É óbvio que... Antoine De Saint Exupery estava certo quando disse:
"A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca."
Direto da Palestina com Sandra Guimarães
do site Óbvio & Atual
Entrevista em 31/01/2011
O que motiva uma pessoa à abrir mão de sua faculdade de Linguistica em Paris e se dedicar ao trabalho voluntario na Palestina, região situada no Oriente Médio, numa tensa zona de conflito, a não menos de 8473 mil quilometros de distancia do Brasil, alvo de inúmeros ataques terroristas e com suas fronteiras controladas por Israel.?
Com uma população de aproximadamente 4 milhões de pessoas, não é díficil de imaginar que a Palestina sofre com sérios problemas sociais, econômicos e políticos.
Acredite ou não. Esse lugar conquistou Sandra Guimarães, que atualmente luta para melhorar a qualidade de vida das pessoas que involuntariamente são vitimas desses conflito.
A entrevista que você vai ler a seguir é um exemplo puro de solidariedade. Conheça agora a Sandra Guimarães, uma brasileira nascida em Natal (RN) que vive no exterior desde 2002 e teve sua vida completamente transformada.
@obvioeatual: Diga-nos cinco coisas que precisamos saber sobre você.
Sandra Guimarães: Tento deixar meus princípios e valores morais guiarem as escolhas que faço, dia após dia. Por isso (1) sou vegana, (2) não bebo álcool, (3) uso meu tempo e minha energia para tentar transformar o mundo em um lugar mais justo, (4) escolhi um trabalho que me desse a oportunidade de ajudar as pessoas e os animais, além de preservar o meio ambiente, e (5) me esforço para “ser a mudança que desejo ver no mundo”, como Gandhi nos aconselhou.
@obvioeatual : De estudante de linguistica em Paris, para ativista na Palestina. Quando, como e por que você decidiu seguir esse caminho?
Sandra Guimarães: Me formei em julho de 2007. Eu adorava, e ainda adoro, linguística, mas a idéia de ser professora nunca me encantou. Acabei abandonando o mestrado dois meses depois de ter começado para seguir minha verdadeira vocação: culinária vegana. Foi nesse momento que a Palestina entrou na minha vida. Cresci ouvindo falar no assunto mas nunca entendi exatamente o que acontecia nessa parte do mundo. Um dia comprei uma revista de antropologia dedicada à Palestina e tudo, desde a origem do conflito até a vida na Palestina nos dias de hoje, estava explicado de maneira clara, com muitas fotos e mapas. Quando terminei de ler a reportagem entrei em um estado de choque que durou meses. Em dezembro de 2007 decidi visitar a Palestina. Passei três semanas passeando e fazendo trabalhos voluntários. As coisas que vi aqui me marcaram tanto que percebi que seria impossível voltar para casa e continuar com a minha vida de antes. Foi então tomei a decisão mais inusitada da minha vida : me mudei para a Palestina e comecei a trabalhar como voluntária nos campos de refugiados.
@obvioeatual : Que tipo de atividade você realiza na Palestina?
Sandra Guimarães: Organizo oficinas sobre higiene buco dental para crianças nos campos de refugiados de Belém e, quando posso, levo-as ao dentista¹. Dou palestras nos centros culturais dos campos sobre saúde e nutrição, com foco na prevenção (e tratamento) do diabetes, hipertensão e obesidade. Coordeno um projeto que ajuda mães de crianças deficientes a ter uma fonte de renda e melhorar as condições de vida dessas crianças, também nos campos de refugiados². Quando vou ao Brasil procuro informar as pessoas sobre a verdadeira face da ocupação israelense na Palestina através de palestras e debates. Paralelo a isso tudo, dou aulas de culinária vegetal, ensino Francês e mantenho um blog de cozinha vegana.
@obvioeatual : Sobre o seu trabalho na Palestina, quais são os seus objetivos?
Sandra Guimarães: Eu vim morar na Palestina por dois motivos. Primeiro para mostrar solidariedade a esse povo tão sofrido. Segundo para testemunhar a realidade nesse país e contar ao maior número possível de pessoas o que está acontecendo aqui. Sei que sozinha não posso acabar com as injustiças das quais o povo palestino é vítima há mais de 60 anos, mas estou fazendo o que posso para ajudá-los. É aquela velha história do beija-flor tentando apagar sozinho o fogo na floresta: estou fazendo a minha parte. Não acabei com a ocupação, mas acredito que meu trabalho nos campos melhorou a vida de muita gente e graças às palestras que dei no Brasil várias pessoas ficaram sabendo da verdade sobre o conflito. Sei que minha contribuição é modesta, mas fazer pouco é melhor que não fazer nada.
@obvioeatual : Quais são suas maiores dificuldades?
Sandra Guimarães: A primeira coisa que me vem à mente quando penso nas dificuldades é conseguir visto para ficar aqui. Israel controla a entrada e saída de todas as pessoas (palestinos ou estrangeiros) na Palestina e viver e trabalhar aqui às vezes é uma missão impossível. A segunda maior dificuldade é a falta de apoio financeiro. Faz três anos que trabalho como voluntária e boa parte dos projetos que fiz nos campos foram financiados com meu próprio dinheiro e doações da alguns amigos próximos. Hoje sou obrigada a trabalhar menos nos campos e mais fora deles (dando aulas de culinária e francês) para poder pagar as contas. Mas talvez o pior de tudo seja esse sentimento de impotência e frustação que me acompanha permanentemente. É doloroso ver injustiças diariamente, como roubo de terras, destruição de casas, prisão de inocentes (às vezes crianças), assassinatos à sangue frio sem que nunca os assassinos sejam punidos, e não poder fazer nada. Pior ainda: ler um jornal no Brasil (ou na Europa) e descobrir que, por causa do poderoso lobby sionista, essas vítimas são descritas como os culpados da história. Isso é o mais difícil para mim.
Essa foto foi tirada por Anne Paq (annepaq.com) , durante uma outra manifestação pacifica. Os soldados israelenses lançaram tantas bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes e esse senhor palestino quase morre sufocado. Cheirar álcool ajuda um pouco a respirar no meio de uma nuvem de gás e como a ambulância demorou para chegar aonde estávamos (os soldados israelenses estavam atirando nas pessoas), tive que prestar os primeiros socorros a esse pobre idoso, no campo, atrás de um muro de pedras. |
Outra foto feita por Anne Paq (annepaq.com) durante uma manifestação pacífica contra a ocupação militar, na cidade palestina de Bil'in. (Você me achou na foto? Estou de óculos escuros.) As manifestações, ou todo tipo de protesto, aqui são violentamente reprimidas pelo exército israelense. Palestinos e estrangeiros caminham em cidades palestinas, armados somente de coragem, para protestar contra o roubo de suas terras pelo governo israelense. Os manifestantes são recebidos com granadas de som, bombas de gás lacrimogêneo e tiros. Centenas de pessoas foram feridas e muitas perderam a vida nessas passeatas, sem contar todos os palestinos presos por terem cometido o crime de protestar contra as injustiças das quais são vítimas. As pessoas estão cobrindo a boca e nariz para se proteger do gás lacrimogeneo, que é tão forte que pode matar (sufocamento). |
Para saber mais sobre Sandra Guimarães e sobre a Palestina, confira alguns artigos que ela já publicou na web ou então mande um email para a Sandra (noticiasdapalestina@gmail.com) para receber newsletters com informações de lá.
Fonte: Óbvio & Atual
4 comentários:
Olá Cão Lindo...
Eu acrescento "de material e imaterial"
Isto lá... Só lá vai com a extinção de uma raça!
Bjhs e Festinhas!
Burgos, estas são aquelas pessoas a quem o poeta chamou de imprescindíveis.
Bens materiais são brinquedos da mente, a egoísta.
A alma se alimenta de amor.
Amor incondicional.
Bastaria o essencial para o conforto saudável do corpo e o virtuoso silencio fundamental para ouvirmos as inspirações que o universo em sua infinita abundância nos oferta.
Mas, Israel certamente não é um lugar de humanos. Por estas e tantas outras é que acredito em reptilianidade tal qual explicou David Icke.
Sinto muito, sou grato.
Voz
É verdade meu amigo, só extinguindo a raça "escolhida por Deus" para acabar com o sofrimento do povo Palestino.
Beijos e festinhas pra ti também, hehehehe
Aldo
"Israel certamente não é um lugar de humanos"
Concordo totalmente contigo!
Um grande abraço meu amigo
Postar um comentário