.
"Infelizmente eles não aceitaram o cessar-fogo. A oposição é financiada por alguns grupos de outros países que incentivam que eles continuem a luta armada. Esses grupos dizem 'Vocês estão bem armados e podem estar em melhores condições se não baixarem suas armas e não chegarem a um ponto de diálogo'.", explica o representante sírio no Brasil.
Segundo Obeid o problema na Síria não é a democracia e nem os direitos humanos, mas sim a corrupção de grupos armados e financiados pela Turquia, Arábia Saudita, Qatar e EUA. “A situação na Síria não pode ser associada a outras situações no mundo árabe. O que acontece lá não é a primavera árabe, como alguns dizem”.
"Se a Síria parar de usar a força do Exército, os grupos armados devem também parar de usar a violência contra o governo e o povo. Aqueles que apoiam os grupos armados devem fechar a torneira de dinheiro e de armas para deixar a paz torna-se realidade", enfatiza.
Ele denuncia que a estratégia desses grupos é causar pânico e colocar a população em confronto. Parte da tática dos mercenários é incitar o conflito entre diferentes grupos no país. O cônsul cita como exemplo o assassinato de mulçumanos para colocá-los em atrito direto com cristãos e vice-versa. "Eles matam mulheres e crianças e filmam essas barbaridades para colocar na televisão e jogar a culpa no governo. Quando não chegam a realizar o crime, o falsificam com photoshop e divulgam as imagens afirmando que aquilo aconteceu em Homs ou Damasco".
A situação é ainda agravada pelo bloqueio comercial imposto pela Europa, essencialmente França e Inglaterra. "Cortaram todas as formas de financiamento e de transferência bancária para não deixar o país importar e exportar produtos e mercadorias, deixando o povo em uma miséria sem precedente".
Eleições
Obeid reforça que outra demonstração do governo de Bashar Assad em traçar um caminho de paz para o país é a convocação das eleições parlamentares para o dia 7 de maio.
As eleições sírias se dão no marco da nova Constituição referendada recentemente e elegerão 250 deputados — dos quais mais da metade devem ser trabalhadores.
"Eles rejeitam o diálogo e não querem participar das eleições. Será a primeira eleição baseada sobre a nova lei de multipartidarismo e sobre a nova lei de eleições livres na Síria. São leis muito avançadas — cópias de leis modernas utilizadas em países europeus e da América Latina".
A antiga Constituição síria dizia que o partido que governava o país tinha supremacia sobre todos os demais. Segundo a nova Constituição todos os partidos políticos são iguais e não existe supremacia.
“Antigamente a Síria tinha nove partidos políticos — o partido Baath, no poder, e oito integrantes da Frente Nacional. Atualmente temos 15 partidos políticos”. O cônsul explica que outros cinco aguardam aprovação de seus estatutos para serem legalizados. “No total teremos 20 partidos políticos que vão disputar as eleições de maio”.
Campanha midiática
Em defesa dos interesses imperialistas na Síria, uma grande parcela da mídia colabora com a campanha de desestabilização do governo. A maioria das falsas notícias é difundida pelas redes Al Jazeera e Al Arabya — do Qatar e da Arábia Saudita. “Para ser franco não fico feliz, mas não quero prejulgar toda a mídia. Nosso problema na Síria de verdade é a difamação e as falsas informações divulgadas”.
Ele cita que os EUA pagaram mais de US$ 6 milhões para criar um canal de televisão, baseado em Londres, e que divulga informações falsas sobre a realidade na Síria. "Quando um jornalista perguntou para a secretária de Estado Hillary Clinton por que eles fizeram isso, ela respondeu que era uma ajuda para o povo sírio. Mas não é uma ajuda para o povo sírio financiar um canal de televisão para divulgar falsas informações e fazer o povo se matar".
No Brasil, Obeid conta que em diversas situações chamou a atenção de veículos de comunicação de alcance nacional como a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo sobre o conteúdo de suas publicações. “Na terça-feira (10) dei o visto para um jornalista do Estado de S. Paulo que queria ir para a Síria fazer entrevistas. Chamei também o canal Bandeirantes para enviar uma equipe para percorrer o país com toda liberdade fazer entrevistas e encontros, e mostrar ao povo amigo e fraterno brasileiro o que acontece realmente na Síria.
“Aceitamos o acordo e a chegada de 300 observadores internacionais. A Síria abriu a porta para 30 canais de televisão internacionais e mais de 180 jornalistas”.
Brasil
Ainda durante a entrevista, o cônsul reafirmou os laços fraternos entre o governo brasileiro, a Síria e todo o povo árabe. Ele ressalta que o país precisa ocupar uma cadeira permanente no Conselho e Segurança da ONU.
"Quando o Brasil intervém em algum assunto ajuda a encontrar consenso. O Brasil disse que apoia as reformas planejadas pelo presidente Bashar Assad e defende os direitos humanos sem aceitar qualquer violência e massacre. Ele sabe diferenciar que há grupos armados fora da lei que atuam na Síria".
Segundo ele, o governo brasileiro ajuda a manter a lei internacional e a preservar a soberania no país para não deixar que a Otan — liderada pelos EUA e outras potências imperialistas — façam com a Síria o mesmo que aconteceu na Líbia. Obeid cita ainda como aliados Rússia, China, Índia, África do Sul e Líbano.
"Querem trocar o governo para que a Síria seja governada por um grupo dominado pelos Estados Unidos e pela Europa. Se os Estados Unidos e a Europa tivessem muita preocupação com os direitos humanos do povo sírio chorariam pelo povo que está há mais de 60 anos sobre o domínio de Israel nas Colinas Golan. Por que não deixam liberar o território palestino que vive sob a matança de Israel? Se estão assim preocupados com os direitos humanos devem primeiro começar aplicando as resoluções das Nações Unidas".
Fonte: Vermelho
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