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segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Pra frente"... Brasil


Reflexões da Maria

Leitora e amiga deste blog e testemunha ocular da história

Dá para imaginar como uma sociedade se torna homicida e hipócrita, em muitos segmentos do seu conjunto, tanto ricos como pobres.Imaginemos uma sociedade onde a máxima foi e continua sendo:"manda quem pode, obedece quem tem juízo"!
Vamos fazer um esforço de imaginação e voltar meio século atrás, mais ou menos.

Era uma vez um país grande a 50 anos atrás. Grande em tamanho, que nem sabia direito onde ia dar as terras a oeste. Grande em miséria, gente no campo escravizada, gente na cidade que cantava: " se ucê qué toma banho i a água tá fartando...Vai levandu, vai levandu, vai levanduuu".

Gente, eram então 80 milhões, que só ficavam em "ação conjunta" para glorificar seu único grande feito: sabiam jogar futebol muito melhor do que quem tinha inventado o tal jogo de bola. Gente, que para ficar no modo "ação disjunta", era só o patrão gritar: " te dou um chute na bunda, malandro, sem vergonha, se tu não falar quem é que está fazendo corpo mole no serviço, e encho essa tua boca arreganhada e desdentada de formiga!", para depois descansar tranquilo, contando os lucros, para virar gente de bem nos "estates" da América do Norte. Imaginaram o quadro? Beleza.

Então, apareceu um cara lá do sul do país que distribuiu terra para os pobres plantarem para comerem. Ele se chamava Leonel Brizola, e as terras se chamava Fazenda Sarandi. Fazenda só no nome, porque era terra que não se acabava mais, latifúndio como se chama, e ninguém entende, porque é difícil entender um tamanho de terra que começa aqui, e só vai terminar se eu sair daqui de avião e ficar voando duas horas em linha reta, num desses aviãozinhos que cabem 8 pessoas e a gente fica olhando o campo lá de cima, e uma cabeça de gado é um fósforo lá embaixo. Pois o tal Brizola, que era governador, comprou as terras dos donos, financiou ferramentas e sementes, colocou casa e escola nestes fins de mundo, e acabou contaminando com essas ideias de reforma agrária um fazendeiro, cara bom, mas frouxo que só vendo, um tal de João Goulart, que tinha sido ministro do trabalho do único presidente da república que se dissesse benza a Deus, que o tal país tinha tido nos seus cento e poucos anos de uma república, que interessava aos manda chuva locais.

Acontece que o João Goulart, a trancos e barrancos, e empurrado pelo amigo Brizola, virou presidente do tal país grande, que começou a sonhar em ser um grande país. Mas os ricos da associação do comércio e da indústria mais os da imprensa e afins já tinham um grande país, que era os "estates" da América do Norte. Na cabeça deles, o país deles era lá, aqui eles só faziam dinheiro.

O tal país era muito católico...quer dizer, resolvia seus problemas no terreiro, com pai Orixá, mas para todos os efeitos, católico, se perguntassem, porque candomblé é coisa de negro, e a gente do tal país é preta, mas jura que é branca porque negro lembra escravo, já que faz um tempão tinham vindo para cá 8 milhões de africanos escravizados trazidos por manda chuvas portugueses, ingleses, holandeses, e outros eses brancos, muitos dos quais tinham gostado do lugar e ficado para mandar na negrada, e matar os nativos da terra que ainda se escondiam pelas florestas, apavorados com a civilização branca, ocidental cristã dos primeiros esses que tinham chegado.

No país de João Goulart tinha milico, como em toda república,mesmo das bananas, e milico adora ser chefe, estava só esperando a sua ocasião. E como todo mundo com vocação para chefe, e muito obediente também, os militares do tal país, na sua maioria, sonhavam com a oportunidade de lamber as botas dos superiores de Weast Point, lá nos "estates" da América do Norte.

E, como era muito católico, o tal país tinha padreco para todo lado, a maioria lambendo a batina do papa, mas uns que eram chamados de comunistas, tinham inventado uma tal de teologia da libertação, que como o nome indica, era uma conversa mole para eles serem ativistas e conduzirem os trabalhadores rurais e urbanos rumo aos seus sonhos de emancipação.

E, no país de João Goulart tinha intelectuais. Onde é que não tem? E parlamentares, também. Onde é que não tem? Tinha juízes e promotores, todos camaleões. Um belo dia eram nacionalistas e desenvolvimentistas. No dia 2 de abril de 1964 amanheceram imperialistas, pró "estates", e tu podias procurar estes tipos de vela acesa, que não encontravas um que fosse nacionalista-
desenvolvimentista. Sobraram os estudantes, os operários e os camponeses para levar porrada dos milicos.



No dia 1 de abril de 1964,(dia dos bobos), a gente do tal país aprendeu instantaneamente que: boca calada não entra mosca, e como boca com mosca é boca de defunto fresco, baixou um silencio que gritou por mais de 20 anos, vítima da traição das chamadas elites do tal país.



Foi aí que aquela gente pobre e simples, que ousara sonhar, começou a aprender a se virar sozinho. E se virar sozinho implica em se defender da violência da traição, da mentira, e até de um bunda mole presidente, que na hora do bota para quebrar, sai correndo, e vai se esconder debaixo das bombachas daquele tal de Brizola, que por um bom tempo acreditou que aquele povo sofrido merecia terra, escola e boa vontade.



Mas o povo aprendeu a lição. Aprendeu a saber que está sozinho, que não é só rico que mata e arrebenta para ficar mais rico. Aprendeu, da pior maneira possível, a ser traiçoeiro, rancoroso, a tentar tirar vantagem de tudo e de todos, a mentir, roubar, disfarçar, a matar, torturar, caluniar...virar-se para sobreviver.



Já os ricos do tal país para se tornarem ricos a muito sabiam ser hipócritas e homicidas, como a maioria dos ricos bem ricos.

O que aconteceu com os padres bonzinhos? Foram mortos.

Com os estudantes? Foram torturados, mortos e dizimados.

Com os políticos? Ah...tem cada história, gente, que é melhor nem contar. Só para dar um gostinho, muitos viraram políticos de hoje.

Para finalizar: os padres, os empresários, os latifundiários, os intelectuais? Estes continuam bem, obrigado, fazendo exatamente o mesmo que sempre fizeram, com os companheiros de sempre: as corporações dos "estates" da América do Norte.







Imagem: Google (colocada por este blog)
Vídeos: Youtube (colocados por este blog)

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